A Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Guaratinguetá organizou, nos dias 12 e 13 de fevereiro, o primeiro encontro entre as instituições que formam o consórcio vencedor da chamada Global Innovation Initiative. Além da Unesp estiveram presentes representantes dos demais membros do consórcio, a Purdue University, dos Estados Unidos, e a DeMontford University, do Reino Unido.
O Workshop of the Consortium for Rapid Smart Grid Impact foi o primeiro encontro entre estas universidades desde maio de 2014, quando foi anunciado o resultado da chamada que visa incentivar a criação de parcerias entre universidades norte-americanas, britânicas e de quatro países em desenvolvimento (Brasil, Indonésia, Índia e China). "As três partes têm estado com contato com bastante frequência nos últimos meses, mas na maioria das vezes por vídeo-conferência. Esta é a primeira chance de nos encontrarmos para conversar pessoalmente", explica o professor Dionízio Paschoarelli, responsável por coordenar a atuação da Unesp no consórcio. Outro encontro semelhante já está previsto para Junho de 2015, no Reino Unido.
O projeto vencedor da chamada dá atenção especial à eficiência energética nas áreas rurais por meio do uso de tecnologias, mas também pela conscientização e educação dos consumidores. Este foi o ponto bastante destacado na palestra do coordenador geral do consórcio, Athula Kulatunga. Para o professor da Purdue University, desenvolver e identificar práticas que promovam o consumo eficiente e envolver a população local neste processo é um ponto fundamental. "O maior desafio do projeto é identificar, demonstrar e conseguir replicar práticas na comunidade local. É desta forma que nós vamos alcançar o máximo de impacto possível na sociedade", aponta. "Este tipo de projeto que nós estamos desenvolvendo também se esforça na mudança de atitude das pessoas. Temos a intenção de interagir com essas comunidades. Uma idéia é ir às escolas e informar as crianças sobre o consumo energético. Em geral, crianças têm um poder multiplicador muito forte dentro de suas casas”.
Durante o seminário foi apresentado o papel de cada instituição no desenvolvimento do projeto e discutiu-se um cronograma para ser cumprido ao longo de dois anos, tempo de duração do consórcio. Um dos papeis da Unesp, por exemplo, será selecionar e treinar as equipes que irão trabalhar junto às comunidades. A idéia é que essas equipes colham informações sobre demanda energética das comunidades rurais, identifiquem potencialidades de economia de energia, e multipliquem conhecimentos sobre o uso racional da energia.
Meses antes do seminário, o professor Athula já havia estado no Brasil para acompanhar o professor Paschoareli em visitas aos assentamentos sem-terra que servirão de modelo para o projeto, na região de Ilha Solteira. Em sua apresentação, o professor da Purdue University compartilhou suas impressões da visita, dando o tom da atuação educacional do projeto. "Eu notei que as pessoas que estão ali deixaram a cidade e foram ao campo para serem bem sucedidas, mas ainda trazem hábitos da cidade que não deveriam ser compatíveis com o campo", afirmou, citando como exemplo o uso generalizado do chuveiro elétrico – de alto consumo energético – em uma região com grande incidência solar.
Em sua apresentação, o professor Dionízio Paschoarelli lembrou que o projeto envolve outras faculdades de engenharia da universidade, e que a proposta da chamada é que a maior parte dos recursos seja investido na mobilidade dos pesquisadores.
O projeto prevê ainda a aplicação de redes energéticas inteligentes (smart grids, em inglês) nas comunidades. Tais redes aplicam tecnologia da informação ao sistema elétrico, abrindo a possibilidade para a troca de dados e de energia entre usuários e fornecedores e entre os próprios usuários que produzam energia. A instalação de medidores inteligentes fornecerá ainda dados importantes sobre consumo, tensão e corrente dos usuários, permitindo uma gestão mais eficiente da rede.
O desenvolvimento de um modelo aplicado às comunidades rurais e os estudos relacionados ao uso dos smart grids em sistemas de energias renováveis serão executados pela equipe da DeMontfort University, cabendo à Unesp a aplicação do modelo no contexto rural.
Neste sentido, o evento também teve apresentações das experiências de empresas brasileiras que estão instalando redes inteligentes de forma experimental nos municípios de São Luis do Paraitinga e de Aparecida, ambos na região do Vale do Paraíba.
Fonte: Agência de Notícias da Unesp - UnAN