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OPINIÃO - Déjà vu: desbarrancamentos, enchentes e alagamentos

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Cid Barbosa Lima Jr.

        Neste ano o Rio de Janeiro foi o Estado que mais sofreu com as chuvas, que se concentraram na região serrana. Os inúmeros deslizamentos geraram mais de mil mortos e desaparecidos. Parte por ocupações em áreas de risco, parte por grande intensidade de chuvas em um mesmo sítio.

        No caso de São Paulo, com exceção de algumas poucas cidades da Região Metropolitana, como Mauá – que apresentaram desmoronamento em áreas de risco –, a regra foi enchentes e alagamentos por todo lado, incluindo alguns municípios do Interior que nunca haviam presenciado essas situações.

        Em 1998, no Governo Covas-Alckmin, com o agravamento das inundações, uma revisão do plano de macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê apontou para a necessidade da construção de 145 piscinões na Região Metropolitana. Trata-se de grandes reservatórios para represar as águas da chuva e encaminhá-las lentamente para os cursos naturais. Isso porque, com a constante impermeabilização, essas extrapolam a capacidade normal de vazão dos córregos e rios.

        Em 2010 escrevi sobre a ampliação de faixas de tráfego na Marginal do Tietê, em artigo intitulado “A engenharia marginal” (JE 354), em que destaquei a apedeuta continuidade em impermeabilizar o solo da cidade. O valor gasto supera R$ 1,3 bilhão, que poderiam ter sido aplicados na execução de alguns piscinões ou investidos na expansão da rede metroviária.

        A época do verão e das chuvas vem se constituindo em aflição e ansiedade para os que perdem horas no trânsito e desespero para os que perdem bens e entes queridos.

        Essa situação recorrente tem seus responsáveis e já passou da hora de esses governantes agirem, realizando as obras necessárias e garantindo a infraestrutura devida ao atendimento. Dos 145 piscinões previstos, foram executados, até hoje, apenas 46. A limpeza desses reservatórios é feita de modo precário, permitindo que garrafas plásticas, pneus e todo tipo de sujeira retornem aos cursos d’água. O Governo do Estado e as prefeituras deveriam priorizar investimentos nos piscinões e ainda destinar recursos para melhorar a coleta e varrição de lixo, bem como a limpeza e a desobstrução constantes das bocas de lobo, galerias e córregos. Além disso, há que se mapear as áreas de risco e realizar obras de estabilização do solo nesses locais. E se ter um gerenciamento profissional e de qualidade na Região Metropolitana de São Paulo.

        Caso pouco ou nada disso aconteça, a repetição trágica das cenas no próximo verão é certa.

Cid Barbosa Lima Jr. é engenheiro

 

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