A Baixada Santista foi a região do Estado que mais eliminou postos formais de trabalho de abril de 2015 a março deste ano, em termos proporcionais. A queda foi de 6,2% (23.503 vagas a menos). Nesse período de 12 meses, foram 113.551 contratações contra 137.054 demissões.
Os dados constam no boletim do Emprego Formal da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A região litorânea fica à frente das regiões do Grande ABC, que registrou queda de 6,1%, e de Campinas e Bauru, que empataram com 5,1%. A região de Presidente Prudente teve o menor índice de desemprego neste período (-0,8%).
Ao analisar somente os dados referentes ao primeiro trimestre deste ano, é possível identificar que o estoque de empregos formais caiu 2,7%, o segundo maior índice em termos proporcionais, ficando apenas atrás de Franca (3,6%).
De janeiro a março deste ano na nossa região, foram 27.386 pessoas contratadas contra 37.199 demitidas, o que gerou um déficit de 9.813 vagas. Cerca de 60% dos cortes ocorreram em Cubatão (3.966) e Santos (2.139).
Maior impacto
Na visão do economista e professor da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Praia Grande, João Carlos Gomes, o setor de comércios e serviços está fortemente impactado pela retração de demanda. “Por exemplo, o desemprego no parque industrial de Cubatão e no Porto de Santos gera o fechamento de postos de trabalho na área de comércio. Esse impacto é imediato”.
Segundo o docente, 78% dos empregos de Santos têm um nível salarial de um a três salários mínimos. Isso significa que, em períodos de retração econômica, os setores que contratam com esse nível de remuneração tendem a dispensar as pessoas com maior facilidade.
“Essa mão de obra acaba sendo reposta facilmente quando a economia voltar a melhorar. Certamente, quase 90% dessas pessoas possuem o Ensino Médio completo ou incompleto”.
Tese comprovada
O cenário apresentado pelo economista é confirmado ao se analisar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). As 20 ocupações com os maiores saldos negativos na Baixada Santista no primeiro trimestre deste ano não requerem escolaridade alta ou cursos técnicos e de especialização.
Algumas das atividades que constam nessa listagem são vendedor de comércio varejista, operador de telemarketing receptivo, operador de caixa, repositor de mercadorias e faxineiro, por exemplo.
A única exceção nessa lista de 20 ofícios é agente de fiscal de qualidade. Juntas, essas 20 atividades profissionais representaram 43,6% dos desligamentos na região (16.222, de um total de 37.199 cortes).
* Confira esses e outros dados no boletim do Seade aqui.
Fonte: A Tribuna/Sandro Thadeu
Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) voltam a se reunir nesta terça (28/06), às 15h, com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O encontro, no Palácio do Planalto, retoma as negociações sobre a reforma da Previdência Social. O debate ocorrerá em torno das propostas apresentadas pelo movimento sindical para recuperar a saúde financeira da previdência brasileira.
Os sindicalistas devem cobrar do governo uma posição clara quanto à participação do agronegócio no financiamento da Previdência. Na semana passada, informações conflitantes lançaram dúvidas sobre o tema: nota publicada no jornal O Estado de S. Paulo, revelando a intenção do governo de cobrar INSS de empresas exportadoras do agronegócio, foi saudada por sindicalistas; em seguida, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, rejeitou a proposta.
A taxação do agronegócio faz parte das medidas defendidas pelas centrais, visando promover o equilíbrio do caixa da Previdência, ao lado da regulamentação dos bingos.
Juvenal Pedro Cim, secretário de finanças da CSB, disse à Agência Sindical que a fala do ministro é inoportuna. “Hoje, a Previdência Social é mantida por 98% de contribuições do setor urbano e somente 2% do setor rural, mas todos os trabalhadores merecem se aposentar”, argumenta.
O primeiro secretário da Força, Sérgio Luiz Leite (Serginho), afirma que as centrais vão reafirmar a proposta de taxar o agronegócio na reunião desta terça-feira. “É uma benevolência dada ao agronegócio colaborar com 2,6% para a Previdência, enquanto a indústria arca com 20%, no mínimo. Quando o ministro diz que não aceita a proposta, ele está dizendo que se nega a colaborar com a aposentadoria do trabalhador do campo”, diz.
Fonte: Agência Sindical
Dia 29 de outubro, o pretendente Michel Temer publicou o documento “Uma ponte para o Futuro”, marcando compromisso com o mercado e o atraso. Empossado, passou a mover seus peões rumo às reformas neoliberais.
Ato pró-terceirização geral aconteceu dia 16 de junho, em SP, quando o titular da Casa Civil, Eliseu Padilha, falou a empresários e prometeu apoio do governo interino ao Projeto de Lei 4.330 (PLC 30/2015), que libera a terceirização na atividade-fim.
As centrais sindicais reagiram, com uma nota. De todo modo, o sinal está dado de que a terceirização – aprovada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – é prioridade para os interinos.
Entrevistas
A Agência Sindical reinicia série de matérias sobre o tema. O primeiro entrevistado é Antônio Augusto de Queiroz (Toninho), diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Caminho - “Após passar, a jato, pela Câmara, matéria tramita no Senado há cerca de 12 meses. Relator é o senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, que promoveu audiências e debates no Senado e pelo País.”
Trâmite - “Na condição de relator, Paim terá de rejeitar o texto vindo da Câmara e fazer um substituto ao Projeto de Lei. Para ter alguma chance de aprovação, o correto seria seu projeto de lei regulamentar as atividades e garantir direitos aos 12 milhões de terceirizados atuais. É a chance de aprovar."
Retorno - “Obtido isso, a matéria volta à Câmara, que não tem poder de restabelecer o texto original, mas pode mudar. Ainda que a Câmara mude, a matéria volta, de novo, ao Senado. Mas é preciso produzir um texto calibrado. Caso contrário, encontra resistência e não passa."
Sindicalismo - “O trabalho é homem a homem, falando com cada senador, em defesa de um texto que evite a precarização das relações de trabalho. Aí, os convencidos convencem os líderes partidários."
Timming - “E quando isso tem que começar? Já. Renan tem pressa. Paim pode segurar, no máximo, até agosto."
Governo - “Homens em postos-chave do governo interino já explicitaram posição pró-terceirização, mostrando alinhamento à posição empresarial."
Fonte: Agência Sindical/Diap
No próximo dia 1º de julho, durante a 9ª Jornada Brasil Inteligente, o arquiteto Ruy Ohtake apresenta a logomarca que criou para o projeto “Brasil 2022: o País que queremos”. O engajamento à iniciativa da CNTU converge com uma trajetória de mais de 50 anos de carreira, desde a formação em 1960 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), na qual vem cumprindo o desafio de aliar estética à cidadania e coloca o talento e a criatividade a serviço do bem-estar humano. “A arquitetura tem que encher os olhos da cidade. Tem que conseguir de alguma forma magnetizá-la e tem que mostrar o seu tempo. E pode ajudar a se ter uma cidade mais igualitária”, resume ele.
Fotos: Beatriz Arruda/SEESP
Ohtake recebeu a imprensa da CNTU para uma boa conversa
Uma das grandes intervenções de Ohtake nesse sentido é o projeto do Condomínio Residencial de Heliópolis, como ele fez questão de batizá-lo no lugar do tradicional “conjunto habitacional” utilizado para moradias populares – ou os Redondinhos, como foram apelidados pelos moradores os prédios circulares criados pelo arquiteto. Localizado na comunidade de 190 mil pessoas na Zona Sul da capital paulista, o empreendimento abrigou 400 famílias nas duas primeiras etapas e receberá mais 400 quando estiver pronta a terceira. Selecionados entre os que viviam nas áreas de maior risco, às margens dos córregos poluídos que cortam o bairro e os que estavam na comunidade há mais tempo, os felizes habitantes dos Redondinhos aprovaram o projeto. Até porque participaram da sua concepção desde o início, conforme contou o arquiteto em entrevista ao portal da CNTU.
Na conversa, Ohtake falou ainda sobre a participação na Art Basel, em 16 de junho, quando fez uma palestra sobre criatividade e tecnologia aplicada à arquitetura, dando exemplos de obras como o Pavilhão do Menino Pescador, localizado em Ubatatuba, no litoral paulista, o Hotel Unique, em São Paulo, e o Aquário do Pantanal, em Campo Grande. Essas estão numa lista extensa de realizações, que, entre outras, incluem o Centro de Memória e Cultura USP Leste; o Hotel Renaissance, a Embaixada do Brasil em Tóquio, Japão; o Hotel Golden Tulip Brasília Alvorada, na Capital Federal; e o Centro Cultural de Jacareí (SP).
Um retrospecto de “quatro décadas de carreira, mais o período 2008 a 2015”, pode ser conferido no livro Ruy Ohtake – Arquitetura e Design, a ser lançado no dia 4 de julho, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
Arquiteto ficou impressionado com o entusiasmo com que foi recebido em atividades no
sindicato dos engenheiros e, por isso, se colocou à disposição para trabalhos e palestras
O que o senhor achou do convite para criar a logomarca do projeto “Brasil 2022: o País que queremos”?
Ruy Ohtake - Há dois anos, estive no SEESP numa reunião, cuja pauta era a discussão de alguns itens importantes para os engenheiros e para o desenvolvimento do Brasil. No ano passado, fui premiado pelo sindicato (prêmio Personalidade da Tecnologia em Desenvolvimento Urbano). Eu me propus, dentro do programa que o sindicato tem de aperfeiçoamento profissional, a fazer algumas palestras. Me propus a isso diante do entusiasmo que vi lá, não só da diretoria, mas do auditório lotado naquela noite. Acho que nós, com um pouco mais de anos de trabalho, temos obrigação profissional e de cidadão de discutir com os mais novos, todas essas questões que o sindicato levanta. A programação que o sindicato faz para o seus profissionais, é muito importante. Se todos tivessem o mesmo entusiasmo e as mesmas proposições, seria um intercâmbio importante para a formação, cada vez mais ligando o trabalho de todos nós aos propósitos do Brasil. Foi por isso que quando o Allen (Habert, diretor da CNTU) me convidou para fazer a logomarca, eu aceitei de muito bom grado e com muito entusiasmo. É um desafio um pouco diferente do que estou habituado com projetos de arquitetura ou de urbanismo, mas busquei fazer uma síntese. Apresentei três estudos e resolveu-se pegar duas das alternativas e fundi-las. Será apresentada na sexta-feira.
Qual o papel da arte e da cultura numa agenda como essa?
O Brasil 2022 é uma oportunidade boa para rediscutir o ambiente que houve há 100 anos, numa espécie de revigoramento da arte brasileira. A Semana de Arte Moderna foi muito importante, marcou muito 1922. Ao comemorar os cem anos, é uma oportunidade muito adequada para dar o passo, não de discutir o passado, mas de propor o “para frente”. Esse é o desafio que a CNTU tem, de fazer um chamado em nível nacional. Com os recursos e a criatividade que o Brasil tem, precisamos avançar. Estive na Art Basel, participando de um fórum cujo tema foi criatividade e tecnologia, então mostrei que apesar de não termos o mesmo nível tecnológico que os Estados Unidos ou alguns países europeus, temos essa capacidade de liberdade de criatividade que pode contribuir no conjunto.
Como foi a experiência de desenvolver os projetos para o bairro de Heliópolis? Qual a importância disso como arquiteto e cidadão?
Esse é o projeto que a gente chama de Redondinhos, apelido dado de forma muito carinhosa pela comunidade e que ficou conhecido até na Suíça. Foi feito entre 2008 e 2009. Eu já tinha contato com a comunidade de Heliópolis antes e tenho por ela respeito e carinho. Eles mostraram que uma parte do futuro do Brasil está lá. Quem acredita no Brasil tem que acreditar em comunidade. Comecei a usar essa frase nas palestras, porque aquela comunidade é uma coisa impressionante. Tenho ido lá a cada 15 dias, com ou sem trabalho; às vezes só para tomar uma cachacinha no bar do Geraldo. Quando começamos, minha preocupação era que trouxesse dignidade para os moradores. Independe o custo, pode ser uma obra requintada ou simples, mas ambas devem ter dignidade. Fizemos uma mesa redonda com a comunidade e o resumo foi o seguinte: “Ruy, a gente não sabe viver em prédios muito grandes, com aqueles corredores. Se você puder pensar alguma coisa que não tenha corredor, seria ótimo.” Esses corredores tendem a virar lugar paras crianças andarem de skate, ou para as mulheres venderem bolo caseiro, mas também entram as drogas e a prostituição.
A ideia inicial foi um prédio de planta pequena, quadrado, com quatro apartamentos e a escada no centro. Mas toda intervenção que eu faço como arquiteto tem a questão da dignidade, mas também a plástica, a estética. Então, depois de uns 20 dias estudando voltei lá com uma proposta. Na hora que eu faço um círculo, não pode se colocar outro justaposto, tenho que automaticamente separar um do outro. Então, isso garante insolação, ventilação e um visual que eles nunca tiveram. Aprovar na Secretaria da Habitação foi um parto. Eles estão acostumados a fazer um prédio comum com corredor longo, que dá um aproveitamento X do terreno; os redondos dava menos. Após seis meses de discussão, a Prefeitura acabou topando. Colocamos o estacionamento fora do gradil que cerca a área e os redondinhos tem a seguinte característica: o chão é dos meninos, não tem que disputar com os carros. Ou seja, ficou um parque. É um projeto que pode ser colocado em qualquer bairro. A arquitetura pode ajudar a ter uma cidade mais digna, mas igualitária. A primeira etapa, para 200 famílias, foi concluída há três anos e foi um sucesso. Então, foi feita a segunda para mais 200. Está em construção a terceira etapa para 400 famílias. E não chamamos de conjunto habitacional, termo que traz tristes memórias, mas de Condomínio Residencial de Heliópolis. Qualquer trabalho nas comunidades carentes tem que ter esse lado da cidadania, não é só o profissional.
Qual o propósito estético da sua arquitetura, marcada pela curvas e cores?
A arquitetura tem que encher os olhos da cidade. Tem que conseguir de alguma forma magnetizar a cidade. E tem que mostra o tempo. Vamos voltar ao projeto da CNTU. Há cem anos, foi importante o movimento, então vamos tentar fazer um novo para os próximos cem. Essa questão dos movimentos refletirem a contemporaneidade é muito importante. E o Brasil é um país que sempre utilizou cores. Você vai ao interior da Paraíba, as casas são coloridas. E não é corzinha europeia, é a cor forte, a cor que eu chamo de compromisso. Desde recém-formado, comecei a usar cor, mas era um pecado. Até dez anos, acho que fui o único arquiteto que usava cor. E a curva exige um pouco mais de sensibilidade de quem constrói. Os materiais que nós temos são todos retos.
Qual a sua obra preferida?
Eu gosto de todas; a predileta é sempre a próxima que ainda não sei qual é.
Rita Casaro
Comunicação CNTU
O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cujo mantenedor é o SEESP, assinou, nesta segunda-feira (27/06), na Capital paulista, termo de cooperação técnica com o Instituto de Engenharia (IE) para cursos de capacitação. Antonio Octaviano, diretor de Extensão e Serviços de Consultoria do Isitec, comemorou a iniciativa, salientando que a faculdade do sindicato tem todo “o credenciamento para realizar cursos de extensão, capacitação, especialização e também a graduação em Engenharia de Inovação”.
Fotos: Paula Bortolini
Diretores do Isitec e do Instituto de Engenharia à mesa
que firmou parceria entre as entidades
Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do SEESP, no ensejo, destacou que a parceria significa ainda mais benefícios aos associados do sindicato e aos profissionais em geral. “É mais um passo importante que o Isitec dá e também mostra, na prática, a Engenharia Unida.”
Presidente do SEESP, Murilo Pinheiro (à esq), acompanha assinatura de parceria,
afirmando que era um passo concreto da Engenharia Unida
Por parte do IE, o vice-presidente de Administração e Finanças, José Olimpio Dias de Faria, disse que a entidade está trabalhando em discussões e estratégias para o desenvolvimento, com destaque especial ao agronegócio brasileiro que vem dando bons resultados ao País. Faria falou sobre o espaço para o coworking (é um modelo de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório) que o instituto está montando para trabalhar com inovação, empreendedorismo e tecnologia e convidou o Isitec a participar ativamente do projeto.
Diretoria do IE comemora convênio como uma evolução da engenharia
A parceria com o Isitec foi avaliada pelo vice–presidente de Assuntos Internos do instituto, Roberto Bartolomeu Berkes, como uma ação que “acompanha a evolução da engenharia”. Ele aproveitou, ainda, para parabenizar o SEESP pela criação e manutenção da faculdade. Miriana Pereira Marques, vice-presidente de Atividades Técnicas do IE, reforçou a importância do passo entre as entidades e afirmou que já existem muitas ideias para serem colocadas em prática, conclamando os presentes a já estabelecerem um cronograma de reuniões.
A assinatura foi acompanhada, ainda, por outros diretores do Instituto de Engenharia e pelo consultor da Pós-Gradução do Isitec, Denésio de Andrade Carvalho.
Engemaker
Logo após a assinatura, Pinheiro e os diretores do Isitec visitaram o empreendimento Engenho Maker, fruto de contrato entre o IE e a Engemaker, que prevê a implantação e operação de espaços “makers” e coworking. O espaço oferece aos associados do instituto, bem como ao público em geral, acesso a ferramentas específicas, tais como, impressora 3D, CNC, cortadora a laser, torno e fresa, dentre outras. O objetivo dessa iniciativa é proporcionar ao cidadão comum a utilização das ferramentas e tecnologias necessárias para a criação de seus projetos e estimular a inovação e a resolução de problemas.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Com informações de Paula Bortolini
O desenvolvimento da sociedade humana está atrelado à transformação do meio ambiente e obtenção de energia. Durante o desenvolvimento da nossa sociedade ficou evidente a carência de energia em todos possíveis locais da convivência humana, e nas últimas décadas temos visto o apelo de várias vozes que nos mostram o iminente do fim dos combustíveis fósseis, o imenso impacto ambiental causado por essas fontes de energia e a insustentabilidade do modo como obtemos a energia que nos move. Enquanto isso, em muitas frentes, temos o desenvolvimento de novas formas de geração de energia e recentemente vivemos o reconhecimento das fontes renováveis, não mais como fontes de energia alternativa, mas como fontes de energia primárias, cujas principais representantes são:
• Energia Hidrelétrica
• Biomassa
• Energia Eólica
• Energia Solar
Todas as formas de energia que conhecemos derivam da energia solar. É a energia do sol que altera o estado físico da água, fazendo com que essa migre e possa ser represada e aproveitada nas usinas hidrelétricas. O aquecimento das massas de ar provoca os ventos, que são aproveitados nos aero-geradores dos parques eólicos. É a energia solar, absorvida na fotossíntese, que dá vida às plantas utilizadas como fonte de energia de biomassa. Até mesmo o petróleo, que vem de restos de vegetação e animais pré-históricos, também é derivado do sol, pois este deu a energia necessária ao aparecimento da vida na terra em eras passadas. Podemos através desse ponto de vista, considerar que todas as formas de energia são renováveis, infelizmente não em escala humana. As formas de energia renovável citadas acima são as que se renovam cada dia, permitindo um desenvolvimento sustentável da vida e sociedade humana.
Energia Solar Fotovoltaica
O efeito fotovoltaico, observado pelo físico francês Alexandre Edmond Becquerel em 1839, consiste no aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de um semicondutor, quando esse absorve a luz visível. São incontestáveis as vantagens da energia solar fotovoltaica:
• A matéria prima é inesgotável
• Não há emissão de poluentes durante a geração da eletricidade
• Os sistemas podem ser instalados em todo o globo terrestre
• A densidade (o fluxo de potencial que chega à superfície terrestre) (<1kW/m²)
• A energia solar disponível em uma localidade varia sazonalmente, além de ser afetada pelas condições atmosféricas
• Os equipamentos de captação e conversão requerem investimentos financeiros iniciais mais altos. O baixo fluxo de potencial solar requer grande área captadora, para obter maiores potências. A variabilidade da Irradiação Solar implica no uso de sistemas de armazenamento, que são, em geral, pouco eficientes. Já o alto investimento inicial, leva a considerar a viabilidade econômica de um projeto, tendo em conta sua vida útil e todas as vantagens da utilização dessa forma de energia (retorno médio de 5 a 6 anos, ou seja, você antecipa o custo de 5 anos de energia para ter 25 ou 30 anos entregues para você. Pague em 5, leve 25).
Sistemas fotovoltaicos
Um sistema fotovoltaico é uma fonte de potência elétrica, na qual as células fotovoltaicas transformam a Radiação Solar (energia luminosa) diretamente em energia elétrica. Os sistemas fotovoltaicos podem ser implantados em qualquer localidade que tenha radiação solar suficiente. Sistemas fotovoltaicos não utilizam combustíveis, não possuem partes móveis, e por serem dispositivos de estado sólido, requerem menor manutenção. Durante o seu funcionamento não produzem ruído acústico ou eletromagnético e tampouco emitem gases tóxicos ou outro tipo de poluição ambiental, ao contrário as energias oriundas de combustíveis fósseis.
A confiabilidade dos sistemas fotovoltaicos é tão alta, que são utilizados em locais inóspitos como: espaço, desertos, selvas, regiões remotas, etc.
Classificação dos sistemas fotovoltaicos
Os sistemas fotovoltaicos são classificados de acordo à forma como é feita a geração ou entrega da energia elétrica em: Sistemas Isolados e Sistemas conectados à rede.
Sistemas Isolados
Um Sistema Fotovoltaico Isolado é aquele que não tem contato com a rede de distribuição de eletricidade das concessionárias. Os sistemas isolados podem ser com ou sem armazenamento elétrico.
Sistemas Isolados – com Armazenamento (SFVI-Off-Grid)
Um sistema fotovoltaico com armazenamento é aquele que não possui outra forma de geração de eletricidade. Devido ao fato de o sistema só gerar eletricidade nas horas de sol, esses sistemas são dotados de acumuladores que armazenam a energia para os períodos sem sol, o que acontece todas as noites, e também nos períodos chuvosos ou nublados.
Sistemas Isolados- sem Armazenamento (SFVI-Off-Grid)
São sistemas que funcionam somente durante as horas de sol. Temos como exemplo os sistemas de bombeamento de água. As características das bombas são calculadas levando em consideração a necessidade água e o potencial Solar da localidade. O painel fotovoltaico é dimensionado para fornecer potencial para a bomba. Apesar de, geralmente, não utilizarem sistemas de armazenamento elétrico, o armazenamento energético é feito na forma de água no reservatório.
Componentes de Um Sistema Fotovoltaico Isolado não conectado à rede (SFVI-Off-Grid))
Um sistema fotovoltaico residencial isolado, geralmente, possui os seguintes componentes:
1 – Painel fotovoltaico;
2 – controlador de Carga/Descarga das baterias;
3 – banco de baterias;
4 – inversor autônomo, para cargas em CA; e
5 – cargas CC ou CA.
Sistemas Conectados à Rede (SFVCR-On-Grid)
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede fornecem energia para as redes de distribuição. Todo o potencial gerado é rapidamente escoado para a rede, que age como uma carga, absorvendo a energia.Os sistemas SFVCR dependem de regulamentação e legislação favorável, pois usam a rede de distribuição das concessionárias para o escoamento da energia gerada (resolução normativa nº 482/2012 complementada pela 687/2015 da ANEEL).
Componentes de Um Sistema Fotovoltaico Conectado À Rede (On-Grid)
Um sistema fotovoltaico conectado à rede, geralmente, possui os seguintes componentes:
1 – Painel fotovoltaico;
2 – caixa de Junção do painel fotovoltaico;
3 – cabeamento;
4 – inversor Grid-Tie(Transforma a corrente contínua dos módulos fotovoltaicos em corrente alternada, tensão e frequência compatível com a rede elétrica do consumidor); e
5 – medidor(es) de energia.
Efeito Fotovoltaico
O termo fotovoltaico significa a transformação da radiação solar diretamente em corrente elétrica, utilizando as células fotovoltaicas, também chamadas de células solares. As células fotovoltaicas são constituídas de materiais semicondutores como: silício, arseneto de gálio,telureto de cádmio ou disseleneto de cobre e índio (gálio). O silício monocristalino é o mais utilizado, mas astecnologias de película fina ganharam mercado com a produção em larga escala.
Princípios de funcionamento
Os semicondutores possuem a banda de valência totalmente preenchida e a banda de condução totalmente vazia a temperaturas muito baixas. A separação entre as duas bandas de energia, chamada degap de energia, é em torno de 1 V.Nos isolantes o gap é de vários Volts, variando conforme o material.Isso dá aos semicondutores determinadas características especiais, como o aumento da sua condutividade com o aumento da temperatura, devido à excitação dos elétrons da banda de valência para a banda de condução. Outra característica importante, é a possibilidade de fótons, na faixa do visível e com energia suficiente, excitarem os elétrons. Esse efeito que acontece nos semicondutores puros, chamados de intrínsecos (i), por si só não permite o funcionamento do material com célula fotovoltaica, pois a maioria dos elétrons volta a se recombinar.
Cada átomo de silício tem quatro elétrons de valência, e para atingir uma configuração estável se ligam a quatro átomos vizinhos, formando uma rede cristalina. Nesse caso, não há elétrons livres.Para potencializar o efeito fotovoltaico o cristal de silício é dopado com substâncias que alteram a sua rede cristalina. Se ao silício for misturado átomos de Arsênio ou de Fósforo que possuem 5 elétrons de valência, um desses elétrons ficará livre, permitindo que com pouca energia térmica esse elétron salte para a banda de condução. Esse tipo de impureza é chamado de doadora de elétrons, ou dopante n.
Se doparmos o silício com materiais como o Alumínio ou Boro, que possuem 3 elétrons de valência, faltará um elétron para criar uma ligação covalente. Esse buraco se comporta como uma carga positiva, já que com pouca energia térmica um elétron vizinho vem ocupar esse buraco, deixando um buraco onde estava fazendo com que haja uma movimentação do buraco. Esse tipo de impureza é chamado de dopante p.Se combinarmos as duas impurezas no mesmo cristal intrínseco de silício, formamos uma Junção P-N. Na área de contato da junção, os elétrons livres do semicondutor Tipo-N fluem para os buracos do semicondutor Tipo-P até que se forme um campo elétrico que impede o fluxo permanente de elétrons. Se a Junção P-N for exposta à radiação solar, os fótons com energia superior ao gap liberam mais buracos-elétrons livres que criam uma corrente elétrica na área da junção. Alguns dos elétrons liberados são recombinados, se não forem capturados. Além disso, nem todo o espectro da radiação é aproveitado.
Células Fotovoltaicas
Uma célula fotovoltaica é a unidade básica de um sistema fotovoltaico. É a responsável pela conversão da radiação solar em eletricidade. Como uma única célula não é suficiente para gerar potências elétricas elevadas, os fabricantes associam várias células, e as encapsulam para proteção, formando assim um módulo fotovoltaico. Os módulos comerciais diferem entre si por vários fatores, como a capacidade de gerar potencial, chamado de potência-pico, fator de forma, área, etc. E esses valores se alteram de acordo ao tipo de célula fotovoltaica utilizada.
Operação de Sistemas Fotovoltaicos Comerciais
A operação de um Sistema Fotovoltaico é quase imperceptível. Não existem partes móveis edispensa operadores. A instalação também é rápida. A manutenção que o sistema exige, é no sentido de obter um rendimento superior,aproveitando ao máximo o sol disponível. Mesmo sem manutenção o sistema pode funcionarpor muitos anos.
Vantagens de um sistema fotovoltaico
Ao instalar este Sistema em sua empresa, você estará evitando uma grande emissão CO² porano, principalmente oriundos da operação das usinas termoelétricas que gera um enorme impacto ambiental no longo prazo.
Como funciona o sistema de compensação de energia
Pela Resolução Normativa Nº 482 e 687/2015 da ANEEL, sua empresa pode ter um SistemaFotovoltaico e conecta-lo à rede elétrica, através do Sistema de Compensação de Energia.Assim, você pode abater da sua conta de energia,toda a energia que você gerou. O medidor registrará dois valores: energia consumida e energia xxportada.
Caso ocorra valor negativo entre a energia consumida e a energia exportada, o consumidor só irá pagar essa diferença, obedecendo os critérios próprios para a classe de fornecimento do consumidor. Para a condição positiva, gerará créditos junto à concessionária local, com validade até 60 (sessenta meses) (artigo 6º # 1º da Resolução Normativa 687/2015 da ANEEL).
Bibliografia
Livro digital blue-sol
Resolução Normativa ns 482/2012 e 687/2015 da ANEEL
Normas ABNT NBR Nºs 11.704 - 11.877 – 11.876 - 10.899 – 14.298
Absolar -Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica
PRODEEM – Plano de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios
* Ailton Nogueira, engenheiro eletricista formado em 1969 pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-MG) e de segurança do trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) na área de eletricidade de potência. Atualmente atuando em projetos para instalação de sistemas fotovoltaicos residências e industriais. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Artigo publicado, originalmente, no Jornal do Engenheiro, Edição 493, de julho de 2016.
A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) lançará, na próxima semana, a nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”. Com foco em Cidades, o documento traz uma série de diagnósticos e propostas sobre a qualidade de vida nas cidades e o desenvolvimento local. Em ano de eleições municipais e com o cenário econômico instável, o documento coloca os engenheiros no centro dos desafios: identificação de problemas prioritários, avaliação de alternativas para enfrentamento e superação, e definição de caminhos para implementar tais soluções.
As reflexões e proposições do documento versam sobre temas como finanças, mobilidade e transporte, saneamento básico, habitação, iluminação e internet pública. Com foco na boa gestão das localidades, a Federação irá debater e encaminhar suas análises para os candidatos às eleições municipais, representando a contribuição dos engenheiros para a formulação de planos e programas de governo.
“Entendemos que os recursos são escassos, tendo em vista a dependência dos municípios em relação aos estados e à União. Pelos nossos estudos, vimos que falta também capacidade administrativa e técnica para elaborar, executar e fiscalizar projetos e obras. Em outras palavras, as cidades brasileiras carecem de engenharia e estamos cumprindo nosso papel e pretendemos contribuir para as novas gestões municipais”, analisa Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da FNE.
As questões urbanas dizem respeito a 84% da população brasileira que vive nas cidades, de acordo com o último censo do IBGE. O Brasil é o país mais urbanizado entre os BRICS e sua taxa de urbanização é quase igual à da França (85%) e pouco maior que a dos Estados Unidos (82%), que têm receitas públicas e padrão de qualidade da vida urbana muito superiores. O tamanho do desafio enfrentado nos 5.570 municípios brasileiros envolve mais de 190 milhões de habitantes demandando condições de vida, trabalho, convívio e lazer minimamente dignas.
O projeto Cresce Brasil completa dez anos em 2016 e segue a mesma metodologia, com a análise de especialistas e acadêmicos, elaboração de notas técnicas e eventos para debater os cenários e formular caminhos parta as soluções. Na edição “Cidades”, os engenheiros ressaltam que é urgente formular novas modalidades de desenvolvimento de projetos em infraestrutura urbana, de maneira a canalizar esforços fiscais para projetos de investimento resultantes de planejamento integrado, com informações sobre o território (demanda e oferta), boa engenharia e, elemento indispensável, gestão eficaz.
Alguns temas
Detalhando o conteúdo do novo documento, as propostas na área de habitação de qualidade focam em duas questões centrais: a urgência de regularização fundiária e a necessidade de assistência técnica para melhorias em residências e a consequente saída da informalidade. O documento traz ainda um balanço do programa Minha Casa Minha Vida que já entregou aos beneficiários mais de 2,6 milhões unidades, e já efetivou investimentos de R$ 294,5 bilhões, o que representa 45% do montante contratado.
No que diz respeito à mobilidade urbana, as análises dos engenheiros mostram a urgência de planejamento urbano e organização da gestão pública. Sobre os desafios e a precariedade do saneamento básico, o documento destaca dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que demonstram que cada real aplicado em saneamento resulta em economia de R$ 4,00 nos custos do atendimento à saúde pública. Apesar da parcela da população brasileira com acesso a redes de coleta de esgotos sanitários ter evoluído de 44,5% em 2009 para 48,6% em 2013, cerca de 100 milhões de cidadãos ainda não são atendidos.
Outra área que soma esforços da FNE há tempos, a Iluminação Pública é foco de um projeto de lei que está tramitando no Senado Federal. A iluminação pública está diretamente ligada à segurança – pois previne a criminalidade –, estimula o comércio, embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza monumentos, prédios, praças, paisagens e permite melhor aproveitamento das áreas de lazer. De acordo com as análises, um projeto técnico de modernização e eficientização de uma cidade, que leve a uma melhoria significativa no nível de iluminação do sistema, também pode culminar em reduções de consumo de energia elétrica superiores a 50%, autofinanciando sua execução e gerando demanda firme por produtos industrializados no País.
Movimento Engenharia Unida - Lançado neste ano pela FNE, o movimento defende a valorização da profissão, destacando os engenheiros como protagonistas para o crescimento e desenvolvimento, inclusive na gestão pública. O quadro de crise nacional coloca para a engenharia brasileira um desafio adicional, que se apresenta como uma exigência à categoria: a união de propósitos e esforços dos profissionais no sentido de sua ação coordenada e a serviço do progresso do País, com urgência, demanda “muita engenharia”.
Fonte: Renata Dias/InPress
Enquanto perdurar o caráter transitório da atual cena política brasileira, com uma presidente afastada e um vice-presidente em exercício e a sucessão escandalosa de delações que tem sido para os brasileiros bestializados a oração cotidiana, reconheço ser muito difícil a expressão concreta e imediata da unidade de ação sindical.
Por desconfiança, por ressentimento, por incompreensão e por oportunismo as direções sindicais resistem a adotar posicionamentos comuns, embora ocorram reuniões e conversas qualificadas que apontam a possibilidade e a necessidade de tal comportamento e balizam sua reconstrução gradativa.
A unidade de ação deve ser reconstruída, mesmo neste período transitório e isto por duas razões principais. A primeira delas é a experiência unitária recente que produziu vitórias e avanços; sirva de exemplo-mãe a política de valorização do salário mínimo.
A segunda razão é a consolidação da equipe econômica do governo, a mais neoliberal, homogênea e poderosa da história recente do país e que já confronta o movimento sindical dos trabalhadores com uma pauta regressiva que, para se enfrentada com êxito, exigirá a máxima unidade, garantidora de mobilização maciça.
São três o eixos em torno dos quais já se deve construir a unidade para a resistência:
1- A pauta econômica geral, com o completo predomínio dos rentistas, que impõem estado-mínimo, corte de verbas sociais, desnacionalização, privatização e jurolândia nas alturas; a pauta econômica é pró-recessiva;
2- A pauta da reforma previdenciária que pretende passar uma lixa grossa nos benefícios da previdência pública;
3- A pauta antissindical que visa privilegiar o negociado sobre o legislado nas condições vigentes de fragilidade sindical (recessão, dificuldades da representação sindical e ações jurídicas e patronais); a pauta antissindical também se manifesta na legalização da terceirização.
À resistência nestes três eixos pode-se acrescentar a difícil luta parlamentar pela legalização dos recursos sindicais que, se não contar com a unidade plena das direções, dificilmente chegará a bom termo.
* João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical
Responsável por 5% das emissões de CO2 no mundo, a produção global de cimento pode se tornar mais sustentável graças à pesquisa científica e a inovações tecnológicas, defendeu José Goldemberg, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na conferência de abertura do 7º Congresso Brasileiro de Cimento, realizado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), entre 20 e 22 de junho, em São Paulo (SP).
No Brasil, a participação da indústria cimenteira nas emissões de CO2 é metade da média mundial, cerca de 2,6%. De acordo com Goldemberg, isso se deve a inovações já adotadas pelo setor e que estão sendo identificadas e avaliadas por um estudo sobre as tecnologias voltadas à produção de cimento no país, do qual é coordenador técnico.
“Para cada tonelada de cimento produzida no Brasil são emitidos 600 kg de CO2, o que está abaixo da média mundial, de cerca de 900 kg por tonelada, mas ainda representa um desafio se considerarmos que a produção precisa ser incrementada diante das diversas demandas pelo produto. Apesar das variações ao longo do tempo, há um decréscimo de 1% das emissões ao ano – pequeno, mas importante, e que pode ser ampliado se forem reforçadas medidas como a busca por novas fontes de energia, como a biomassa, e a intensificação do uso de adições ao clínquer”, disse.
Produto da calcinação de calcário e argila em fornos que chegam a até 2 mil °C de temperatura, o clínquer é a base da “receita” do cimento. Boa parte da redução das emissões de CO2 se deve à diminuição da porcentagem dessa matéria-prima, altamente poluente, no processo de produção. Além disso, muitas indústrias utilizam filtros que reduzem a poluição gerada ao longo do processo da produção do cimento e substituem parte do combustível fóssil queimado nos fornos por biomassa ou lixo, como pneus usados.
Essas e outras medidas estão sendo identificadas pelo mapeamento, parceria da indústria nacional do cimento com a Agência Internacional de Energia (IEA), o Conselho Empresarial Mundial de Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês) e a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês).
“Trata-se de uma iniciativa atrelada aos compromissos assumidos pelo Brasil em Paris, na 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), mas considerando a importância da expansão do setor diante das demandas nacionais, atendendo a viabilidade econômica e tendo como horizonte o ano de 2050”, disse Goldemberg.
Para o embaixador José Antônio Marcondes, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, reduzir as emissões de CO2 é, além de uma necessidade ambiental, uma maneira de modernizar o setor e fazê-lo avançar tecnologicamente.
“A COP 21 não foi apenas sobre o clima, mas também sobre desenvolvimento. Ao reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa, nós estaremos utilizando tecnologias melhores, mais eficientes e que, portanto, trazem benefícios não só do ponto de vista ambiental, mas também para os negócios”, afirmou. “É uma relação em que todos ganham”, completou Goldemberg.
Alternativas
Entre as inovações apresentadas ao longo do congresso esteve uma nova formulação para a produção de cimento, desenvolvida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) com o apoio da FAPESP. Os pesquisadores conseguiram aumentar a proporção de filler de calcário cru, matéria-prima que dispensa a calcinação pela qual é obtido o clínquer e que é responsável por mais de 80% do consumo energético e 90% das emissões de CO2 (leia mais em agencia.fapesp.br/17215).
Empregado desde a década de 1970, o filler não podia ter sua quantidade aumentada na fórmula do cimento por comprometer a qualidade do produto. Os pesquisadores desenvolveram uma formulação com teores de 70% da matéria-prima sem prejuízos ao produto final, o que possibilita ampliar a produção de cimento sem que seja necessária a construção de mais fornos.
Além das melhorias no processo de produção, Goldemberg destacou a importância dos combustíveis alternativos para a sustentabilidade do setor, que podem substituir o coque – resíduo sólido obtido da eliminação da maior parte do material volátil de combustíveis líquidos, como óleos pesados derivados da destilação do petróleo, ou de combustíveis sólidos, como o carvão mineral.
“Cerca de 65% do combustível usado para produzir cimento é coque de petróleo, mas há várias alternativas que podem ser adotadas. Na indústria cimenteira da Polônia, por exemplo, 80% dos combustíveis vêm dos resíduos urbanos, o que ajuda a resolver dois problemas: o da sustentabilidade na produção do cimento e o das prefeituras, que não tinham mais onde pôr o lixo das cidades após a União Europeia proibir a existência de lixões”, contou.
Para José Otavio Carneiro de Carvalho, presidente do SNIC, essas e outras medidas são necessárias para que a indústria supra as diversas demandas da sociedade por cimento.
“O Brasil, como país em desenvolvimento, tem um importante programa de infraestrutura a ser construído, e o cimento é a base para moradias, hospitais, escolas, portos, aeroportos, estradas, rodovias, hidrelétricas. O desafio é produzir o cimento necessário para o desenvolvimento buscando, ao mesmo tempo, soluções para reduzir ainda mais as emissões de CO2 e melhorar a eficiência energética. A ciência e a tecnologia são importantes aliadas nesse sentido.”
De acordo com a Portland Cement Association, dos Estados Unidos, o consumo mundial de cimento deverá crescer 3,7% até o fim do ano e 4% em 2017. Em 2015, foram consumidos mais de 4 bilhões de toneladas do produto.
Fonte: Agência Fapesp/Diego Freire
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e a Fundação Abertis realizam a cerimônia de entrega do 1° Prêmio Cátedra Abertis-USP de Gestão de Infraestruturas de Transportes de Melhor Tese de Doutorado e Melhor Dissertação de Mestrado de 2015 na área de Engenharia de Transportes no Brasil. O evento será realizado no dia 1º de julho, no prédio do Departamento de Engenharia Civil da Poli, no campus da USP no Butantã, em São Paulo.
A Poli-USP foi premiada na categoria Melhor Tese de Doutorado. Sob orientação do professor José Alberto Quintanilha, do Departamento de Engenharia de Transportes (PTR) da Poli, o pesquisador Luis Augusto Manfré trabalhou no uso de imagens de sensoriamento remoto para identificar e mapear as áreas de deslizamentos associadas a rodovias. Saiba mais aqui.
Como melhor dissertação de mestrado foi escolhida uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará. Também serão premiados dois trabalhos na categoria Menção Honrosa, um em doutorado e outro em mestrado. Ambos são da Escola de Engenharia de São Carlos da USP. A premiação é patrocinada pela Chairs Abertis International Network Arteris e tem apoio da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) e da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet).
Fonte: Poli-USP