A data marca a luta histórica pelo fim da discriminação e da violência, pela efetiva e plena emancipação feminina e ainda por igualdade de oportunidades na educação, no trabalho ou em qualquer outro espaço. Na engenharia, profissão ligada ao progresso científico e tecnológico da humanidade e ao desenvolvimento das nações, há ainda atraso a ser superado para que as mulheres ocupem todo o espaço que lhes cabe, apesar dos óbvios e significativos avanços.
Como informa em matéria nesta edição (leia aqui) a diretora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) – a primeira representante do gênero a comandar a instituição em 127 anos –, Liede Bernucci, hoje as alunas representam 20% do contingente matriculado, ante 4% há 40 anos. A proporção se assemelha à de profissionais registradas no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), que somam 18% do total de 960.888 engenheiros.
Devemos comemorar o crescimento da participação feminina na profissão, mas agir para que a diferença, ainda grande, deixe de existir. Há que se incentivar meninas e jovens a abraçarem essa carreira, as faculdades precisam ser ambientes que as acolham e os locais de trabalho têm de receber as profissionais com naturalidade e a devida consideração.
Ainda, cabe a todos nós, cidadãos, atuarmos para que o cenário de desigualdade existente em diversos campos seja transformado; é mais que tempo de deixar para trás valores e práticas retrógradas que se fazem presentes nos espaços públicos e privados. Sobretudo, na pior face dessa questão, é urgente mudar um quadro que se mostra grave e mesmo trágico. Conforme levantamento feito pelo portal G1, o Estado de São Paulo, cujos casos de feminicídio (especificamente homicídios que implicam misoginia e discriminação ou resultantes de violência doméstica) vêm crescendo nos últimos anos, bateu um triste recorde com 182 ocorrências em 2019, num salto de 36% em relação a 2018. Embora possa ter havido ampliação dos registros com essa tipificação, é avaliação de especialistas no tema que houve aumento real desses crimes, que em sua grande maioria foram perpetrados por conhecidos e dentro das casas das vítimas.
Não é aceitável a um país que busque um lugar de respeito no mundo e pretenda alcançar a condição de justo e próspero conviver com esse tipo de realidade. Há que se ter punição de criminosos, mas também políticas públicas que promovam educação e a cultura de não violência contra as mulheres. Requerem-se ainda iniciativas que possibilitem àquelas em situação de risco buscarem abrigo adequado para si e seus filhos, tendo não só a chance de escapar desse destino absurdo, mas também de traçar seu caminho no mundo com segurança e autonomia. Viva o 8 de março!
Eng. Murilo Pinheiro
Presidente