O mundo do trabalho esteve no centro das preocupações do Fórum Social Mundial da Biodiversidade 2015, que aconteceu em Manaus, de 26 a 30 de janeiro, no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques e outros espaços. No dia 28, um painel sobre “Trabalho decente e transição justa: Meio ambiente sob a perspectiva sindical”, reuniu sindicalistas, ativistas de organizações e movimentos sociais, educadores e gestores públicos para as condições de exploração em que vivem os povos da floresta, as alternativas para os trabalhadores de segmentos afetados pela redução de vagas e a importância da mulher na construção de um novo contexto social, mais humano e justo para todos.
O ambientalista Lélio Falção, secretário de Meio Ambiente da Força Sindical-RS e membro do Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), participou do painel ao lado da secretária estadual de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Kamila Amaral, da economista e ativista da Aliança Eco, Amyra El Khalili, da secretária nacional de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical, Ruth Coelho, do secretário adjunto de Integração para as Américas da União Geral de Trabalhadores (UGT), Cícero Pereira da Silva, e do diretor nacional de Formação da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Sebastião Soares.
A CNTU participou ativamente do fórum, representada por conselheiros e conselheiras. Além de Lélio Falcão, participaram Cristina Palmieri, Cláudia Saleme, Sebastião Soares, Priscilla Morhy, Marcellie Dessimoni e Ewerton. No dia 27, na plenária de Agroecologia, Segurança e Soberania Alimentar estiveram presentes no debate pela confederação, as conselheiras Priscilla Morhy e Marcellie Dessimoni e os conselheiros Lélio Falcão e Sebastião Soares. Em diferentes mesas de debates, participantes trataram também da importância das bacias hidrográficas como base de planejamento e de questões da bioética, uma área nova para o movimento sindical, que a CNTU vem debatendo em artigos e um seminário realizado em 2014. A Coordenadora do Departamento de Meio Ambiente e Amazônia, conselheira Cristina Palmieri, defendeu a necessidade de investimentos em ciência, inovação e tecnologia, sem o que, "não há como buscar um novo modelo de desenvolvimento sustentável econômico, inclusivo participativo e coletivo".
Compartilhando experiências
No dia 26, grupos de vários bairros se juntaram para a marcha de abertura do evento, que é marca de todos os fóruns sociais mundiais ou temáticos. A caminhada tem o objetivo de aproximar a população das atividades e chamar a atenção da sociedade para os temas que discutidos no evento. Em Manaus, os manifestantes partiram do Parque dos Bilhares até o Centro de Convenções, com bandeiras, faixas e cartazes, com chamados em defesa de vários temas ligados aos debates da biodiversidade, como os direitos humanos das populações da floresta, ribeirinhas, quilombolas, as políticas ambientais e os riscos climáticos que ameaçam a vida no planeta, e as condições de trabalho da população amazônica.
O FSM-Bio também foi oportunidade de convivência entre diferentes lutas e experiências, e de ampliação do conhecimento sobre as organizações da região. No terceiro dia de participação da CNTU no fórum em Manaus, as conselheira Claudia Saleme, Priscilla Morhy (Bióloga) e Marcellie Dessimoni (estudante de engenharia ambiental e coordenadora do Departamento Jovem da CNTU), entrevistaram o presidente da Rede CatAmazônia, Raul Lima, e o técnico ambiental Thiago Brito, para conhecer um pouco das necessidades e atividades dos catadores (as) de materiais recicláveis na região, suas estratégias de inclusão social e as tecnologias usadas para destinação correta dos resíduos.
A Rede CatAmazônia foi legalmente formalizada e constituída no fórum, tornando-se a primeira rede de catadores da Região Norte. Ela é formada por inúmeras cooperativas e associações, e atualmente conta com o apoio da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), da Papel, Caixas e Embalagens (PCE SA) e da Cooperativa dos Trabalhadores de Plásticos (Cootepla) e da UGT Amazonas.
“Um dos objetivos da Rede CatAmazônia é levar formação aos catadores(as), com conhecimento e aprendizagem em educação ambiental, saúde e segurança, uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI’s ), adequando tecnologias de transformação de resíduos", explicou Raul. Um trabalho citado pelos entrevistados foi o de orientação aos catadores no município de Manacapuru, em defesa de direitos, do trabalho decente, e parceria com o poder público, para atividades sejam desenvolvidas em condições dignas. Para que ações como essa aconteçam, lembrou o presidente da rede, "é fundamental o apoio e colaboração do movimento sindical e de instituições comprometidas com a causa ecológica, o trabalho decente e a qualidade de vida socioambiental”.
Fonte: CNTU