Em um momento em que, como na tradução inglesa de Engels do Manifesto Comunista, “tudo que é sólido desmancha-se no ar”, trabalhadores e empresários representados por suas entidades consolidam a coalizão da classe operária e da burguesia contra as medidas provisórias do governo.
Vários veículos de comunicação registraram com destaque o acontecimento. O Valor informa que “representantes de cinco centrais sindicais e mais de 100 lideranças empresariais decidiram ontem (segunda-feira) aliar-se contra as medidas provisórias 664 e 665, que restringem o acesso a pensões e seguro- desemprego e 669, que reduz a desoneração da folha de pagamentos ao setor produtivo”.
Aconteceu na sede da Fiesp, com dirigentes da FS, CUT, UGT, CTB e CGTB e mais 130 representantes empresariais, incluindo o anfitrião.
Embora ainda necessitem de nova reunião para acertarem a agenda das ações em comum e um protocolo mínimo de propostas, a coalizão capital-trabalho multiplica o peso dos participantes setoriais em sua pressão contra as medidas provisórias e em seus contatos com representantes do Executivo e com os deputados e senadores que eventualmente votarão as medidas, as rejeitarão ou nelas introduzirão emendas e modificações.
Os sindicatos dos metalúrgicos de São Paulo e de São Bernardo e a Fiesp têm já alguma experiência no trabalho conjunto pela industrialização. E é baseado nessa experiência que se recomenda o estabelecimento de um protocolo de intenções – mínimo, preciso e realista- capaz de conduzir a bom termo, seja o aspecto defensivo (luta contra as medidas provisórias), seja o aspecto ofensivo (enfrentar a recessão com medidas que impulsionem o desenvolvimento com industrialização, sem aumentar os impostos e derrubando os juros, com garantias de emprego e ganho salarial, a começar pelo salário mínimo).
Em um cenário político de barata-voa a coalizão e seu comitê conjunto podem representar um eixo seguro de resistência e avanço e um recado forte aos operadores do governo.
* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical