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A indústria ferroviária, representada por sua entidade de classe, a Abifer, foi recebida pelo ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, em 17 de junho último, em Brasília. “Foi um encontro positivo, onde colocamos que o setor cresce na medida em que o transporte ferroviário se expandir”, informou o presidente da entidade, Vicente Abate, esclarecendo que isso se refere à carga e passageiros.


Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Vicente Abate 
Abate é categórico: "Indústria brasileira está preparada para modernizar vagões e locomotivas no País" 


No encontro, foi discutida a repactuação das concessões atuais para que as permissionárias consigam fazer maiores investimentos. Abate lembrou que o Programa de Investimento em Logística (PIL), segunda edição, lançado em 2015, prevê investimentos da ordem de R$ 86 bilhões nas ferrovias. “Esses recursos já estão acontecendo, mas podem avançar mais com as repactuações.” Ele explica que as empresas se sentem mais seguras em aplicar recursos com um prazo maior para amortização desses investimentos. “Não é um prazo seguro ter apenas dez anos pela frente, ter mais 30 anos é melhor”, observa. Por isso, salienta, a Abifer dá apoio total à prorrogação dos contratos atuais das concessionárias ferroviárias do País. “Nessa reunião, deu para perceber que o governo entende que isso leva a novos investimentos e ao crescimento de todos”, garante.

Frota moderna e competitiva
Outro item da audiência com o Ministro foi a renovação da frota ferroviária. “É um tema que estamos tratando há mais de dois anos junto ao governo e às próprias concessionárias.” Segundo ele, estudos a respeito foram feitos há dois anos com o governo, mas ainda não saiu do papel. "As eleições de 2014 e o ajuste fiscal interromperam esse processo", lamenta. Mas agora, diz, o assunto voltou à baila. "Sabemos que está em elaboração, inclusive, uma medida provisória (MP) que dispõe sobre a venda da frota, por parte das concessionárias, com mais de 40 anos de uso e com a obrigação de aplicar o que for levantado nessa venda em vagões e locomotivas e na própria manutenção das vias permanentes." E completa: “Tirar essa frota antiga ineficiente por uma mais moderna significa ganhar produtividade."

Abate explica que dos cerca de 120 mil vagões existentes no País, 40 mil têm idade avançada de mais de 40 anos - a vida útil desse equipamento, em média, é de 30 anos. “A proposta é trocar esses 40 mil por equipamentos mais modernos numa quantidade equivalente a 18 mil. Ou seja, você teria melhor rendimento com produto mais moderno que tem menor peso, o que confere maior velocidade de carga e descarga. Faríamos com 18 mil o que se faz hoje com 40 mil.” 

Esses vagões, esclarece, como são antigos, não têm a tecnologia atual e pesam de cinco a dez toneladas a mais do que os modernos. “Conseguimos transformar em capacidade útil de carga quando se reduz o peso do vagão e se tem sistemas automatizados de carga e descarga. Fora isso, os vagões antigos eram usados para qualquer tipo de carga, hoje eles são customizados – isso dá uma produtividade maior também”, defende. E acrescenta: “Existe uma obsolescência natural ao longo de 30 anos.”

No caso das locomotivas, prossegue o empresário, é a mesma coisa. A frota atual é de 3.600 unidades, dessas, 1.400 têm mais de quatro décadas. “Nesse caso, estamos querendo trocar 1.400 por 600 novas locomotivas, com potência de 4.400 HP ante 1.200 HP das antigas. Elas também significam redução de consumo de combustível e admitem o biocombustível. “E estamos falando de vagões e locomotivas totalmente fabricados no Brasil. Isso é importante.”

A indústria brasileira, garante Abate, está preparada para esse desafio com qualidade e competitividade. “Num programa de renovação de frota, o nosso setor trabalha com a previsibilidade de fabricar um número definido de vagões ou locomotivas, com regularidade de entrega.” Para ele, tal situação significa movimentar a economia do País de forma vigorosa, com a geração de empregos, maior arrecadação de impostos e melhor desenvolvimento das ferrovias. “Todos ganham.”

Como ele informa, hoje a indústria ferroviária emprega cerca de 20 mil pessoas diretamente das quais oito mil estão ligadas à fabricação de vagões e locomotivas. “Prevemos para essa renovação mais dois mil empregos diretos, desde emprego de fábrica até engenharia de produção, de projeto e outras.” E finaliza: “Temos total capacidade de produção desses veículos, ajudando todos crescerem e ganharem.”


Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Colaboração Soraya Misleh








 

Ou as forças progressistas se unem para enfrentar esse novo ataque aos direitos sociais, ao patrimônio público e ao interesse nacional ou teremos enormes retrocessos civilizatórios. Os direitos sociais são como pasta de dente: quando sai do tubo dificilmente volta!

As propostas de reformas do governo Michel Temer (PMDB) reorientam a atuação do Estado para os interesses do mercado e atacam os três principais pilares do Estado de Bem-Estar: a Previdência e a Assistência Social, a Educação e a Saúde universais.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/16, que trata do regime fiscal, atribui aos gastos sociais (educação, saúde, previdência) e à despesa com o funcionalismo a responsabilidade pelo problema fiscal do País, ignorando solenemente os gastos governamentais com juros e amortizações, os verdadeiros responsáveis pelo déficit público.

A ideia da reforma da previdência, por exemplo, além da intenção de retirar ou retardar o usufruto de direitos, com o propósito de gerar superávit primário, tem por objetivo criar as condições para favorecer a previdência privada, beneficiando duplamente o sistema financeiro.

A prioridade governamental conferida aos projetos de prevalência do negociado sobre o legislado e da terceirização e pejotização, inclusive na atividade-fim das empresas, em nome da melhoria do ambiente de negócios, na verdade pretende o desmonte do Direito do Trabalho.

O programa de privatização, que incluirá a venda de empresas da União ou participação destas em outras empresas do setor privado, especialmente as vinculadas ao sistema financeiro, Petrobras e Eletrobras, se somará às empresas estaduais que, por força da negociação da dívida, serão repassadas à União a fim de que esta as aliene, passando à iniciativa privada tudo quanto for possível, nas palavras do presidente Temer.

O discurso oficial é de diminuição dos gastos do Estado, mas na verdade o que vão fazer é colocar o orçamento público a serviço do mercado, promovendo a maior transferência de riqueza da sociedade para o sistema financeiro. O que está em jogo, portanto, não é a redução da intervenção do Estado na economia, mas a sua apropriação plena pelo mercado.

A proposta “Ponte para o Futuro” constitui-se na quarta tentativa das forças conservadoras e neoliberais de desmontar o Estado de Bem-Estar no Brasil: a primeira foi com o “Centrão” na Assembleia Nacional Constituinte; a segunda foi durante a revisão constitucional de 1993/94, basta ver o conteúdo dos 81 pareceres de então propondo mudanças na Constituição Federal; a terceira aconteceu nos governos FHC; e esta agora no governo Temer.

Ou as forças progressistas se unem para enfrentar esse novo ataque aos direitos sociais, ao patrimônio público e ao interesse nacional ou teremos enormes retrocessos civilizatórios. Os direitos sociais são como pasta de dente: quando sai do tubo dificilmente volta!

 

* Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)

 

 

 

 

 

 

Uma das principais formas de tratamento para o câncer, a quimioterapia, ainda causa fortes efeitos colaterais nos pacientes, por atacar tanto as células tumorais quanto as saudáveis. Entre os efeitos mais comuns estão mielodepressão (depressão da medula óssea), queda de cabelo e alterações gastrintestinais (náuseas, vômitos e diarreia).

Com o objetivo de reduzir esses danos e dar mais qualidade de vida a quem precisa se submeter ao tratamento, pesquisadores em diversos países têm buscado desenvolver ação mais eficiente com a ajuda da nanotecnologia. No Brasil, um exemplo é o estudo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que usa nanopartículas de sílica (componente químico feito a partir de minerais), carregadas de um antitumoral utilizado no tratamento de câncer de próstata, a curcumina.

