Recentemente, a ONU se mostrou preocupada com a quantidade de lixo urbano que está sendo produzido no mundo. Segundo a organização, todos os anos as cidades geram 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos. A quantidade de lixo deve chegar a 2,2 bilhões de toneladas até 2025. Em países de baixa renda o problema é maior, pois o volume de coleta do lixo não alcança sequer a metade da quantidade produzida.
O fato é que o processo de produção de lixo nunca competirá com o processo de reciclagem de resíduos. Por isso se faz tão necessário mudar a consciência das empresas de produção. Hoje, tudo o que temos e consumimos, por onde passamos, tudo que é comercializado afeta, negativamente, o meio ambiente. Pode ser a garrafa de um refrigerante, um jornal que pegamos para ler, o telefone celular que usamos diariamente, tudo isso contém vários químicos que nos afetam e ferem o ambiente.
As várias medidas de preservação do meio ambiente, como diminuir o consumo de água, a conta de energia e o descarte de resíduos, todas essas são medidas que só diminuem os danos, nunca serão capazes de eliminar por completo o problema.
Algumas empresas no mundo já colocaram essa teoria em prática, como é o caso da Puma, que tem 128 produtos com o selo chamado de cradle to cradle, no mercado. A empresa recebe consultoria do químico alemão Michael Braungart, um dos defensores da chamada economia circular e criador do selo. Essa discussão é bem ampla e requer muito tempo para ser implantada. Claro que mudar cadeias inteiras de produção não seria tarefa simples, mas com certeza quando alcançado o objetivo, o problema estaria extinto totalmente. O que parece utopia no Brasil e no mundo, merece no mínimo um debate.
A preocupação com a redução do desperdiço, com a forma do descarte, a reciclagem e o local onde o lixo/rejeito será depositado deve continuar e é primordial para que possamos ter um resultado mais qualitativo quando o assunto é meio ambiente. Porém, para reduções significativas da quantidade de lixo, medidas mais contundentes deverão ser aplicadas. Assim acredito que poderíamos ter resultados mais efetivos e em longo prazo.
* Francisco Oliveira é engenheiro civil e mestre em mecânica dos solos, fundações e geotecnia e fundador da Fral Consultoria