A Sabesp, a engenharia e a solidariedade ao Rio Grande do Sul
Um trabalho essencial em meio à tragédia que afetou mais de 2,3 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul vem sendo desempenhado pela Sabesp e evidencia que defender sua preservação como empresa pública é lutar pela vida da população paulista e brasileira. Neste Dia Mundial da Água, 22 de maio, esta é agenda prioritária.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) enviou, conforme amplamente noticiado, 18 conjuntos de bombas flutuantes de alta capacidade ao Rio Grande do Sul, as quais têm sido fundamentais para o escoamento da água nas regiões mais atingidas pelas inundações.
Conforme informação da empresa, esses equipamentos foram usados no Sistema Cantareira “durante a severa estiagem que atingiu a Região Metropolitana de São Paulo há uma década”.
Cada um deles pesa cerca de dez toneladas e tem capacidade de bombear mais de 2 mil litros por segundo de água. “Esse equipamento é capaz de encher uma piscina olímpica em 30 minutos”, comunica a companhia. Como são bombas flutuantes, elas “acompanham” o nível da água, “evitando a necessidade de deslocamento de um ponto para outro”.
A Sabesp também destinou equipes técnicas e materiais para ajudar em instalações do sistema de abastecimento de água, gravemente prejudicado pelas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul.
Tudo isso confirma a importância fundamental de se preservar a companhia pública – lucrativa e altamente eficiente –, não apenas para a garantia da universalização do saneamento no Estado de São Paulo e no Brasil, mas também para atendimento em situações de emergência em todo o País. Exemplo foi o trabalho também de excelência da estatal paulista durante a pandemia de Covid-19.
Essas ações são possíveis porque a Sabesp, referência internacional, maior empresa do setor da América Latina e terceira maior do mundo, tem o interesse público como centro, não o lucro. Assim, seu corpo técnico e tecnologia, moldados em 50 anos da história de excelência dessa empresa pública, têm feito a diferença agora diante da situação de calamidade enfrentada pela população do Rio Grande do Sul. Numa privatização essa lógica se inverteria, e o papel social da companhia seria comprometido. A solidariedade urgente em situações como a vivenciada pelo povo gaúcho estaria, assim, ameaçada.
Diante da realidade das mudanças climáticas, a engenharia tem tarefa central para planejar e orientar as adequações necessárias e sustentáveis para mitigar seus efeitos e minimizar os riscos de novos desastres. Também tem a competência para indicar aos poderes públicos – municipal, estadual e federal – que as falhas que culminaram na tragédia não venham a se repetir e apontar soluções diante do triste fato consumado.
Defendida há anos como parte do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com adesão dos sindicatos a ela filiados, entre os quais o SEESP –, a garantia de órgãos de Engenharia de Manutenção, com equipe e dotação orçamentária próprias poderia ter impedido tragédia no Rio Grande do Sul com tamanha dimensão. É central, portanto, que a voz da engenharia seja ouvida e se tirem lições.
Nessa direção, em reunião realizada neste 20 de maio na sede do SEESP, na Capital, com a participação de especialistas em Engenharia de Segurança no Trabalho e representantes do Sindicato Nacional de Engenharia e Arquitetura Consultiva (Sinaenco-SP), a solidariedade foi a tônica e norteará Grupo de Trabalho (GT) criado como resultado do encontro para discutir, pensar, planejar e apresentar aos governos as contribuições cruciais da engenharia que, seguramente, têm potencial de preservar e salvar vidas.
Eng. Murilo Pinheiro – Presidente