Um convênio assinado entre a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e uma empresa que possui uma mina de calcário em Taubaté, no interior de São Paulo, está gerando benefícios para as duas partes. Para a empresa Sociedade Extrativa Dolomia, a parceria trouxe mais eficiência no desmonte (explosões) das rochas que serão transformadas em produtos e maior agilidade na investigação geológica, para descobrir novos locais para explorar. Para a Poli, o benefício é que os alunos têm a oportunidade de interagir e atuar em operações de minas reais e não em simulações de computador.
O engenheiro de minas, Giorgio de Tomi, professor do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da Poli e orientador do projeto, chamado Mina Experimental, conta que a relação com iniciou em 2004, quando houve deslizamento num dos taludes da mina. “Começamos então a ajudá-los a dar estabilidade aos taludes”, conta. “O trabalho foi um sucesso e passamos a colaborar com eles em outras atividades da mina. Em 2013, mandamos um aluno de iniciação científica fazer um trabalho na área de desmonte. A empresa gostou tanto da atuação do estagiário, que nos procurou para ampliar a relação. Foi assim que em 2013 assinamos o convênio.”
Quanto aos resultados obtidos até agora, ele explica como se mede um deles, que é a maior eficiência conseguida no desmonte. “Quando as explosões não são bem calculadas e bem feitas, ou seja, quando o uso dos explosivos não é adequado, restam pedaços de rochas grandes demais, chamados matacos, para ser triturados no britador”, conta. “Para quebrar esses matacos, reduzindo-os ao tamanho adequado, é usado um equipamento chamado rompedor. Isso encarece o desmonte. Antes da nossa intervenção, a empresa tinha de usar o rompedor por até 120 horas por mês, Agora, depois do nosso trabalho de orientação nas explosões, esse uso foi reduzido a zero.”
Sondagem elétrica vertical
Em relação à agilidade na investigação geológica, Tomi conta que os pesquisadores e alunos da Poli na mina introduziram um novo método de sondagem chamada Sondagem Elétrica Vertical (SEV). “Com isso, conseguimos executar 15 SEV por semana em vez das três ou quatro sondagens convencionais que a empresa fazia”, explica. Isso trouxe benefícios práticos para a Dolomia. Um exemplo se deu em relação a um relatório de pesquisa que a empresa deveria encaminhar ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em um prazo curto.
Segundo Tomi, a tarefa para elaborar o relatório era determinar a espessura da cobertura numa área ampla da propriedade da mina. “A sondagem convencional demoraria de seis a oito semanas para ser executada”, diz. “Nós testamos o método geofísico de SEV com muito sucesso e conseguimos realizar o mesmo trabalho em menos de duas semanas. O resultado foi a entrega das informações em tempo hábil para a elaboração do relatório, que foi posteriormente aprovado pelo DNPM.”
Hoje, a Poli tem quase 15 pessoas diretamente relacionadas ao projeto Mina Experimental. “Temos atuando na mina, por meio de projetos de pesquisa, um aluno de pós-doutorado, dois de doutorado, e uns 5 mestrados”, diz Tomi. “Além desses, há mais sete estudantes de graduação, que contam com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para atuar em diferentes atividades da mina.”
Também relacionado a este projeto está a criação, em 2012, do Núcleo de Pesquisa para a Mineração Responsável da USP, com o objetivo de desenvolver pesquisas aplicadas para apoiar a transformação de áreas de garimpo e lavra artesanal em pequenas operações de mineração responsável. “A intenção é fazer projetos multidisciplinares, com equipes de várias instituições. Por isso, o NAP Mineração é formado pela Poli, pelo Instituto de Geociências (IGc) e pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). Ele tem um Conselho, formado por professores dessas três unidades, que direciona a atuação do Núcleo sempre para a busca de melhoria das condições operacionais e com a atuação responsável na mineração de pequeno porte.”
Fonte: Agência USP de Notícias