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23/01/2015

Opinião – Fórum de Davos: ver e ser visto

O Fórum Econômico Mundial, também conhecido como o “Fórum de Davos”, reúne anualmente os representantes de Estados e das maiores corporações do mundo. Em princípio, é um espaço para se debater os grandes temas que envolvem a chamada “sociedade global”, não apenas os desafios econômicos, mas também os assuntos que interessam diretamente os grandes grupos econômicos, como os impactos ambientais do Câmbio Climático, a insegurança política, as epidemias, a instabilidade social, o terrorismo, entre outros.

O debate deste ano não pode negligenciar temas como a lenta recuperação da economia mundial, notadamente a dificuldade encontrada pela Europa para retomar o caminho do crescimento; o “novo normal” ritmo de crescimento da China, que desceu da casa de dois dígitos para algo próximo de 7,5%; os impactos políticos da insurgência islâmica ligada ao Exército Islâmico do Iraque e do Levante e sua atuação para além de sua área de combate, como ações no continente europeu; a epidemia de ebola na África sub-saariana; e, ainda, a ascensão de grupos políticos nos extremos do espectro político europeu, como o UKIP na Inglaterra, a Frente Nacional na França e o Syriza na Grécia, entre outros, e seus impactos para a sustentabilidade da União Europeia e do Euro.

A despeito do alto nível dos debates, o encontro de Davos se assemelha a uma “exclusive party”, em que mais importante do que o nível dos debates é o ato de “ver e ser visto”, já que muito do resultado do encontro não se reflete em ações políticas em nível global, mas na relação pessoa-pessoa e na possibilidade de alavancar negócios. No caso dos países, o espaço de Davos é uma oportunidade para atrair investimentos e/ou dissipar desconfianças junto aos grandes grupos econômicos. Foi exemplar a atuação da Índia na reunião de 2006, o 'India Everywhere'.  Naquele ano, verificou-se um grande trabalho de relações públicas por parte do governo indiano para vender a imagem do país como “a maior democracia do mundo”, em contraponto com a China, onde impera o regime de partido único, como estratégia de atração de novos investimentos.

No caso brasileiro, parte da imprensa tem fustigado a presidenta Dilma Rousseff por trocar a ida a Davos pela posse de Evo Morales. Isto tende a reforçar preconceitos “antibolivarianos”. Mas, quando observamos a densidade da relação Brasil-Bolívia e os esforços de nossa diplomacia pela integração regional, prestigiar a posse do presidente boliviano torna-se mais muito importante do que os acepipes suíços.  Mesmo porque, se Dilma fosse este ano a Davos, sua presença serviria apenas para ressaltar a derrota de seu keynesianismo e a capitulação de sua política econômica ao colar de tomates de Ana Maria Braga e às reprimendas ultraliberais da revista The Economist. Por isso, o ministro Joaquim Levy se sentirá mais à vontade em representar o país.


* por Marcos Cordeiro Pires é coordenador do Curso de Especialização em Negociações Econômicas e Operações Internacionais da Unesp e professor da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília. Artigo originalmente publicado no Estadão Noite, em 22 de janeiro de 2015









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