Desenvolvimento exige investimentos em C,T&I
Estratégia nacional para expansão econômica e busca do bem-estar social precisa necessariamente prever mais recursos para ciência, tecnologia e inovação, com garantia de protagonismo da engenharia brasileira.
Divulgados pelo governo federal em maio último, os Indicadores Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação 2022, que cobrem o período de 2000 a 2020, apontam para lamentável retração dos investimentos no setor. O dispêndio nacional, que vinha crescendo continuamente desde o início do período, tem redução acentuada a partir de 2016.
Ainda, estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostra que enquanto a média mundial de inversões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) relativa ao Produto Interno Bruto (PIB), entre 2014 e 2018, é de 1,76%, no Brasil é de 1,26%. Além disso, o País ocupa a média de 888 pesquisadores por milhão de habitantes, ante 1.245 da média global.
Já a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) aponta que, desde 2013, vem se reduzindo de forma acentuada a destinação de recursos a P&D, tanto pelo governo federal quanto pela iniciativa privada, com reflexo no desempenho dos indicadores nacionais. Exemplo é a 52ª posição do Brasil entre 62 nações no ranking global de competitividade digital.
Alguns resultados desse cenário têm sido a perda de produtividade e competitividade global pela indústria nacional e a fuga de cérebros para o exterior, provocando a falta de mão de obra qualificada de perfil tecnológico internamente.
A questão é analisada na mais recente edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, em nota técnica do professor da Universidade de São Paulo e diretor do InovaUSP, Marcelo Zuffo, que, além de fazer o diagnóstico da situação, traz propostas para superar a fragilidade do País nesse campo.
As sugestões incluem ampliar os investimentos públicos e privados em PD&I ao patamar acima de 2% do PIB; garantir recursos às agências de fomento federais e estaduais para promover a pesquisa e o ensino superior; efetivar com medidas jurídicas e institucionais parcerias entre universidades, indústria e governo para que a “hélice tríplice” possa ganhar velocidade e atingir resultados relevantes; e aliar a agenda ambiental àquela ligada às novas tecnologias, aproveitando as vantagens estratégicas nacionais em disponibilidade de energia limpa e recursos naturais.
Para colocar em marcha um projeto de desenvolvimento sustentável e duradouro, é urgente que o Estado atente a essas demandas e lidere o processo de avanço tecnológico no Brasil, destinando recursos públicos ao setor e estimulando a iniciativa privada a fazer o mesmo. Parte indispensável dessa estratégia é o protagonismo da engenharia nacional e de seus profissionais, quadros imprescindíveis à construção de um futuro melhor para o povo brasileiro.
Eng. Murilo Pinheiro – Presidente
Excelente reflexão!!
Parabéns SEESP!! Parabéns Murilo!!