logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

TECNOLOGIA - Engenheiros visitam programa nuclear em Iperó

Avalie este item
(0 votos)

Lucélia Barbosa

       O Conselho Tecnológico do SEESP promoveu em 26 de outubro uma excursão ao CEA (Centro Experimental Aramar), locali­zado na cidade de Iperó, em São Paulo. A unidade é parte integrante do CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo), responsável pelo PNM (Programa Nuclear da Marinha), cujo objetivo é capacitar o País à construção de submarinos nucleares, com fins pacíficos, envolvendo o domínio do ciclo do combustível e a confecção do reator nuclear para propulsão naval. 
       No início da visita, os engenheiros partici­param de uma palestra ministrada pelo supe­rintendente do PNM, Capitão de Mar e Guer­ra, Luciano Pagano Júnior, que explicou como acontece o ciclo do combustível nuclear, etapa já concluída no projeto naval. O urânio é ex­traído do minério, purificado e concentrado sob a forma de um sal de cor amarela, conhe­cido como yellowcake. Em seguida, esse é convertido para o estado gasoso tornando-se no UF6 (hexafluoreto de urânio). A próxima etapa é o enriquecimento isotópico, operação que aumenta a concentração do urânio 235 do UF6. Já enriquecido, esse elemento pas­sará por outro processo químico, transforman­do-se em UO2 (dióxido de urânio), que, sob a forma de pó, deve ser transportado para outra etapa, na qual são produzidas pastilhas de urânio, combustível do reator nuclear.
       Conforme o CTMSP, a capacidade energéti­ca de uma pastilha enriquecida a 3,5% e usada como combustível nos reatores nucleares de água leve equivale a uma tonelada de carvão, três barris de petróleo e 570 m³ de gás natural. 
       Com domínio total desse processo, o Brasil já é capaz de fabricar o próprio combustível nuclear, sem qualquer dependência externa. Atualmente, a tecnologia de enriquecimento de urânio é conhecida e aplicada comercial­mente apenas por Estados Unidos, França, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, Japão e Holanda.

O submarino
       Ainda no CEA, está sendo construído o pro­tótipo do submarino nuclear. O Labgene (Labo­ratório de Geração Núcleo Elétrica) testará os equipa­mentos que compõem toda a estrutura do sub­marino – reator, turbina a vapor, gerador elétri­co e motor de propulsão, além de treinar as futuras tripulações. Essa instalação servirá tam­bém de base e de laboratório para qualquer outro projeto de reator nuclear no Brasil. “Para a Marinha, é interessante que haja um desenvol­vimento na área nuclear brasileira para a gera­ção de energia. Há uma cadeia de fornecedores a ser desenvolvida e podemos transferir muitas tecnologias para a indústria nacional”, disse. 
       Conforme Pagano Júnior, desenvolvidos e concluídos esses dois projetos com sucesso, estarão criadas as condições para que, no futu­ro, havendo uma decisão do Governo para tal, possa ser dado início à elaboração do projeto e a posterior construção de um submarino com propulsão nuclear, cuja função será a fiscali­zação das áreas marítimas nacionais. 
       Segundo o Centro Tecnológico, para a con­clusão do programa, são necessários recursos da ordem de R$ 1 bilhão, com investimento médio anual de R$ 130 milhões. Se mantidos os recursos anunciados em 2007 pelo Go­verno, estará concluído até 2014.

Em campo
       Ao longo da visita, os engenheiros do SEESP puderam ver de perto algumas instalações do CEA referentes ao ciclo do combustível e do futuro reator nuclear. A primeira unidade visita­da foi a Ofmepre (Oficina Mecânica de Preci­são), onde são realizadas as usinagens dos di­versos componentes do reator. Na Usexa (Uni­dade Piloto para Produção de Hexafluoreto de Urânio), os membros do Conselho Tecnológico conheceram todo o processo de conversão do yellowcake em gás UF6. A unidade deve entrar em operação no início de 2011 e terá capacida­de para fabricar 40 toneladas de urânio enrique­cido por ano, demanda suficiente para o Programa Nuclear da Marinha. Além disso, o projeto piloto permitirá no futuro a certificação dos processos físico-químicos para a produção do elemento em escala industrial. 
       No Laptep (Laboratório de Teste e Propul­são), foi apresentada a infraestrutura em que são testados todos os equipamentos de propul­são, como turbinas e motores elétricos. Visitaram também as obras de montagem do Labgene (Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica), que devem ser concluídas em 2014. 
       Para finalizar, o grupo teve acesso ao Labmat (Laboratório de Materiais Nucleares do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo), proje­tado e construído para desenvolver e fabricar combustíveis e materiais de aplicações nuclea­res e outros equipamentos de interesse da Marinha do Brasil. No ensejo, os engenheiros do SEESP puderam ver de perto alguns mate­riais como o yellowcake e pastilhas de urânio.

 

 

Comentários  
# sub-resfriament o térmico reator.PAULO QUINTAS 16-05-2014 18:36
resfriamento térmico c/ água gelada;minha área trabalho.
Responder
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda