À abertura, Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do sindicato e da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), saudou os futuros profissionais e destacou a importância de sua participação nos rumos do País. Com esse mote, apresentou o amplo processo de discussão que culminou no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – o qual foi lançado pela FNE em 2006 e propugna por uma plataforma nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social. O seminário em Bauru integra o rol de iniciativas de descentralização das propostas reunidas nesse documento, de modo a garantir sua implementação e adequação em âmbito regional.
Coordenador do Conselho Tecnológico Estadual e vice-diretor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), José Roberto Cardoso enfatizou a importância de o País formar mais e melhores profissionais ao desenvolvimento que se avizinha. “A cada US$ 1 milhão investido, cria-se um posto de engenheiro. O País forma 25 a 30 mil anualmente. Em três anos, vamos precisar de dez vezes mais.”
Entre os desafios que tais profissionais terão que fazer frente, inclusive no âmbito regional, está dar solução aos resíduos sólidos urbanos. Nesse sentido, proposta foi apresentada por Jair Wagner de Souza Manfrinato, vice-diretor da Faculdade de Engenharia da Unesp Bauru. A ideia é de formação de um consórcio intermunicipal, o qual já conta com a adesão de 46 cidades, que reúnem 1,220 milhão de habitantes. “No dia 25 de setembro, as prefeituras assinarão protocolo de intenções para viabilizá-lo.” A iniciativa inclui, segundo sua preleção, política de reciclagem – somente em Bauru, serão cinco a oito cooperativas, o que propiciará, além do aproveitamento de 30% do lixo urbano, inclusão social e geração de renda. Além disso, continuou Manfrinato, educação ambiental nas escolas públicas e privadas e criação de uma usina regional para receber as mais de 300 toneladas anuais de dejetos. A compostagem deve abranger a recuperação e reutilização de resíduos da construção civil à geração de energia. Conforme sua previsão, o investimento necessário à instalação da usina é de R$ 250 milhões, mais do que em aterro sanitário, de R$ 177 milhões. Todavia, este produz um passivo, enquanto a primeira gera receita aos municípios, ao garantir a reciclagem térmica do lixo e a consequente produção de energia. Ademais, destacou, “uma usina dessas contamina menos que um carro”.
Evolução
Adriana Felipetto, diretora da Novagerar, salientou: “Sair da condição de lixão e do aterro sanitário para as usinas de tratamento de resíduos e geração de energia limpa é uma evolução mundial e tem que acontecer no Brasil, mesmo que tardiamente. Aqui, cada um produz mais ou menos 1kg de lixo por dia.” Na sua concepção, a parceria com a iniciativa privada pode garantir a agilidade necessária a que esses projetos saiam do papel.
A pressa se justifica pelos dados apresentados por ela: de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da totalidade dos municípios brasileiros, 64% ainda utilizam lixões a céu aberto; 18% usam aterros controlados e 14%, sanitários. Não obstante reconheça que esses últimos não são o futuro, ela não acredita que devam ser descartados integralmente. “Vão ter que continuar a existir, nem que seja para depositar cinza, rejeitos.” Para Felipetto, o melhor dos mundos é um sistema integrado para resíduo heterogêneo, que englobe diversas tecnologias de tratamento.
Transporte e logística
Colocando o que denominou de “olhar estrangeiro” sobre a região, Affonso de Vergueiro Lobo Filho, sócio-diretor da Opus Oficina de Projetos Urbanos, observou que em Bauru o problema não difere do restante do País: “É trânsito.” Na sua concepção, a solução é priorizar o transporte coletivo. “Hoje se constroi apartamento de três dormitórios com 180m2 e três vagas na garagem que ocupam 75m2.” Conforme ele, somente para guardar os automóveis, uma família estaria dispondo de 15 metros quadrados a mais que um ônibus de porte no viário, o qual pode transportar 100 pessoas. Como mudar isso? Uma das alternativas, apresentada por Lobo, é implantar corredores exclusivos de ônibus ou VLTs no canteiro central das avenidas com pontos de parada e faixas preferenciais de ultrapassagem à esquerda. Em Bauru, o especialista acredita que a solução é viável.
Para assegurar ganho de tempo e velocidade aos coletivos em corredores exclusivos, Lobo propõe o que chama de “mergulhinho”, um pequeno desnível em pontos estratégicos em que seria possível retirar semáforos e desviar automóveis naquele cruzamento para passagens subterrâneas de baixa altura, nas quais somente seria possível o trânsito de carros de passeio.
Também no seminário, o consultor Dario Rais Lopes salientou a viabilidade econômica e o potencial do Aeroporto de Bauru. Esse tem “um relacionamento com o urbano invejável, infraestrutura e terminal razoáveis. Precisa implantar equipamentos para melhorar a proteção ao voo e fazer frente ao desafio mercadológico. Assim, pode saltar dos atuais 40 mil passageiros para 200 mil”.
Soraya Misleh
CPF 092.350.368-44
RG 16.434.092-0
Nasc 29/03/1966
Grato
Obrigado