Em todo o Brasil, bancários saíram às ruas para protestar contra a proposta de conferir independência ao Banco Central, defendida por alguns candidatos nessas eleições. Ao longo desta quinta-feira (2/10), a categoria ocupou espaços públicos em torno das sedes do Banco Central em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belém.
Foto: CTB
Presidente nacional da CTB, Adilson Araújo: "Nãopodemos deixar que os banqueiros ditem o ritmo
da economia, que eles ajustem os juros e a inflação exclusivamente pelos próprios interesses."
As manifestações foram organizadas pelas centrais sindicais e contaram com o apoio de movimentos sociais (como o MST, presente em grande peso na sede de São Paulo) e partidos políticos da esquerda, como PT e PSTU. O protesto é parte de uma mobilização nacional dos bancários que estão em greve desde o dia 30 de setembro.
O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, foi um dos sindicalistas a discursar na manifestação de São Paulo. “Não podemos deixar que os banqueiros ditem o ritmo da economia, que eles ajustem os juros e a inflação exclusivamente pelos próprios interesses. Nossa união é essencial para não darmos passos para trás”, conclamou.
Alex Livramento, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, explica mais a fundo a questão: “Fica claro para nós que somos do movimento sindical que é muito importante a independência do Banco Central em relação aos banqueiros, e não em relação ao governo. A questão principal é que o Banco Central é quem dita as políticas que indicam os rumos da economia do país, e ele tem que estar ligado ao conjunto de medidas do governo federal. Do contrário, ele estaria exclusivamente a serviço dos banqueiros”.
O ato de São Paulo reuniu cerca de mil pessoas, entre integrantes da CTB, CUT, Conlutas e Intersindical. Iniciado às 16 horas, ele paralisou duas faixas da Av. Paulista.
Vozes de Salvador
O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, já havia se manifestado mais cedo quanto à greve nacional dos bancários: “Nossa luta não é apenas por salários, mas por dignidade no trabalho, contra o assédio moral, por mais investimentos em segurança, por menos juros, mais contratações e um atendimento de qualidade para a população”. Para ele, a luta contra a autonomia do Banco Central é central para essa discussão.
O evento de lá contou com a participação do Sindicato dos Metalúrgicos, do Sintracom, Sindbebi, Unegro, UNE e UJS, além de bancários dos bancos públicos e privados. Para o presidente da CTB Bahia, Aurino Pedreira, é preciso esclarecer a população sobre o que está em jogo quando se fala em dar autonomia ao Banco Central e de como isso influencia diretamente na vida de todo mundo. “Este não é um debate novo, mas que voltou com força total agora, em uma tentativa da grande mídia de legitimar a criação de um quarto Poder no Brasil, além do Executivo, Legislativo e Judiciário, que decidirá, por exemplo, se os bancos públicos devem investir no desenvolvimento do país ou para atender os interesses do mercado financeiro. Este também será o poder que vai regular a atuação dos bancos privados e por isso mesmo precisa continuar nas mãos daqueles que são eleitos pelo povo e não os escolhidos pelo mercado”.
Fonte: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)