Nos trabalhos iniciais do período da tarde do VII Encontro Ambiental de São Paulo (EcoSP), nesta quinta-feira (23), foi discutida a engenharia de inovação na perspectiva da sustentabilidade. O painel foi coordenado pelo diretor do SEESP e do Instituto Superior de Inovação de Tecnologia (Isitec), Fernando Palmezan, que destacou que a nova faculdade, mantida totalmente com os recursos do sindicato e sem fins lucrativos, já inova na sua essência quando “engenheiros estão sendo formados dentro de uma instituição de engenheiros”.
Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Mesa da plenária 2 (da esquerda para a direita): João Sérgio Cordeiro,
Marcelo de Melo Barroso e Fernando Palmezan
Na palestra inicial, o professor Marcelo de Melo Barroso, do Isitec, afirmou que não dá para pensar a sustentabilidade sem inovação, um conceito em alta na sociedade moderna e que passa pela capacidade de observar a realidade, ou seja, o que está em nosso entorno e o que está sendo demandado. Barroso citou o prêmio Nobel de 1912, Alexis Carrell, que disse que “pouca observação e muito raciocínio conduzem ao erro. E muita observação e pouco raciocínio conduzem à verdade”. Sem esse princípio, ensinou o docente, criam-se soluções que podem não satisfazer e mesmo criar outros problemas.
Barroso explicou que o Isitec trabalha com os seus estudantes no sentido de não se ter medo do desconhecido e de se trabalhar em equipe e globalmente. E que é necessário, no ensino da engenharia da inovação, saber “aprender, desaprender e reaprender durante toda a vida”. E completou: “Precisamos pensar os problemas que ainda não existem.” No ambiente da inovação trabalha-se com tecnologias existentes, demandas sociais e estoque de conhecimentos científicos disponível.
O futuro dos nossos filhos
Já o professor João Sérgio Cordeiro, também do Isitec, reforçou que a inovação é fundamental para o desenvolvimento sustentável e que ela traz coisas novas mesmo em cima de condições antigas. E ensinou: “A sustentabilidade é a condição fundamental para se deixar um futuro para os nossos filhos com qualidade de vida.”
Cordeiro citou algumas inovações, ao longo da história da humanidade, como a construção das pirâmides, há quatro mil anos, com a aplicação apenas do teorema de Pitágoras, da muralha da China, do banheiro com sistema hidráulico correto na antiga Roma (Itália), ou de aquedutos, há mais de dois mil anos, onde o único conhecimento que se tinha era que a água ia do ponto mais alto ao ponto mais baixo.
A questão ambiental passa por fases, realçou, que começa com o desconhecimento do problema, passa pela percepção, omissão, contestação, contemporização, aceitação passiva e depois consciente e, por fim, atuação com responsabilidade. O mundo moderno impõe, observou Cordeiro, o conhecimento dos três Rs: redução, reciclagem e reúso. “Precisamos de competência para buscar soluções adequadas a todos os problemas que se apresentam à sociedade.” Ao mesmo tempo, no caso do Brasil, a engenharia nacional tem desafios enormes para garantir a infraestrutura básica – habitação, saneamento, transporte, educação, portos, aeroportos, energia – e a alta tecnologia – nanotecnologia, agricultura inteligente, química fina etc.. Tudo isso dentro da perspectiva do respeito ao meio ambiente.
Ele apresentou a questão de, por exemplo, suprir o déficit habitacional do País, que chega a sete milhões de unidades, o que envolve 30 milhões de pessoas, aproximadamente, sem moradias adequadas. “Para a construção dessas casas precisamos interferir, de forma violenta, na natureza para buscar o material para essas obras.” A ideia, ressaltou, é fazer essa interferência de forma sustentável e que o avanço tecnológico tem como pressupostos básicos a ciência – o conhecimento – e políticas públicas adequadas.
* Confira aqui a programação completa do VII EcoSP
* Apresentação do professor Marcelo de Melo Barroso
* Apresentação do professor João Sérgio Cordeiro
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Com colaboração de Jéssica Silva