Durante as duas últimas semanas, 12 catadores de material reciclável participaram de um curso na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) onde aprenderam a consertar computadores. A ideia é que, ao receberem o descarte destes equipamentos nas cooperativas, eles estejam aptos a testar o aparelho e, se for possível, realizar o conserto para posterior comercialização.
A iniciativa faz parte da segunda etapa do Projeto Eco-eletro, idealizado pelo Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Poli e pelo Instituto GEA Ética e Meio Ambiente. Na primeira etapa, finalizada em 2012, cerca de 180 catadores de diversas cooperativas aprenderam a desmontar os computadores, separar as peças e as placas, levando a um aumento do valor agregado na venda.
Foto: Agência USP de Notícias
Se um catador consertar um computador que foi descartado na cooperativa
e remanufaturá-lo, a estimativa de ganho é de R$40,00 por quilo
Nesta nova etapa, os alunos que tiveram um melhor desempenho no projeto anterior foram selecionados para o curso de remanufatura. O primeiro curso da segunda etapa terminou nesta sexta-feira, dia 5 de setembro. Agora, os catadores poderão replicar esse conhecimento ao compartilhar com os outros cooperados os ensinamentos adquiridos nas duas últimas semanas.
“Se um computador for vendido inteiro, como sucata de ferro, o catador terá um lucro de R$0,30 por quilo. Ao desmontar o equipamento e separar as peças e as placas, o ganho sobe para R$3,00 o quilo. Agora se o catador consertar o computador que foi doado para a cooperativa e remanufaturá-lo, o ganho é de R$40,00 por quilo”, explica o pesquisador do LASSU e professor do curso, Walter Akio Goya.
Para chegar a este valor, Goya conta que os pesquisadores do Lassu e do Instituto GEA fizeram o seguinte cálculo: um computador usado, funcionando, é comercializado, em média, por R$200,00. Esse valor foi dividido pelo peso aproximado do equipamento (5 quilos), chegando ao valor de R$40,00. “Utilizamos esta métrica para demonstrar a evolução do valor agregado de cada material”, conta.
Além de aumentar a renda de catadores, o projeto também ajuda na conservação do meio ambiente: computadores e outros equipamentos eletrônicos contêm substâncias que podem contaminar as pessoas, os animais e a natureza, como metais pesados (chumbo, cádmio e mercúrio) e outros elementos tóxicos. Por isso, o descarte nunca deve ser feito no lixo comum.
Fonte: Agência USP de Notícias
O Brasil avançou muito nos últimos 25 anos no monitoramento do desmatamento da Floresta Amazônica por meio de ações como a implementação do Programa de Cálculo do Deflorestamento da Amazônia (Prodes), em 1988, e do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), em 2004 – ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Agora, deve olhar com mais atenção para outro problema ambiental tão grave quanto o desmatamento: a degradação florestal, que afeta não só a Amazônia, mas também outros biomas brasileiros.
A avaliação foi feita por um grupo de pesquisadores de instituições como Inpe, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos), Instituto Max Planck (na Alemanha) e Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) durante o Workshop on Monitoring Forest Dynamics: carbon stocks, greenhouse gas fluxes and biodiversity, realizado entre os dias 2 e 4 de setembro na Universidade de Brasília (UnB).
“Precisamos interpretar os dados do desmatamento na Amazônia, mas também olhar para outros processos da dinâmica florestal como a degradação florestal, que também tem impactos nas funções ecológicas, no armazenamento de carbono e na conservação da biodiversidade”, disse Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da UnB e organizadora do evento.
De acordo com os participantes do encontro, a degradação florestal difere do desmatamento, que se caracteriza pelo corte raso de árvores e responsável pela alteração significativa da paisagem da Amazônia brasileira, quando parcelas da floresta são convertidas em áreas de pastagem.
Já a degradação é definida pela perda da capacidade da floresta de realizar suas funções originais, como contribuir para o balanço climático, hídrico e de carbono, em razão do corte seletivo de árvores de interesse comercial e de queimadas intencionais, entre outros fatores.
“A degradação fica em uma posição intermediária entre a floresta intacta e a que foi transformada em área de pastagem. É uma floresta que ainda não foi desmatada completamente”, resumiu Michael Keller, cientista do US Forest Service dos Estados Unidos e pesquisador visitante da Embrapa Monitoramento por Satélite.
“Uma floresta degradada já não possui o mesmo estoque de carbono e a biodiversidade que tinha antes de ser afetada, mas, se for feito um manejo bem feito no prazo de 20 a 30 anos, ela pode se regenerar e até mesmo se aproximar de suas características originais”, explicou.
Outra diferença significativa entre os dois processos, segundo os pesquisadores, é que o desmatamento é mais evidente e inequívoco e pode ser observado mais facilmente pelos satélites usados no monitoramento ambiental.
A degradação, por sua vez, é mais sutil. Trata-se de um processo de longo prazo e deve ser acompanhada continuamente para que suas causas sejam identificadas.
“É preciso o acompanhamento de longo prazo não só das mudanças na cobertura da floresta, mas dos processos que causam essas alterações ambientais”, disse Bustamante.
Degradação da Amazônia
No fim de agosto, o Inpe divulgou pela primeira vez o mapeamento de áreas de degradação florestal na Amazônia Legal nos anos de 2011, 2012 e 2013, feito pelo projeto Mapeamento da Degradação Florestal na Amazônia Brasileira (Degrad).
O objetivo da iniciativa é identificar, por meio de imagens de satélite, as áreas expostas à degradação florestal progressiva pela exploração seletiva de madeira, com ou sem uso de fogo, mas que ainda não sofreram o corte raso.
Os dados do levantamento apontam que a taxa de degradação na região nesses três anos foi a menor registrada desde o início da série histórica do projeto, em 2007, e acompanha a tendência de queda de desmatamento por corte raso na floresta verificada pelo Prodes após 2005.
É mais fácil monitorar e identificar a degradação da Amazônia em comparação com outros biomas brasileiros, porque ela tem uma vegetação mais fechada e, por isso, as clareiras provocadas por derrubada de árvores, por exemplo, podem ser notadas mais facilmente.
Já o Cerrado tem vegetação mais aberta, com maior sazonalidade de árvores, arbustos e gramíneas, dificultando a identificação das áreas degradadas.
Fonte: Agência Fapesp
Dois grupos de alunos do curso de engenharia civil da Universidade Santa Cecília (Unisanta), de Santos (litoral paulista), apresentaram cópias de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) para o secretário municipal de infraestrutura e edificações de Santos, o engenheiro Ângelo da Costa.
Os trabalhos com temas “Manifestações patológicas nos abrigos de ônibus e táxis, em concreto armado pré-moldado, na cidade de Santos” e “Inspeção e avaliação das condições estruturais do teatro municipal Braz Cubas” foram analisados pela chefe de departamento de planejamento da prefeitura local, Rachel de Melo Ribeiro, formada no curso de engenharia civil pela instituição.
Os TCCs foram elogiados por Ribeiro, que demonstrou bastante interesse principalmente sobre o estudo referente ao Teatro Braz Cubas, fechado recentemente para reparos, principalmente depois que laudo do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo sugeriu reformas urgentes em sua cobertura.
Laércio Morais Ana Cláudia e Thamires Rodrigues estudaram as condições do teatro Braz Cubas e Bruno Costa, Bruno Ricardo, Carlos Faria e Pedro Finotti pesquisaram os abrigos de ônibus e de taxis.
Fonte: Unisanta
Os pesquisadores no Estado de São Paulo poderão receber e enviar dados pela internet para colegas do exterior com maior velocidade de transmissão a partir de 2015. É que a Rede ANSP (Academic Network at São Paulo), que interliga pesquisadores de São Paulo com os de outros países, planeja instalar no próximo ano um link de 100 gigabits por segundo (Gbps) até Miami, nos Estados Unidos, trafegando por 10 mil quilômetros de cabos de fibra óptica submarinos já existentes entre as duas cidades.
Com isso, a velocidade de comunicação das universidades e instituições de pesquisa integrantes da Rede ANSP com as redes acadêmicas dos Estados Unidos e de outros países – atualmente de 40 gigabits – poderá ser 2,5 vezes maior e 50 mil vezes mais rápida do que o acesso em banda larga mais comum no Brasil, de até 2 megabits por segundo (Mbsp).
“Estamos em fase de testes e esse link deverá começar a funcionar no primeiro semestre de 2015”, disse Luis Fernandez Lopez, coordenador geral da Rede ANSP, à Agência FAPESP. “Será a primeira conexão de internet acadêmica de 100 gigabits entre os hemisférios Sul e Norte.”
De acordo com Lopez, o primeiro link de internet de 10 Gbps conectando São Paulo a Miami foi instalado em 2009. Posteriormente foram instalados mais três links entre as duas cidades, também com 10 Gbps cada.
O problema é que essa velocidade de transmissão começou a ficar saturada. “Para transmitir um pacote de dados de 15 gigabits por segundo, por exemplo, é preciso juntar dois links de 10 gigabits por segundo e fazer uma série de adaptações para conseguir enviá-lo”, disse Lopez.
Ao aumentar a velocidade de transmissão de dados entre a rede acadêmica paulista e a norte-americana para 100 Gbps, será possível obter um fluxo de dados muito maior nos próximos anos, quando entrarão em operação novos supertelescópios e o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), na Suíça, rodará com maior energia (leia mais sobre megatelescópios em construção em agencia.fapesp.br/19478).
A partir de 2015, começarão a ser testados os sistemas de transmissão de dados do Large Synoptic Survey Telescope (LSST) – um telescópio de 6,4 metros de diâmetro, de grande campo, que está sendo construído por um consórcio norte-americano em Cerro Pachon, no Chile (leia mais sobre o LSST em agencia.fapesp.br/9085).
No mesmo ano, o LHC deverá iniciar a operação com maior energia, de entre 13 e 14 teraelétrons-volt (TeV), em comparação com os 8 TeVs com os quais rodou nos últimos anos. O aumento de energia será acompanhado pelo aumento do número de eventos no colisor (leia mais sobre os experimentos do LHC em 2015 em agencia.fapesp.br/19661).
“Quando esses projetos estiverem em operação, o tráfego de dados entre São Paulo e Miami, da meia-noite às 4 horas da manhã, deverá ser de 80 gigabits por segundo”, estimou Lopez. “O link de 100 gigabits por segundo será capaz de suportar esse aumento do fluxo de dados e permitirá transmiti-lo de uma só vez.”
Lopez afirma que o aumento da velocidade na Rede ANSP para Miami beneficiará não somente pesquisadores das áreas de Astronomia, Física de Altas Energias e Mídias Digitais, que costumam trabalhar com pacotes de dados maiores, mas também de outras áreas. Isso porque, atualmente, há dias em que é utilizada quase que integralmente a capacidade de transmissão de 40 Gbps da rede entre São Paulo e Miami.
“Independentemente do início da operação dos grandes projetos de Astronomia e de Física de Altas Energias, já era preciso mais banda larga para atender à demanda dos pesquisadores do Estado de São Paulo”, disse Lopez.
Fonte: Agência Fapesp
Mudanças na política energética e na política do setor elétrico brasileiros podem criar para o País uma matriz energética com grande participação de fontes renováveis, limpas e com custos mais baixos do que os atuais. Esta é uma das conclusões da pesquisa “Desafios do setor de energia eólica no Brasil: uma abordagem sistêmica”, desenvolvida por Naya Jayme Ringer, dentro do programa de pós-graduação em Administração de organizações da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP. A fonte, que já responde por 4,6% da matriz energética brasileira, necessita de linhas de financiamento de longo prazo, melhorias na infraestrutura e fortalecimento da indústria nacional.
Segundo o estudo, as mudanças nas políticas governamentais incluem, por exemplo, priorizar fontes limpas e de custo mais baixo nos leilões de energia promovidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Segundo dados de junho de 2014 da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) a fonte corresponde a 4,6% da matriz energética brasileira, cerca de 4,6 GigaWatts. A expectativa da associação, entretanto, é que até o final de 2018 haverá 13,8 GigaWatts instalados em território brasileiro.
O estudo apresenta uma analise ampla do setor, reunindo grande quantidade de informações que interagem entre si. Para isso, foi utilizada uma abordagem sistêmica. “Esse tipo de abordagem e a utilização da Soft System Methodology permitiu que uma situação difusa e complexa fosse analisada, organizada e traduzida em ações reais”, afirma Naya Ringer.
Sugestões
Além de organizar as informações disponíveis no Brasil, o estudo também sugere algumas melhorias, que podem contribuir de forma prática para o crescimento da participação da energia eólica na matriz energética nacional. A pesquisadora lembra que, enquanto um setor em consolidação no Brasil, ainda são necessários incentivos e políticas relacionadas à indústria eólica.
Estes incentivos incluem a ampliação de linhas de financiamento de longo prazo e melhorias em infraestrutura como ampliação da rede de distribuição e no acesso aos parques eólicos. “É importante que o país altere a forma de ampliação da rede elétrica e organize o ambiente institucional do setor elétrico”, afirma a pesquisadora.
Como um dos fatores que poderia contribuir para a redução dos investimentos iniciais dos projetos, um dos principais desafios do setor, o estudo aponta para o fortalecimento da indústria nacional e, em um primeiro momento, promover competição e competitividade por meio da importação e equipamentos.
“É importante que seja dado um prazo adequado para que a indústria brasileira se nacionalize de forma fortalecida, se prepare para transferência de tecnologia e para, em uma segunda etapa, competir em um mercado internacional”, completa a pesquisadora. A dissertação “Desafios do setor de energia eólica no Brasil: uma abordagem sistêmica”, desenvolvida na FEARP teve orientação da professora Lara Bartocci Liboni Amui.
Fonte: Agência USP de Notícias