Rita Casaro
Manter a luta para assegurar crescimento ao País e bem-estar à população. Essa foi a tarefa colocada aos profissionais do setor tecnológico pelo presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Celso de Campos Pinheiro – também à frente do SEESP –, durante palestra magna realizada aos participantes da 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), em 18 de setembro, na cidade de Fortaleza.
O chamado à mobilização da “Engenharia Unida” foi feito diante do momento difícil pelo qual passa o País. “O Brasil vive uma crise econômica séria, agravada pela crise política que dificulta que se encontrem saídas aos nossos problemas. O imbróglio político, por sua vez, deriva e se alimenta das denúncias de corrupção, que atingem sobretudo a Petrobras, nossa principal empresa”, descreveu. E questionou: “Diante desse quadro preocupante, que já se traduz em paralisação de obras e projetos e desemprego, inclusive para os profissionais da área tecnológica, qual papel cabe a nós? Que contribuição devemos dar ao País?”
Na opinião do dirigente, as categorias reunidas na Soea têm a obrigação e a responsabilidade de “traçar objetivos e discutir no campo das ideias propostas para o crescimento e desenvolvimento”. O presidente da FNE lembrou ainda os efeitos nefastos que os longos períodos de estagnação econômica, nos anos 1980 e 1990, tiveram sobre esses profissionais que acabaram buscando a sobrevivência em outras atividades. “Tivemos décadas perdidas em que o engenheiro virou suco.” Contudo, pontuou ele, graças aos investimentos produtivos, o quadro foi superado a partir dos anos 2000. “Na década passada tivemos crescimento de 87% nos postos de trabalho do engenheiro. Temos que retomar isso. Hoje, a convicção da sociedade brasileira é que sem engenharia não há crescimento no País.”
Pinheiro também defendeu o combate a desvios no setor público, mas sem que isso signifique a paralisação da atividade econômica. “Logicamente, vamos pensar na corrupção, tem que ser apurada e os culpados, punidos. Mas temos que preservar nossas empresas. Devemos nos indignar, mas temos que discutir e participar positivamente. Vivemos um momento bastante delicado, mas, com união, vamos superá-lo. É o momento de trabalharmos nessa direção”, concluiu.
Projeto pelo futuro
Na sequência, Saulo Krichanã Rodrigues apresentou o que pode ser considerada uma sólida resposta ao chamado feito pelo presidente da FNE: o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec). Diretor geral da instituição que neste ano inaugurou o seu curso de graduação em Engenharia de Inovação, ele destacou o pioneirismo da iniciativa. “O SEESP é o único sindicato a ser o mantenedor de uma faculdade, que é a primeira a oferecer um curso com foco na inovação.”
Conforme Rodrigues, a relevância da inovação tem tanto aspectos tangíveis, como a criação de produtos e processos, serviços, organização e marketing, quanto intangíveis, que implicam mudanças de comportamento, procedimentos, posturas e cultura. “Está praticamente em todos os campos da sociedade, é uma questão interdisciplinar, não é reserva de mercado da engenharia”, destacou. Ele enfatizou ainda que a inovação consolida-se de fato quando chega ao mercado de forma planejada, “ainda que gerada casualmente”.
A reflexão abordada pelo diretor geral do Isitec integrou a elaboração do projeto pedagógico da instituição e a composição de sua grade curricular, já que outra condição obrigatória para que haja inovação, conforme salientou, é o conhecimento. Assim, ao longo de cinco anos, em período integral, os estudantes terão acesso a uma carga horária de 4.620 horas, bastante superior às 3.600 dos cursos tradicionais no Brasil. Esse total divide-se entre as disciplinas básicas, profissionalizantes, específicas, além de estágio e atividades complementares.
Em todo o processo, os graduandos são estimulados, ao mesmo tempo, a buscar aprendizagem constante de forma autônoma e a trabalhar em equipe, “como acontece nas empresas”, pontuou Rodrigues.
O diretor do Isitec informou ainda que em outubro serão abertas as inscrições ao processo seletivo para a segunda turma de Engenharia de Inovação. A avaliação será feita a partir da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um teste online de lógica e provas de linguagem e produção textual. Os aprovados terão bolsa integral e receberão ajuda de custo mensal.
A atividade contou ainda com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF), Flávio Correia de Sousa, e do ex-diretor da Mútua – Caixa de Assistência Antônio Salvador da Rocha, que moderou as intervenções.
A 72ª Soea aconteceu entre 15 e 18 de setembro e teve como tema “Sustentabilidade: água, energia e inovação tecnológica”. O evento reuniu cerca de 3.700 profissionais, conforme informação do presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), José Tadeu da Silva.
Confira a apresentação sobre inovação de Saulo Krichanã Rodrigues.
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