A curcumina é uma substância de baixo custo em comparação a outras utilizadas nas quimioterapias. A doxorrubicina 0,01g, muito utilizada nos tratamentos convencionais para câncer, custa R$ 1.200,00, enquanto a curcumina sai por R$ 323,00. De baixa solubilidade em meios aquosos, o experimento demonstrou que a nanopartícula ajuda a levar a substância até a região a ser tratada. Além disso, a minúscula partícula é revestida com folato, uma variação da vitamina B, que é naturalmente atraída pelas células tumorais. Nos testes realizados, in vitro, as nanopartículas mataram entre 70% e 80% das células doentes de próstata, e somente entre 10% e 15% das saudáveis. “Fizemos uma série de experimentos. A célula tumoral possui um metabolismo diferente que, em geral, tem de 100 a 200 vezes mais avidez por folato na sua superfície do que as saudáveis. Dessa forma, as nanopartículas revestidas dessa estrutura química acabam driblando as células que não precisam ser atacadas. O fármaco é utilizado de forma mais eficaz e com maior concentração”, explica Mateus Borba Cardoso, químico com doutorado nessa área pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pós-doutorado no Oak Ridge National Laboratory, nos Estados Unidos. O pesquisador é responsável pelo estudo “Funcionalização de nanopartículas de sílica: aumentando a interação biológica”, realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que foi capa da publicação estadunidense Langmuir, em abril deste ano.

Cardoso conta que iniciou o trabalho há cerca de dois anos, após ter tido êxito em outro experimento com nanopartículas de sílica para transportar antibióticos. “Parti para uma empreitada mais desafiadora com células antitumorais. Mas, por enquanto, são experimentos in vitro. Não fizemos nada em seres vivos. Ainda há muitas etapas a serem percorridas”, esclarece Cardoso. Um dos pontos a ser explorado é que as nanopartículas precisam superar obstáculos existentes em seres vivos, como as proteínas presentes na corrente sanguínea que, ao terem contato com a sílica, recobrem sua superfície e impedem a identificação do folato pelas células tumorais. Uma hipótese para solucionar o problema é fazer com que as partículas ganhem funcionalização múltipla e consigam livrar-se desse efeito.

Uso tópico
Outra linha de pesquisa, a da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade de São Paulo (USP), estuda a aplicação de medicamentos para quimioterapia de forma tópica: na pele, boca ou olhos.  Conforme  a professora Renata Fonseca Vianna Lopez, que coordena o estudo, uma das drogas testadas foi a doxorrubicina, encapsulada em pequenas partículas de gordura, as nanopartículas lipídicas sólidas. A substância foi aplicada a animais pela iontoforese, técnica que envolve a aplicação, próxima à pele, de uma corrente elétrica de baixa intensidade para aumentar a penetração da droga. 

Os resultados, segundo a pesquisadora, foram bastante animadores: o fármaco chegou em doses seis vezes maiores até as camadas profundas da pele. A junção dessas duas técnicas, nanotecnologia e iontoforese, não só ampliou a introdução do antitumoral na pele, como também propiciou sua condução para dentro das células tumorais, preservando as saudáveis. “Administrar a droga nessas regiões, que são vias não invasivas, ajudará a diminuir os efeitos nocivos da quimioterapia. Além disso, aumenta o potencial do tratamento, já que aumenta a quantidade de substância que penetra. E mais interessante é que estamos usando medicamentos que já são usados nos tratamentos de forma intravenosa ou oral, porém, aplicados em um sistema de liberação modificado, que são as nanopartículas”, explica a farmacêutica bioquímica com doutorado pela Universidade de Genebra e pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

O grande desafio para que as pesquisas cheguem ao mundo real, pondera Lopez, é que sejam realizados os experimentos em animais e seres humanos, o que tem custo bastante elevado. “Temos uma dificuldade em levar as pesquisas para o mercado. Precisamos de mais empresas que atuem fazendo a ponte entre pesquisa e  indústria, que assumam os estudos clínicos. A indústria até se interessa, mas como ela ainda tem que investir muito, prefere não correr o risco”, lamenta. 

 

 

Por Deborah Moreira
Matéria publicada, originalmente, no jornal Engenheiro, Edição 170, de julho de 2016, da FNE

 

 

 

 

 

 

 

O presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Celso de Campos Pinheiro, participou, na quarta-feira (6/07), em Caldas Novas (GO), do VI Mutuação – Tempo de Inovar, uma atividade da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea (Mútua). À mesa de abertura, o dirigente destacou o tema do seminário, a inovação, e saudou a iniciativa da entidade: “A capacitação é fundamental para melhoraria do trabalho em prol dos profissionais, ou seja, no atendimento da Mútua aos engenheiros e técnicos.” Nesse sentido, Pinheiro falou sobre a ação dos engenheiros de São Paulo que criaram uma instituição de ensino de superior, o Isitec, que vem contribuindo para a qualificação de muitos jovens, oferecendo único curso, no País, de Engenharia de Inovação. “O nosso curso é gratuito e tem alunos selecionados em todo o País.”


Fotos: Paula Bortolini
Murilo Mutua 06JUL2016 3 
Pinheiro, ao microfone, parabeniza Mútua pelo seminário sobre inovação
 

Para ele, o seminário da Mútua também contribui para pensar boas ideias que ajudem o Brasil a superar os momentos difíceis atuais; da mesma forma, salientou a importância das próximas eleições municipais. “Independentemente do partido político de cada um, devemos participar e exercitar nossa cidadania nos debates e na hora do voto.”

Ao finalizar sua fala, o presidente da FNE convidou a todos para participarem do movimento da Engenharia Unida, uma coalização de forças com o propósito de oferecer saídas às dificuldades enfrentadas pelo País na atualidade e contribuir com o permanente avanço no futuro.

Mutuação
A atividade, em sua sexta edição, é realizada anualmente como treinamento dos colaboradores e diretores regionais da Mútua, visando o aperfeiçoamento do atendimento aos associados do sistema. O evento começou no dia 4 último e termina nesta sexta-feira (8).


 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Com informações de Paula Bortolini – Assessora da Presidência








De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em estudos divulgados no ano de 2015, cerca de 800 milhões de pessoas sofrem com a fome no mundo. Uma em cada nove pessoas. No Brasil, são aproximadamente 7,2 milhões de afetados pelo problema. Mas, será que realmente não há alimentos disponíveis para toda a população brasileira e mundial? Intrigado por essa questão, Danilo Rolim Dias de Aguiar, pesquisador do Departamento de Economia (DEco) no Centro de Ciências em Gestão e Tecnologia (CCGT) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), decidiu analisar a produção de alimentos no País – tanto aquela voltada ao consumo interno quanto as exportações – e investigou se seus resultados não seriam mesmo suficientes para alimentar toda a população brasileira.

Brasil FomeDurante a pesquisa, Aguiar levantou os números da produção nacional de arroz, feijão, trigo, ovos, leite, milho, soja, banana, açúcar e mandioca, além dos da produção das carnes de frango, porco e bovina e transformou os volumes produzidos anualmente em quantidade total de calorias e proteínas, dois dos macronutrientes fundamentais em uma dieta balanceada. “Então, considerando o quanto uma pessoa necessita desses nutrientes na alimentação diária para manter uma vida saudável, pudemos constatar que sim, a produção nacional desses alimentos é suficiente para alimentar todos os mais de 204 milhões de brasileiros”, afirma o pesquisador da UFSCar.

E porque ainda há tanta gente sofrendo com a fome no Brasil? De acordo com Aguiar, a resposta a essa pergunta passa por, pelo menos, dois fenômenos principais: desperdício e acesso. Segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o desperdício de alimentos no País chega a 40 mil toneladas por dia; além disso, a desigualdade social e de renda faz com que as pessoas tenham níveis desproporcionais de acesso aos diferentes tipos de alimentos. “Percebemos, portanto, que a fome não tem a ver com déficit na produção, mas com os elevados níveis de desperdício e com a baixa renda de grande parte da população que dificulta o acesso a uma alimentação equilibrada”, diz o professor.

A desigualdade social explica, portanto, o fato de o Brasil ser o quinto país no ranking mundial da obesidade e conviver ao mesmo tempo com mais de 7 milhões de famintos e mais de 30 milhões de subnutridos. “Temos um problema evidente de má distribuição de renda que gera, consequentemente, níveis muito diferentes de acesso e consumo dos alimentos mais nutritivos que são sempre mais caros”, destaca Aguiar.

O trabalho também avaliou o potencial da produção nacional de alimentos que é voltada para a exportação. Igualmente, o volume de alimentos exportado foi transformado em número de calorias e proteínas e as conclusões dão conta que, considerando as quantidades de proteína produzida e necessária em uma dieta balanceada, as exportações poderiam alimentar duas vezes a população brasileira; e considerando apenas as calorias, os alimentos que o Brasil exporta seriam suficientes para a alimentação de quase 700 milhões de pessoas. “É importante observarmos que os resultados das análises do potencial alimentar tanto da produção para consumo interno como daquela exportada podem ser considerados subestimados já que há outros alimentos produzidos no Brasil e que não foram considerados no estudo”, lembra Aguiar.

Simulações
A problemática da produção de alimentos versus a realidade da fome encontrada ao redor do mundo se depara também com outros dois agravantes: a chamada concorrência entre alimento, ração animal e biocombustível; e a crise ambiental. No que se refere à concorrência enfrentada pela produção de alimentos, ela diz respeito ao fato de, por exemplo, a criação de gado competir em espaço e insumos. “Além das enormes áreas destinadas às pastagens e que poderiam servir à lavoura, o gado muitas vezes é alimentado com soja e milho, proteínas e carboidratos que poderiam estar servindo à alimentação humana. Em última análise, é possível afirmar que os seres humanos, sobretudo os de baixa renda, estão competindo por alimentos com os animais que, diga-se, são criados e tratados para se tornarem a alimentação dos mais ricos”, avalia o pesquisador. O que também compete com a produção de alimentos é a cultura da cana-de açúcar destinada à fabricação de biocombustíveis no Brasil.

Além disso, o aquecimento global é uma preocupação central para as sociedades modernas e a produção de alimentos tem que passar a ser considerada a partir de critérios de sustentabilidade. As estimativas da ONU indicam que, em 2050, a população mundial ultrapasse os nove bilhões de indivíduos, e manter o padrão de alimentação atual é ambientalmente inexequível. “A produção de carne bovina, por exemplo, é responsável por 10% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, sendo o principal emissor do agronegócio. É completamente inviável para a vida no planeta imaginar o crescimento da criação de gado para mantermos o consumo de carne nos níveis atuais”, afirma Aguiar. O professor defende que será necessário, além de uma mudança cultural no que se refere à alimentação, o desenvolvimento de sistemas produtivos menos poluentes.

A partir desse cenário de competição e de crise ambiental, Aguiar traçou três situações hipotéticas para a produção de alimentos no Brasil: e se o País deixasse de produzir alimentos de origem animal e ocupasse metade das áreas de pastagens existentes hoje em território nacional apenas com o cultivo de alimentos de origem vegetal? Essa primeira hipótese levou à conclusão de que o Brasil poderia nutrir com calorias uma população 8,7 vezes maior que a sua atual; e garantir proteínas para uma população 3,4 vezes maior. A segunda hipótese da pesquisa sugeriu, para fins de simulação, que o Brasil ocupasse com a produção de alimentos toda a área atualmente ocupada com o plantio de cana-de-açúcar destinada aos biocombustíveis. “Essa simulação revelou que poderíamos garantir calorias para uma população 1,38 maior e proteínas para uma população 1,53 maior. Concluímos, assim, que a fabricação de etanol não é um concorrente forte à produção de alimentos e permanece como alternativa importante aos combustíveis fósseis, que são muito mais poluentes”, afirma Aguiar. O terceiro cenário assumiu as duas hipóteses dos cenários anteriores, e o que se viu foi um aproveitamento muito próximo ao do primeiro cenário, porém menos sustentável, já que se perderiam os benefícios de redução de emissões de gases do efeito estufa decorrentes da utilização de etanol.

“Apesar das simulações radicais, fato é que será cada vez mais necessário repensarmos a ocupação dos espaços produtivos, criarmos sistemas de produção mais eficientes e ambientalmente sustentáveis e revermos hábitos de consumo se quisermos preservar a vida no Planeta. Entendo que são necessárias tanto ações de conscientização como também políticas públicas que incentivem a transformação dos processos de produção atuais”, defende o pesquisador.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os resultados da pesquisa foram apresentados no primeiro semestre deste ano em evento científico na Inglaterra. A intenção do pesquisador da UFSCar é aprofundar as análises sobre os três cenários simulados, descrevendo as contribuições ambientais de cada um deles; outra frente de trabalho pretende entender a produção de alimentos, as emissões de gases do efeito estufa e os hábitos de consumo por região do Brasil, para que no futuro sejam possíveis proposições de transformação localizadas e mais eficientes.

 

 

Fonte: UFSCar

 

 

 

 

 

 

Enchentes SBCampo.jpg pequenaNo dia 4 de julho último, foi apresentado o Plano Regional de Macro e Microdrenagem para sete cidades do ABC paulista pelo Consórcio Intermunicipal. O documento aponta que para dirimir os problemas das enchentes nestes municípios será necessário construir 38 tanques de contenção e realizar outras 214 intervenções em cerca de 50 quilômetros de vias. O custo estimado das obras é de R$ 2 bilhões.

A construção do piscinão do Jaboticabal, em área localizada próxima à Via Anchieta, é outra obra essencial para acabar com as enchentes em São Caetano e em alguns bairros da capital. No entanto, o projeto não saiu do papel por conta de entraves entre a prefeitura paulistana e o Estado envolvendo desapropriações.

Na reunião também foi discutido o Plano Regional de Resíduos Sólidos, que, a exemplo do Plano de Macro e Microdrenagem, foi definido como prioridade no Plano Plurianual (PPA) Regional Participativo 2014-2017 do Consórcio.

As ações regionais para o setor, aponta Marinho, seguirão o que já está amparado em lei federal pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que definiu os princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas à gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive os perigosos, em âmbito nacional. 

A chamada logística reversa, definida em lei federal (12.305/10), é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

 

Com informações da Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo

 

 

 

 

 

 

 

Mar InstitutoO litoral paulista é o quinto mais extenso do Brasil, com 622 quilômetros e ocupado por mais de 2 milhões de habitantes. Com o objetivo de explorar os potenciais científicos da região para o uso sustentável dos seus recursos e em benefício da população, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) criou o Instituto de Estudos Avançados do Mar (IEAMar), composto por três unidades: duas em São Vicente, no litoral, e uma em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

A iniciativa reúne 117 pesquisadores de diversas unidades da Unesp e profissionais de outras instituições e de empresas com atuação em áreas relacionadas aos recursos marinhos e a zonas litorâneas do Brasil e de outros países.

“A Unesp pretende que o IEAMar se consolide como um centro de excelência voltado aos três pilares da universidade: ensino, pesquisa e extensão, trabalhando na fronteira do conhecimento desde a pesquisa básica até o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, fazendo transferência de tecnologia para a indústria e para a sociedade – especialmente a população do litoral paulista, que precisa se beneficiar do avanço da ciência e da inovação voltado à exploração sustentável dos recursos marinhos e à preservação ambiental”, disse Peter Christian Hackspacher, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp, em Rio Claro, e coordenador do IEAMar.

As atividades de pesquisa e de cunho tecnológico que serão desenvolvidas no IEAMar serão divididas em cinco grandes áreas: Geologia Marinha, abrangendo tecnologias sobre hidrocarbonetos em áreas de pré-sal e exploração de energia e minerais; Oceanografia, com foco nos movimentos da água, do mar e da chuva; Gestão de Recursos Naturais, contemplando a compreensão da biodiversidade local, a preservação dos ecossistemas e a identificação de matrizes para produtos farmacêuticos; Meio Ambiente, em especial as mudanças climáticas e assuntos relacionados a água potável, a ambientes poluídos e ecotoxicidade; e Recursos Pesqueiros, tratando de produção de alimentos e realizando levantamentos da fauna marinha.

Multiusuários
As atividades do instituto até agora incluem o treinamento de professores e funcionários técnico-administrativos da Unesp para utilização de alguns dos 160 equipamentos multiusuários disponíveis para a comunidade científica e a iniciativa privada parceira. Entre esses equipamentos estão um sistema que integra um espectrômetro de massas e um cromatógrafo líquido de alta performance.

Técnica que caracteriza moléculas por meio da medida da relação entre a massa e a carga de seus íons, a espectrometria de massas é empregada na análise de misturas orgânicas complexas e da estrutura de compostos orgânicos, na determinação da composição isotópica dos elementos e no estudo e identificação de proteínas, entre outros propósitos.

Um sistema de espectrometria de massas pode incluir um cromatógrafo que tem a função de separar as moléculas presentes em misturas complexas. O cromatógrafo acoplado no equipamento do IEAMar permite, por exemplo, a avaliação de vestígios de produtos químicos residuais para garantir a segurança dos alimentos e a avaliação de impurezas para melhorar ainda mais a qualidade do produto.

O instituto também conta com equipamentos de microscopia confocal, que permite aumentar o contraste da imagem microscópica e construir imagens tridimensionais em alta definição. A tecnologia é importante, por exemplo, para a obtenção de imagens de amostras vivas e de informação computadorizada tridimensional na pesquisa biológica e na análise química e de materiais.

O IEAMar também será responsável pelo primeiro radar meteorológico dedicado à cobertura do litoral paulista, integrado à rede de radares da Unesp.

Além da infraestrutura para atividades de pesquisa, o IEAMar deve contar com um programa de pós-graduação em estudos avançados do mar, com o objetivo de contribuir para a formação de recursos humanos para atuação em pesquisa, inovação tecnológica e desenvolvimento de produtos, processos e serviços relacionados ao litoral paulista e a águas internacionais. O programa deverá ser voltado a pesquisadores com conhecimentos nas áreas de Química, Biologia, Geologia, Oceanografia, Farmácia, Zootecnia e engenharias, entre outras.

Também deverá ser oferecido mestrado profissional em Gestão Marítima, Fluvial e Portuária, uma vertente do mestrado profissional em Engenharia da Produção da Unesp. O objetivo é capacitar recursos humanos em temáticas relacionadas a gestão de cargas, materiais, transporte, energia, sistemas de informação, logística, comércio exterior, meio ambiente, inovação e resultados, entre outras.

O IEAMar conta com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), na ordem de R$ 25 milhões, e da própria Unesp, de R$ 10 milhões. Estima-se que todos os laboratórios estejam funcionando nos próximos dois anos. Mais informações em www.ieamar.unesp.br.

 

Fonte: Agência Fapesp
Foto: Wikimedia Commons 

 

 

 

 

 

 

 

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), da qual o SEESP faz parte, promoveu, em 1º de julho, no auditório do sindicato, em São Paulo, a sua 9ª Jornada Brasil Inteligente, com o mote "Brasil 2022: o País que queremos". Reunindo dirigentes das categorias ligadas à entidade (economistas, engenheiros, farmacêuticos, nutricionistas e odontologistas) de todo o País, a atividade colocou em pauta os avanços necessários a serem alcançados para o aprofundamento da democracia e do desenvolvimento.

No evento, foi lançada a logomarca do projeto "Brasil 2022", criada pelo arquiteto e designer Ruy Ohtake. Duas mesas-redondas com a participação de lideranças e intelectuais debateram os temas cultura, política e economia. Por fim, aconteceu a plenária do Conselho Consultivo da CNTU e posse dos novos membros desse fórum de formulação de ideias e debate.

Confira a cobertura completa do evento:

Brasil 2022 com democracia, ciência e cultura

Logomarca Brasil 2022, criada por Ruy Ohtake

Inventar o Brasil que queremos

Economia e política rumo ao Brasil 2022

Empossados novos conselheiros da CNTU

Moção de repúdio à vaporização aérea de agentes tóxicos

Confira imagens na Galeria de Fotos

 

Redação CNTU

 

 

 

 

 

 

 

O professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e ativista na área digital, Sérgio Amadeu, fala sobre como está estruturado o setor de telecomunicações do País e suas consequências em termos de custo e qualidade. Ele é o entrevistado, desta semana, do Jornal do Engenheiro (JE) na TV. Amadeu informa que o custo das telecomunicações é muito alto no Brasil, sendo o segundo item mais importante do Produto Interno Bruto (PIB) nacional na área de serviços.

Outro assunto abordado pelo entrevistado é o Marco Civil da Internet, uma espécie de “Constituição” de direitos e deveres do uso do sistema no País. Ele ressalta pontos fundamentais, a privacidade, a neutralidade e a liberdade de criação na internet.

A reportagem traz o lançamento do projeto “Cresce Brasil – Cidades”, no dia 29 de junho último, no Rio de Janeiro. É a mais nova edição do trabalho lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), em 2006. Em ano de eleições municipais, o projeto pretende subsidiar as discussões eleitorais no tocante aos problemas das cidades brasileiras em termos de infraestrutura, saneamento, iluminação, mobilidade urbana, habitação, transporte etc..

O presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, no quadro “No Ponto”, discorre sobre as atividades de luta dos engenheiros no Estado de São Paulo.

Tudo isso e muito mais você confere no JE na TV, programa do SEESP, que vai ao ar às segundas-feiras, às 19h30, para a cidade de São Paulo, nos canais 9 (NET), 72 (TVA) e 186 (TVA Digital) ou pela internet no mesmo dia e horário neste link. O JE na TV é transmitido para mais 40 municípios paulistas e de outros estados conforme grade variada, confira aqui. Se por alguma razão você não conseguiu assistir ao programa, confira-o a seguir:


 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP








Representantes da CNTU se engajaram na Marcha em Defesa da Saúde, da Seguridade e da Democracia, iniciada às 9h desta quarta-feira (6/07), em Brasília. O Conselho Nacional de Saúde (CNS), que está à frente da organização do ato, informa que serão realizadas atividades paralelas, como o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do SUS.


Foto: CNTU
CNTU marcha em defesa do sus 3 
Profissionais da CNTU na marcha em Brasília, na manhã desta quarta (6/07)
 

Segundo o presidente do CNS e da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), Ronald Ferreira dos Santos, o movimento é uma forma de evitar que retrocessos das conquistas garantidas pela Constituição de 1988, que implantou o Sistema Único de Saúde (SUS). “É chegada a hora de lutarmos pelos direitos obtidos com a promulgação de nossa Carta Magna, há quase 30 anos”, observa o dirigente. “Não queremos nenhum direito a menos”, acrescenta. Ele ressalta que hoje a Saúde sofre com uma série de ataques, principalmente no Congresso, onde tramitam diversos projetos contrários ao setor.

Uma das propostas envidadas pelo governo interino ao Congresso que está sendo alvo de críticas das entidades participantes da marcha é a proposta de Emenda Constitucional 241/2016. A PEC tem como objetivo reduzir as despesas sociais para as próximas  décadas. O governo, com a intenção de obter o superávit primário para pagamento dos juros da dívida pública, vai comprometer os gastos federais em saúde. Com isso, segundo Ronald, Estados, Municípios e o Distrito Federal sofrerão o impacto principalmente no atendimento da população. “O fato é que somente com mobilização e organização conseguiremos barrar a extinção de nossos direitos”, afirma o presidente do CNS.



Edição Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Com informações do Conselho Nacional de Saúde (CSN)








 

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