Não restam dúvidas quanto ao consenso formado sobre as dificuldades vividas no ano que passou. Em 2016, a economia não deu sinais de melhora e os desempregados atingiram a marca dos 12 milhões no terceiro trimestre, número cuja tendência era de elevação. Enquanto isso, a crise política só se agravou. Para piorar, encerrou-se o ano com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 , que limita o gasto público pelos próximos 20 anos, emperrando investimentos e prejudicando setores essenciais, como saúde e educação.
Nesse cenário certamente espinhoso, o saldo positivo foi a capacidade dos engenheiros de se mobilizarem para debater coletivamente saídas ao País. Engajando-se ao movimento “Engenharia Unida” proposto pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), profissionais da área tecnológica de todo o Brasil expressaram sua disposição de ter protagonismo e influenciar o debate público para que haja retomada do crescimento.
Sabe-se que essa meta não será alcançada por mágica ou por medidas cosméticas sem efeito prático que visem apenas acalmar o clamor popular. É preciso mudar o rumo da política econômica no Brasil, baixar os juros, incentivar o crédito; garantir produtividade e inovação à indústria; aprimorar a infraestrutura logística e urbana; fazer com que valha mais a pena trabalhar e gerar riqueza real que especular no mercado financeiro.
Essa unidade, de ação e de propósito, tecida em 2016 deve agora se ampliar em abrangência e profundidade. É preciso que os 1,5 milhão de profissionais defendam um modelo de desenvolvimento factível, no qual a engenharia tenha sentido e vez, e se façam a ouvir.
Essa frente composta pelos engenheiros estará também a postos, em aliança com o conjunto dos trabalhadores, no combate à retirada de direitos e a outras medidas de arrocho. Nessa agenda, já tem lugar garantido a resistência à aprovação pelo Congresso da PEC 287, encaminhada pelo governo federal para levar a cabo uma perversa e desnecessária reforma da Previdência Social.
Ancorada no argumento do déficit das contas previdenciárias – já amplamente desmentido por especialistas do setor –, a medida restringirá gravemente o acesso à aposentadoria. Entre as diretrizes gerais da PEC está a unificação da idade mínima para homens e mulheres aos 65 anos, com contribuição de pelo menos 25 anos. Para ter acesso ao benefício integral, contudo, será necessário chegar aos 49 anos de contribuição. A proposta, para além de seus efeitos nefastos de deixar os mais pobres à deriva e servir aos interesses do mercado financeiro que venderá planos de previdência privada à classe média, representa quebra do pacto social previsto na nossa Constituição.
Portanto, em 2017, vamos manter a nossa mobilização e lutar pela pauta que nos é cara: desenvolvimento, justiça social e democracia.
Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente