logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

Engenharia e IA: uma simbiose transformadora

Avalie este item
(0 votos)

Rafael Giratola

 

Estamos imersos em uma era em que as fronteiras entre ficção científica e realidade se tornam cada vez mais tênues. A Inteligência Artificial (IA), uma força impulsionadora da revolução tecnológica, não só permeia nossas vidas diárias, mas também redefine completamente a maneira como abordamos os desafios na engenharia. Neste artigo abordaremos um pouco mais de perto as áreas da engenharia civil e mecânica, explorando aplicações inovadoras e delineando um horizonte onde a colaboração homem-máquina é a força propulsora do progresso.

 

A Inteligência Artificial na engenharia representa uma revolução paradigmática, onde a tecnologia é integrada de maneira profunda e transformadora nos processos tradicionais. Em sua essência, a IA refere-se à capacidade de sistemas computacionais executarem tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como aprendizado, raciocínio, reconhecimento de padrões e tomada de decisões.

 

Para a engenharia, a IA não é uma entidade isolada, mas uma ferramenta que aprimora e estende as capacidades dos profissionais. A incorporação da Inteligência Artificial inevitavelmente suscita uma série de apreensões e inquietações, tanto no cenário profissional quanto no social. Dentre os principais temores relacionados ao emprego, privacidade, segurança e desconfiança na precisão, destaca-se, sobretudo, a lacuna de conhecimento e familiaridade por parte dos profissionais, pois a IA é uma tecnologia intrincada em constante progresso. Profissionais que não estão imersos nos conceitos, aplicações e potencial dessa tecnologia podem experienciar desconforto e resistência diante da sua adoção.

 

Vamos então mostrar quais são as oportunidades oferecidas pela IA no contexto da engenharia. Na engenharia civil, a Inteligência Artificial desempenha um papel inovador, transcendendo as abordagens convencionais no design e planejamento estrutural. Utilizando ferramentas de modelagem avançada impulsionadas por algoritmos de aprendizado profundo, a IA não apenas gera designs eficientes, mas também aprende e melhora a cada interação. A colaboração entre máquina e engenheiro resulta em uma sinergia única, onde a precisão e a eficiência da IA amplificam a criatividade humana.

 

Na gestão de projetos de engenharia civil, a IA assume um papel crucial, transformando o processo em uma dança coordenada de dados, algoritmos preditivos e decisões estruturadas. Ao analisar extensos conjuntos de dados históricos e em tempo real, a IA prevê possíveis desafios, ajusta cronogramas automaticamente, refinando orçamentos e fornecendo insights valiosos para decisões informadas. O resultado é uma gestão de projetos mais eficiente, ágil e adaptável.

 

A era das inspeções manuais na engenharia civil está sendo substituída pelos “olhos virtuais” da IA. Drones equipados com câmeras avançadas e algoritmos de visão computacional sobrevoam canteiros de obras, identificando problemas imediatos e padrões que podem indicar desafios futuros.

 

O software OpenSpace, por exemplo, utiliza IA e visão computacional, através de uma câmera de 360 graus para capturar imagens do canteiro de obras. Sua interface de usuário avançada permite que os espectadores caminhem virtualmente pelo canteiro, comparando o progresso ao longo do tempo, resultando em inspeções autônomas mais seguras e eficientes. A Inteligência Artificial não apenas constrói edifícios, mas os torna inteligentes, otimizando a eficiência energética, ao aprender padrões de uso e adaptar-se dinamicamente às condições ambientais.

 

Na era industrial contemporânea, o treinamento em processos e equipamentos desempenha um papel crucial, capacitando os profissionais com conhecimentos essenciais necessários para executar suas tarefas de maneira eficaz, como é o caso na engenharia mecânica, que está passando por uma revolução na manufatura impulsionada pela IA. Robôs colaborativos, guiados por algoritmos avançados, não apenas realizam tarefas físicas, mas também aprendem com a experiência, criando uma simbiose flexível entre máquinas e humanos.

 

A manutenção preditiva avançada utiliza sensores e algoritmos para antecipar problemas, prolongando a vida útil dos equipamentos. A simulação dinâmica, potencializada pela IA, permite que modelos computacionais interajam com seu ambiente virtual, otimizando o desempenho e antecipando desafios. A colaboração entre engenheiros e Inteligência Artificial é destacada. A IA amplifica a capacidade humana de análise de dados complexos, proporcionando insights para tomada de decisões.

 

Após uma década dedicada à Inteligência Artificial, chego à conclusão de que a humanidade já está profundamente envolvida na colaboração com máquinas inteligentes. Acredito fortemente que essa relação é de complementaridade, não de concorrência.

 

Essa dependência, às vezes imperceptível, embora seja uma novidade a ser explorada, debatida e eventualmente criticada, é uma realidade que não pode ser ignorada. A velocidade de crescimento e aprimoramento da IA é exponencial e alimenta e impulsiona ainda mais suas aplicações, conduzindo-nos a uma inevitável aceitação na vida social e profissional. Esse novo paradigma não apenas transforma a maneira como enfrentamos desafios, mas também reconfigura a própria natureza do progresso e da inovação na sociedade moderna.

 

Esse é um capítulo fundamental que não só define o presente, mas que, sem dúvida, continuará a influenciar de maneiras ainda não totalmente compreendidas o futuro do nosso percurso como seres humanos.

 


Rafael Giratola é graduado em Engenharia de Ciência da Computação pelo Politecnico di Milano com especialização em Robótica Neurocirúrgica. Atualmente é diretor de TI da Interactive Media, multinacional italiana líder em soluções de automação por reconhecimento de voz e Inteligência Artificial

 

 

 

Imagem: Freepik/Arte - Eliel Almeida / Foto Rafael Giratola: Acervo pessoal

 

 

Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda