A construção de um país sério é também a construção das suas instituições. Povo forte, instituições sólidas. País fraco, instituições e entidades frágeis, descontinuadas e sem credibilidade.
Nesse sentido, o Dieese merece ser louvado e aplaudido. A instituição, criada em 22 de dezembro de 1955, por um grupo de Sindicatos, cresceu, se firmou, agregou excelência técnica, ampliou dimensão política, expandiu sua assessoria e fortaleceu a prestação de serviços.
Sinceramente, nenhum de nós imaginaria o Brasil moderno e, em particular, o sindicalismo nacional sem a companhia do Dieese. Aqui mesmo na Agência Sindical, o Dieese é presença constante, como base de informações, fonte de consulta e orientação para nossas publicações. Registro que Clemente Ganz Lúcio, seu qualificado diretor-ténico, é colunista deste Repórter Sindical.
Sábado (28), eu entrevistava Antonio Rogério Magri sobre os 60 anos da instituição. E ele, sempre muito perspicaz, fazia observações interessantes. O ex-ministro do Trabalho apontava a original engenharia interna do Dieese, que combina, de forma harmônica, direção técnica e direção política.
Para Magri, essa relação equilibrada e dinâmica contém uma das explicações para a longevidade e credibilidade do Dieese. Magri ressalta a conduta dos técnicos da entidade, que, em sua opinião, influem nas direções sindicais com a qualidade da assessoria, sem nunca querer dirigir diretorias.
Vale, a título de informação, navegar pelo site do Dieese e constatar a enorme quantidade de serviços prestados, sempre com qualidade e credibilidade. Ninguém ousaria duvidar do ICV Dieese. Tampouco contestar o valor do salário mínimo. Aliás, a expressão “salário mínimo do Dieese” já faz parte do vocabulário sindical e do mundo do trabalho.
Nesta semana, e até 22 de dezembro, a Agência Sindical vai tratar várias vezes do Dieese, que realiza importante Seminário Internacional quinta (3) e sexta (4). Vamos entrevistar sindicalistas, antigos dirigentes do Departamento e atuais integrantes, a fim de repercutir devidamente suas ações. Também pretendemos levantar programas de TV e vídeos que temos sobre e com gente do Dieese e replicar por meios dos nossos veículos.
Tomo, aqui, a liberdade de sugerir aos colegas da imprensa sindical que repercutam o Dieese daqui até o final do ano, levando para o conjunto das direções e para as próprias categorias representadas a real dimensão dessa instituição que o sindicalismo ousou criar, manter e bem utilizar ao encontro dos interesses maiores da classe trabalhadora e do Brasil.
Saúdo o Dieese pelos seus 60 anos, certo de que uma instituição com essa história, essa folha de serviços e esse compromisso faz bem ao sindicalismo, ao trabalhador e à Nação brasileira. Longa vida ao Dieese e que o sindicalismo, cada vez mais, saiba valorizar o conhecimento que organiza e a assessoria que não vende ilusões a ninguém.
* João Franzin é jornalista e diretor da Agência Sindical
Cumprindo agenda com os movimentos sociais em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na sede do SEESP, na Capital paulista, onde foi recebido pela diretoria do sindicato e do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), na manhã desta segunda-feira (7/12). Na ocasião, foi apresentado ao presidente o projeto da instituição de ensino do sindicato que iniciou suas atividades em fevereiro último com a primeira turma do curso de Engenharia de Inovação do País. Ao final, Lula falou rapidamente com a imprensa do sindicato.
Fotos: Beatriz Arruda/SEESP
Lula destaca ideia revolucionária dos engenheiros ao investir na formação dos cidadãos brasileiros
SEESP – Presidente, como o senhor vê a iniciativa do sindicato em criar uma faculdade de engenharia de inovação?
Lula - É uma ideia revolucionária o sindicato se preocupar e investir na formação dos cidadãos brasileiros. A criação de um curso de engenharia por uma entidade de classe é inusitada no Brasil. Recentemente, fui à Argentina visitar uma universidade criada pelos trabalhadores de hotéis, bares e restaurante; e, agora, fico feliz em ver o sindicato dos engenheiros criando a sua. Espero fazer uma visita à faculdade para depois levar, como exemplo, a experiência a outros sindicatos. O movimento sindical não pode agir mais como no século XX. Não é só reivindicar aumento de salário ou melhorias de condições de vida, é tentar propor coisas inovadoras para o País. Não tem nada que justifique mais a inovação do que a educação, portanto o sindicato está de parabéns em fazer esse investimento criando o Isitec.
SEESP – É um projeto que merece total apoio, presidente?
Lula – O projeto tem de ter a compreensão de todos nós, e o apoio também. É uma iniciativa inusitada, sobretudo superando o momento em que o Brasil passou muito tempo sem fazer investimento em infraestrutura. Ou seja, as pessoas estudavam engenharia e iam trabalhar no sistema financeiro. Eu lembro que quando começamos a discutir as ferrovias e a indústria naval, o Brasil não tinha esses profissionais. Tentar recriar a vontade pela formação em engenharia é acreditar na inovação, na competitividade, na produtividade, naquilo que vai dar ao Brasil condições de ser igual aos países mais desenvolvidos do mundo. É com a educação, e entendendo que a engenharia é extremamente sagrada para o desenvolvimento, que o nosso país vai ser no século XXI infinitamente melhor do que ele foi no século XX.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Quando se tem uma situação política conturbada em que os protagonistas estão empenhados em uma luta decisiva e uma severa recessão que castiga a economia, a sociedade e os trabalhadores, é bom que alguém se manifeste com firmeza de propósitos e rumo coerente apontando soluções.
Foi o que testemunhamos no dia 3 de dezembro (um dia depois da golpista e vingativa aceitação do pedido de impedimento presidencial) com o lançamento, em São Paulo, do Compromisso pelo Desenvolvimento, com a presença maciça de ativistas e dirigentes das seis centrais sindicais reconhecidas, lideranças empresariais de peso e de representantes da engenharia brasileira.
Os três grandes jornais paulistas, mesmo não noticiando o evento, haviam publicado como matéria paga o manifesto e as entidades signatárias. Dispenso-me, pois, de copiá-lo e de mencioná-las.
Destaco dois aspectos que considero as pepitas de ouro do acontecimento.
O primeiro, é óbvio, a unidade afirmada e demonstrada. Todas as intervenções, com as naturais diferenças de enfoque, foram unânimes em defender a necessidade da retomada do desenvolvimento, com o enfrentamento da recessão e mudança de rumos na economia.
E, coisa que reputo séria: o barata-voa da política e os dramáticos acontecimentos da véspera não contaminaram o evento. Pelo contrário, foram um ingrediente que, assimilado, impôs ainda mais unidade, firmeza e coerência aos participantes.
Destaco a participação criativa do Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioseconômicos] em todas as etapas do processo que culminou com o lançamento do Compromisso do Desenvolvimento e que prevê, desde já, uma ação em defesa da Petrobrás (dia 8, no Rio de Janeiro) e a visita às autoridades em Brasília, no dia 9, além de muitas outras iniciativas das entidades signatárias e das que estão aderindo ao movimento.
* João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical
Os engenheiros da Telefônica/Vivo, em três assembleias realizadas na última semana, rejeitaram a proposta final da companhia apresentada em reunião de negociação no dia 27 de novembro. A categoria avaliou que a proposta apresentada traz grandes prejuízos aos engenheiros, porque não repõe a inflação do período. Além disso, precariza a assistência médica ao enquadrar, dentro do novo programa de benefícios flexíveis (BeFlex), os profissionais em um padrão inferior de atendimento ao atualmente praticado. O SEESP já informou a empresa sobre a decisão da categoria e solicitou a reabertura das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho 2015.
Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Engenheiros acompanham apresentação de proposta da Telefônica/Vivo
em assembleia no dia 2 de dezembro
Novas assembleias serão realizadas nesta terça-feira (8/12), para discutir e deliberar sobre os próximos encaminhamentos da campanha salarial, com possibilidade de deflagração de greve, conforme a descrição abaixo:
Horário: 9h (1ª convocação) e 9h30 (2ª convocação)
Local: Hall de entrada do CRSO Santana
Avenida Ataliba Leonel, 2.419 – São Paulo/SP
Horário: 11h (1ª convocação) e 11h30 (2ª convocação)
Local: Sede da empresa
Rua Martiniano de Carvalho, 851 – São Paulo/SP
Horário: 14h30 (1ª convocação) e 15h (2ª convocação)
Local: Térreo da sede da Telefônica/Vivo
Avenida Doutor Chucri Zaidan, 860, no refeitório, Brooklin – São Paulo/SP
Imprensa SEESP
Ao encontro de resolução aprovada no IX Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), realizado entre 5 e 7 de outubro último, em Campo Grande (MS), os sindicatos filiados à FNE estão empenhados na criação dos Senges Jovens. “Ter pessoas que possam continuar nosso trabalho é um passo muito importante”, afirmou Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da federação. Nesse sentido, Goiás, São Paulo e Amazonas já montaram estruturas específicas para abrigar esse público. O Núcleo Jovem Engenheiro do Seesp realizou, em 7 de novembro, o seminário “Desafios profissionais e o protagonismo do jovem engenheiro”, na capital paulista. Marcellie Dessimoni, coordenadora do núcleo, classificou a atividade como um “pontapé” inicial desse trabalho: “Estamos num momento de construção, por isso precisamos da participação ativa do estudante e do recém-formado. Queremos e precisamos fazer a diferença.”
Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Estudantes de engenharia de São Paulo aprovam seminário realizado no dia 7 de novembro, no SEESP,
onde protagonimo do jovem e desafios profissionais foram abordados
Segundo Robinson Luiz Quirino Muniz, estudante do terceiro ano de Engenharia Ambiental na Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul (Aems), que se deslocou do seu estado com a aluna do mesmo curso Paloma Pereira da Silva para participar do seminário em São Paulo, a experiência foi positiva. “Tivemos uma verdadeira explosão em nossa mente, tantas foram as informações que nos passaram sobre a organização sindical e os nossos direitos.” O presidente do Senge-MS, Edson Shimabukuro, convergente com esse entusiasmo, diz que o sindicato estudará formas de trazer os novos engenheiros e estudantes para atuarem junto à entidade. E conclamou: “Precisamos dessa oxigenação para a continuidade e crescimento do nosso movimento.”
Luca José Gontijo é o presidente do recém-criado Senge Jovem Goiás, que conta com um vice-presidente e três diretorias – relações institucionais, públicas e acadêmicas –, com mandato de um ano. Cursando o sétimo ano de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Gontijo informa que são realizadas duas reuniões mensais para discussão das demandas dos estudantes da área. “Acredito que essa abordagem desde já possibilita a formação de pessoas mais ativas para lutarem pelas causas da engenharia”, opina. Claudio Henrique Bezerra, primeiro secretário do sindicato goiano, também aposta na criação de novas lideranças. “Apesar da existência recente, o movimento já alcançou alguns primeiros resultados animadores, como a participação cada vez maior de estudantes em atividades do sindicato, como reuniões e eventos corporativos”, reforça Bezerra. Uma dessas iniciativas aconteceu em 19 de novembro último, no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO): a palestra “Carreira e exercício profissional: responsabilidade e produtividade em primeira mão”, ocasião em que foi apresentado o Senge Jovem.
Foto: Caroline Santana/SengeGO
Luca José Gontijo, ao microfone, na apresentação do Senge Jovem de Goiás, em 19 de novembro
Em setembro deste ano, foi criado o Senge Jovem Amazonas, que já conta com 370 associados, entre recém-formados e acadêmicos, com 22 a 25 anos de idade. “A associação é de graça. É uma ferramenta de fortalecimento do sindicato de base”, define Saulo Pereira de Souza, formado há um ano em Engenharia Civil e coordenador do novo espaço. Segundo ele, a estrutura promove cursos de formação política e sindical e palestras sobre outros temas pertinentes à representação da categoria e à profissão. Além disso, prossegue Souza, foi criado o banco de talentos com o currículo desses jovens para ser devidamente disponibilizado ao mercado de trabalho. Também estava prevista a realização, de 7 a 11 de dezembro, da “Semana de Engenharia – Protagonismo do jovem engenheiro”.
Disciplina eletiva
No Maranhão, a experiência com o público jovem começou em 2006 com um projeto de visitação regular às universidades de todo o estado. “Isso criou um vínculo muito consistente entre o sindicato e os jovens, resultando, inclusive, na criação, em 2008, pela universidade federal local (UFMA), da disciplina eletiva “Engenharia, sociedade e segurança do trabalho”, que está sob a nossa responsabilidade”, informa Maria Odinéa Melo Santos Ribeiro, diretora do Senge-MA. Um próximo passo, acrescenta a dirigente, é a formação do Senge Jovem.
A mesma preocupação fez com que o Senge-RS, atendendo aos objetivos definidos em seu planejamento estratégico, mapeasse todas as escolas de engenharia existentes no Rio Grande do Sul. A partir disso, vem realizando uma série de visitas e palestras aos professores e alunos desde o semestre inicial até as turmas de formandos. “Trata-se de um trabalho permanente, com perspectivas de ampliação. Provavelmente para o próximo ano venhamos a ter o Senge Jovem, dando maior visibilidade a nossa atuação e perspectivas de acolhimento desse público”, avisa a diretora Nanci Begnini Giugno. Nos encontros com os estudantes, são apresentados os diversos benefícios oferecidos pelo sindicato, esclarecidos os direitos que os profissionais têm, bem como a política da entidade em termos de ação sindical, qualificação profissional e inserção na sociedade. Tal tarefa, de acordo com Giugno, já se faz sentir no “crescimento de sócios de faixa etária mais jovem”.
Foto: Senge-RS
Presidente do sindicato gaúcho, Alexandre Wollmann, fala sobre valorização profissional
e mercado de trabalho aos estudantes de engenharia
O presidente do Senge-PI, Antonio Florentino de Souza Filho, participou do seminário em São Paulo e observou que a ação da FNE é acertada porque o movimento sindical precisa ser renovado com essa geração para buscar novos rumos à engenharia. O sindicato piauiense também realiza atividades com os alunos dos cursos de engenharia e está estudando a criação de uma estrutura específica para abrigar essa demanda. Por Rosângela Ribeiro Gil.
* Matéria publicada no jornal Engenheiro, da FNE, Edição 163 de dezembro de 2015. Para ler o jornal na íntegra clique aqui.
Uma dissertação de mestrado da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (EEL-USP) buscou encontrar novos materiais que possam ser utilizados como sensores e atuadores (elementos que produzem movimento, a partir de comandos manuais, elétricos ou mecânicos), levando em conta o custo e a maior magnetostricção dos materiais, criando um transdutor para a realização dos testes. A magnetostricção é um fenômeno físico na qual os materiais se deformam fisicamente (dilatam ou contraem) somente com a aplicação de um campo magnético, que interage com a componente magnética dos átomos do material, gerando um afastamento ou aproximação.
Sob a orientação da professora Cristina Bormio Nunes, o engenheiro de materiais Mateus Botani pesquisou ligas de ferro e alumínio (Fe-Al) com adição do elemento químico boro (B), que têm um custo reduzido e potencial para serem utilizadas em equipamentos de movimento e captação. Na magnetostricção os valores de deformação são pequenos, por volta de dezenas de partes por milhão. “Imagine que eu aplique um campo magnético em uma barra do nosso material [Fe-Al-B] de 100 metros de comprimento, a deformação seria por volta de 7 milímetros!”, cita Botani.
Entretanto, a principal aplicação dos materiais magnetostrictivos está relacionada com sensores e atuadores, já que as propriedades magnéticas dependem do estado de tensão do material. Estes materiais são aplicados em diversas áreas, como por exemplo, a automobilística (sensores para medir o torque do eixo de virabrequins e atuadores que permitem o funcionamento da injeção eletrônica nos carros), médica (atuadores para manipulação de endoscópios, instrumentos com câmaras e bisturis que são utilizados em cirurgias pouco invasivas), militares (sonares subaquáticos) e energéticas (coletores de energia que transformam a energia mecânica do ambiente em energia elétrica, como a eólica).
Para a realização dos testes, foi construído um transdutor, que é um aparelho que transforma um tipo de energia em outra (como um microfone, que transforma as ondas sonoras em energia elétrica e, no caso da magnetostricção, a energia eletromagnética em energia mecânica, que gera a deformação do material). Botani estuda materiais magnetostrictivos desde 2010, na qual realizou uma iniciação científica com o tema. Seu mestrado e doutorado seguem os mesmo caminhos: “Até o presente momento, as ligas de Fe-Al-B já renderam 4 artigos científicos em revistas de alto fator de impacto da área de Engenharia de Materiais”, comenta.
Informação da Agência USP de Notícias
A criatividade neoliberal, frente a crise fiscal, parece inesgotável, com propostas absurdas para atacar as supostas causas primárias dos desajustes e da baixa produtividade no nosso País. Em lugar de “uma ponte para o futuro”, como essas propostas passaram a ser conhecidas, poderiam ser batizadas como “passaporte para o período medieval”.
Entre as medidas sugeridas estão: a) a desindexação geral, b) a desvinculação orçamentária, c) a privatização selvagem, d) a abertura da economia, e) a livre negociação e f) o aumento da idade mínima na aposentadoria.
A proposta de desindexação, segundo essa lógica, alcançaria não apenas os contratos, mas principalmente o salário mínimo e os benefícios previdenciários, cuja atualização passaria a depender da vontade e da disposição do governo de plantão.
A desvinculação orçamentária consistiria na completa eliminação de qualquer percentual de orçamento vinculado a uma despesa específica, como saúde, educação, pessoal, ciência e tecnologia, previdência, etc, cabendo ao governante decidir como aplicar o orçamento, cuja prioridade, dependendo da visão ideológica, poderia ser pagar a dívida pública em lugar de investir em educação ou em infraestrutura.
A privatização selvagem consistiria em abrir mão de toda atividade de Estado que não estivesse voltada para o controle da moeda e da segurança pública, podendo as demais atividades essenciais, como educação e saúde, ainda que com a alocação parcial de recursos púbicos, serem conduzidas pelo setor privado, que ampliaria seu escopo de prestação de serviços ao Estado.
Isso incluiria, naturalmente, abrir mão de empresas como Petrobras, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Correios, BNDES, Casa da Moeda, entre outras, além de transferir para a iniciativa privada serviços públicos como transporte, educação, saúde, lazer, previdência etc.
A abertura da economia consistiria, em primeiro lugar, na eliminação de qualquer tratamento prioritário à empresa nacional, assim como na eliminação de qualquer conteúdo nacional ou restrição aos investimentos estrangeiros no País, valendo regras semelhantes às propostas na Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
A livre negociação, naturalmente, consistiria na prevalência do negociado sobre o legislado ou mesmo na eliminação do Direito do Trabalho, transferindo para a livre negociação a definição de salários e condições de trabalho por acordo entre trabalhadores e empregadores, sem a interferência ou intervenção do Estado.
Por fim, a instituição de uma idade mínima para a previdência social, tanto do regime geral (INSS) quanto do regime próprio (servidores públicos) superior a 65 anos, algo próximo da expectativa de vida média da população brasileira.
Tem sido isso, grosso modo, o que pregam os neoliberais para enfrentar a crise. Os tópicos aqui detalhados foram apresentados pela consultoria Rosenberg Associados, em palestra para seus clientes. O que foi proposto nessa apresentação não difere muito do que propôs Armínio Fraga em artigo recente em O Globo ou o que propôs o PMDB na proposta batizada de “ponte para o futuro”.
* Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
A direção da Usiminas, siderúrgica cuja matriz fica em Ipatinga (MG), não esclareceu as várias dúvidas sobre a desativação do setor primário na usina de Cubatão (SP) que significará a demissão de milhares de trabalhadores, entre diretos e contratados. A informação é do presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista, Newton Guenaga, que, juntamente com o sindicato dos metalúrgicos da região, participou de reunião com a empresa na tarde desta quinta-feira (3/12), na planta industrial cubatense. O encontro foi promovido após determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) para que as partes encontrem saídas para minimizar o impacto das demissões. “A reunião foi tensa e frustrante”, disse.
O objetivo do encontro não foi alcançado, avalia Guenaga, porque a empresa não apresentou informações sobre a quantidade exata dos empregados que serão atingidos; cronograma de desligamento dos equipamentos e das dispensas; qual o número de aposentados; casos especiais de famílias com parentes deficientes ou em tratamento médico de alto custo etc..
O sindicalista lembrou que o anúncio da desativação do setor de produção de aço foi feito em 29 de outubro último, por isso considera “um absurdo” a Usiminas ainda não ter um plano contendo essas e outras informações. “Parece que a empresa não está preocupada em reduzir os problemas que vai gerar aos trabalhadores diretamente e à região”, lamenta.
Nova reunião com a empresa ficou agendada para o próximo dia 10, às 15h, também na sede da usina, em Cubatão.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Diretores do SEESP, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) participaram, na manhã desta quinta-feira (3/12), na Capital paulista, do lançamento do manifesto “Compromisso pelo Desenvolvimento” assinado por centrais sindicais e entidades empresariais e que apresenta medidas econômicas para geração de emprego, renda e crescimento econômico. A vice-presidente da CNTU, Gilda Almeida de Souza, ao final do evento, mostrou entusiasmo ao que ela definiu de “ato simbólico” que representa o desejo mais genuíno dos brasileiros. “Essa união trabalhadores e setor empresarial produtivo vai fazer o País superar esse momento de crise. A palavra de ordem é crescimento”, conclamou. O evento foi no Centro Social Hakka Brasil (Rua São Joaquim, 460, Liberdade).
Fotos: Beatriz Arruda/SEESP
Dirigentes dos engenheiros participam de ato que lançou manifesto
"Compromisso pelo Desenvolvimento", em São Paulo
A composição da mesa do ato assinalou o caminho do “pacto desenvolvimentista” a que se propõe o movimento, por isso, estavam sentados, lado a lado, os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e dirigentes das associações Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), além de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Clube de Engenharia e do Instituto Ethos de Direitos Humanos. Na coordenação dos trabalhos, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, saudou a iniciativa como fruto da necessidade de união das forças sociais para superar os desafios atuais. “Sabemos que todos lutam em suas trincheiras específicas, mas o Brasil precisa, agora, de muito mais que as nossas lutas individuais. É hora da unidade do capital e do trabalho, sabendo das diferenças, mas também reconhecendo os pontos que nos unem em defesa do Brasil.”
Ato colocou, lado a lado, trabalhadores e representantes empresariais do setor produtivo
Ganz Lúcio disse que a crise é difícil, complexa e que afeta diretamente as empresas e os empregos, comprometendo a capacidade do Estado em promover e garantir direitos, o desenvolvimento, o crescimento no sentido de criar e produzir bem-estar coletivo a todos, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental. “Enfrentar os atuais desafios depende da nossa dinâmica econômica – da agricultura, da indústria, do comércio, do setor de serviços e de um mercado interno robusto e da capacidade de exportar os nossos produtos.”
Presidente da Força Sindical quer que o Brasil volte sua política econômica à reindustrialização
Para o diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, que informou representar mais de 1,6 milhão de trabalhadores em todo o território nacional, sendo o quarto maior pagador de salário, disse que a razão de “estarmos unidos aqui tem um nome, Brasil”. Mesmo lamentando a queda do Produto Interno do Brasil (PIB) a 4,6%, o dirigente empresarial acredita que o povo brasileiro conseguirá resgatar a confiança e impedir que o ano de 2016 seja perdido. A posição foi reforçada por Carlos Alberto Pires, da CNI, para quem a reconstrução do País deve começar já e pela retomada da indústria, que precisa ser forte e competitiva para vender dentro e fora. “2016 é o ano para fazermos as reformas para crescermos. Por isso estamos juntos aqui em torno de apenas uma bandeira, o Brasil.”
Um dos setores bastante afetados com o desemprego é o do comércio como informou Ricardo Patah, presidente da UGT. “Só na rede de supermercados Pão de Açúcar foram mais de 12 mil demissões nesse ano. Precisamos estancar essa sangria do desemprego e do caos.” No mesmo sentido falou o representante da OAB-SP, Marcos da Costa, avaliando que o ato significava um dia histórico na vida do povo brasileiro: “Vamos vencer a crise da desesperança e do medo com unidade.”
Interesses individuais x Brasil
Já o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, cobrou a responsabilidade de Brasília, referindo-se ao governo, que adotou uma política econômica que não favorece o investimento e o crescimento do setor produtivo. “Precisamos de mais patriotismo nesse momento.” A posição foi realçada pelo presidente da Anfavea, Luiz Moan, para quem a questão política está corroendo a economia nacional. “Estamos vendo interesses individuais e corporativos sendo colocados à mesa em detrimento do País.” Ele informa que o setor não deixou de investir, porque “os nossos investidores sabem que essa crise vai passar, porque o Brasil é maior do que ela. O momento é de transição.”
Pimentel, da Abit: "Vamos retomar a confiança e fazer um Brasil justo e industrializado."
Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, trabalhadores e empresários se uniram em torno do documento “Compromisso pelo desenvolvimento” para quebrar a lógica da recessão: “Quanto mais desemprego mais a crise se aprofunda.” Ao mesmo tempo, ele critica a política econômica atual que faz a taxa de juros chegar a mais de 14% ao ano. “Não dá para sobreviver assim. Isso significa desindustrialização e privilegiar o capital financeiro, o rentismo.” Torres diz que a única esperança é o desenvolvimento. “Quando se acaba com a indústria perdemos tecnologia, investimentos e emprego qualificado.” Também criticou a falta de política que evite, por exemplo, a indústria siderúrgica brasileira perder mercado para o aço chinês.
Vagner Freitas, presidente da CUT, criticou os que apostam no discurso da crise permanente e que incentivam o golpismo, referindo-se ao movimento que quer o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Esse terceiro turno coloca tudo o que conquistamos nos últimos anos em risco. O Brasil está parado pela intolerância daqueles que não aceitam a política para todos.” O dirigente cutista também concorda que é necessário tirar o olhar do rentismo e colocá-lo na produção: “Precisamos de uma política econômica para os 200 milhões de brasileiros.”
Vagner Freitas, presidente da CUT, quer a punição dos corruptos,
mas não a punição da Petrobras e do povo brasileiro
Freitas também mencionou a instabilidade política nacional, principalmente em razão da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que está investigando situações irregulares junto a contratos da Petrobras. “Punam-se os corruptos, mas não o Brasil, não a Petrobras, não os trabalhadores.”
O manifesto "Compromisso pelo Desenvolvimento" será entregue a presidente Dilma Rousseff e ao Congresso Nacional, segundo os dirigentes das centrais sindicais, no próximo dia 9 de dezembro, em Brasília.
* Leia o manifesto “Compromisso pelo Desenvolvimento” aqui
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Entre janeiro e setembro deste ano, a Justiça do Trabalho cumpriu as metas estipuladas para julgamento de ações coletivas, de processos ligados aos maiores litigantes e de recursos repetitivos, segundo levantamento parcial do Departamento de Gestão Estratégica do Conselho Nacional de Justiça.
No primeiro grau, os tribunais regionais do Trabalho cumpriram 93,63% da Meta 6, que trata das ações coletivas. No segundo grau, o cumprimento do objetivo estipulado foi de 87,85%. Ao todo, foram julgadas 12.031 ações coletivas nas duas instâncias. Já em relação à Meta 7, que compreende os maiores litigantes e os recursos repetitivos, a taxa de execução foi de 99,94%, com o julgamento de 193.019 processos.
Em relação à Meta 7, o Tribunal Superior e os TRTs têm como objetivo identificar e reduzir em 1,5% o acervo dos dez maiores litigantes. A comparação será feita com o ano anterior. A Justiça do Trabalho conseguiu cumprir 99,94% do objetivo, julgando 193.019 processos entre janeiro e setembro, sendo que 10 tribunais regionais cumpriram mais de 100% da meta.
Metas para todos
Além da Justiça do Trabalho, a Meta 6 foi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, pela Justiça estadual e pela Justiça Federal. Com a implantação do objetivo, foi determinado o julgamento, neste ano, das ações coletivas distribuídas no primeiro grau até 31 de dezembro de 2012. No segundo grau, são compreendidos os processos ajuizados até 31 de dezembro de 2013. Os tribunais cumpriram 45,91% da meta no primeiro grau, e 38,97% no segundo.
No juízo de primeiro grau, a Justiça estadual cumpriu 36,87% da meta, julgando 22.670 dos 61.489 processos pautados. A região de maior destaque foi a Centro-Oeste, em que os tribunais atingiram, juntos, 53,06% do objetivo, julgando 3.872 processos. Já em relação ao segundo grau, foram julgados 8.721 processos (30,61% da meta). Destacam-se os tribunais de Justiça de Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, que cumpriram 100% da meta.
Os cinco tribunais regionais federais cumpriram a Meta 6 em 63,98%, julgando 8.247 processos de primeiro grau. Entre eles, destacou-se o TRF-5 (AL, CE, PB, PE, RN e SE), que cumpriu a meta em 86,16%, julgando 1.033 ações coletivas distribuídas até o fim de 2012. Já em relação às ações coletivas que tramitam no segundo grau, os TRFs cumpriram a meta em 31,12%, julgando 3.114 processos do tipo.
Nos tribunais de Justiça, a Meta 7 tinha como objetivo a gestão estratégica das ações de massa com identificação e monitoramento do acervo de demandas repetitivas. A Justiça estadual cumpriu 61,84% da meta, com destaque para os TJs de Sergipe, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que cumpriram a meta.
Além das metas já citadas, há também o objetivo cinco, cujo alvo são processos de execução. Nesse quesito, até setembro, o resultado estipulado foi 99,67% alcançado pelas justiças do Trabalho e Federal. Separadamente, a Justiça do Trabalho atingiu 112,50% da meta e a Justiça Federal 75,20%.
A Meta 5 prevê baixar, em 2015, na Justiça Federal, uma quantidade maior de processos de execução não fiscal do que o total de casos novos que ingressou no ano. Em relação à Justiça do Trabalho, a meta é baixar uma quantidade maior de processos de execução — incluindo fiscal e não fiscal — do que o total de casos novos que ingressaram em 2015. Com informações da Assessoria de Imprensa do CNJ.
Informação da Revista Consultor Jurídico