Pode parecer cabotinismo de minha parte e talvez o seja, mas não posso deixar de citar o professor da PUC do Rio de Janeiro, Cesar Romero Jacob, especialista em análises eleitorais que confirma -agora com o endosso acadêmico- uma análise que eu havia feito no último texto publicado.
Depois de comparar as correlações de voto de Dilma e Aécio com o IDH (baixo ou alto) e a Bolsa Família (sim ou não), eu escrevi:
“Continuo achando que a esfinge a ser decifrada é paulista, ganha de 2,5 a 5 salários mínimos, mora em grandes cidades e tem idade adulta: a chamada classe C, que é também a base sindical”.
O professor confirma: “A divisão de votos por classes mostra Aécio muito bem nas classes A e B e Dilma muito bem nas classes D e E. A classe C é a que reproduz essa divisão nacional e pode decidir a eleição”.
Faltou ao professor identificar na classe C a base sindical, como o faço. Daí a importância da pauta trabalhista e sindical na disputa.
As pessoas que conquistaram muito (passaram do sabão de coco ao sabonete Dove, do frango ao bife e do ônibus ao avião) com emprego, crédito e ganhos reais de salários precisam de serviços públicos para “manter seu padrão de vida” (diz o professor) e precisam ser convencidas em suas dúvidas de que perderão ou continuarão ganhando –e com quem- já que estão “com o copo meio cheio, copo meio vazio” e procuram referências concretas nas campanhas, esclarecimentos, propostas e promessas.
A disputa da base sindical é muito mais importante que o apoio e a adesão das direções sindicais, que têm seu peso, mas dependem do encaminhamento das campanhas de seus respectivos candidatos.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical