logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

Cresce Brasil – Mais profissionais para comandar o País

Avalie este item
(0 votos)

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 27 de agosto, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira critica a falta de capacidade de formulação do governo federal. Essa seria, na opinião dele, a justificativa para a decisão da presidente Dilma Rousseff de conceder à iniciativa privada a operação de alguns dos principais aeroportos do País, além de rodovias e ferrovias. Tal precariedade na gestão pública dá-se basicamente, resume ele, pela falta de engenheiros no Estado brasileiro. E compara: “Enquanto mais de 80% da alta burocracia chinesa é formada por engenheiros, no Brasil não devem somar nem mesmo 10%.”

A argumentação vem ao encontro do que propõe o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) em 2006 e permanentemente atualizado. A iniciativa defende, entre outras, duas diretrizes fundamentais: a necessidade de um plano nacional de desenvolvimento e o crucial papel dos engenheiros na sua implementação, dentro e fora do Estado.


Onde estão os nossos engenheiros?

Luiz Carlos Bresser-Pereira


Dada a necessidade premente de investimentos na infraestrutura, o governo Dilma decidiu conceder à iniciativa privada os principais aeroportos brasileiros, e, em seguida, estradas de rodagem e ferrovias. Não há garantia de que os serviços passem agora a ser realizados com mais eficiência. O mais provável é que custarão mais caro, porque as empresas terão condições de transferir para os usuários suas ineficiências e garantir seus lucros.

Por que, então, a presidente Dilma Rousseff tomou essa decisão? Não foi porque faltem recursos financeiros ao Estado, já que caberá ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiar grande parte dos investimentos. Nem porque acredite na “verdade” que a iniciativa privada é sempre mais eficiente.

Não obstante, foi uma decisão correta, porque falta capacidade de formulação e de gestão de projetos ao governo federal. Ou, em outras palavras, porque faltam engenheiros no Estado brasileiro.

Há advogados e economistas de sobra, mas faltam dramaticamente engenheiros. Enquanto mais de 80% da alta burocracia chinesa é formada por engenheiros, no Brasil não devem somar nem mesmo 10%.

Ora, se há uma profissão que é fundamental para o desenvolvimento, tanto no setor privado quanto no governo, é a engenharia. Nos setores que o mercado não tem capacidade de coordenar, são necessários planos de investimento e, em seguida, engenheiros que formulem os projetos de investimento e depois se encarreguem da gestão da execução.

Mas isso foi esquecido no Brasil. Nos anos neoliberais do capitalismo, não havia necessidade de engenheiros. Contava-se que os investimentos acontecessem por obra e graça do mercado. Bastava privatizar tudo, e aguardar.

A crise da engenharia brasileira começou na grande crise financeira da dívida externa dos anos 1980. No início dos anos 1990, no governo Collor, o desmonte do setor de engenharia do Estado acelerou-se. Dizia-se então que estava havendo o desmonte de todo o governo federal, mas não foi bem assim.

Há quatro setores no governo: jurídico, econômico, social e de engenharia. Ninguém tem força para desmontar os dois primeiros; seria possível desmontar o setor social, mas, com a transição democrática e a Constituição de 1988, ele passara a ser prioritário. Restava o setor de engenharia – foi esse o setor que se desmontou enquanto se privatizavam as empresas.

Quando fui ministro da Administração Federal (1995-98), isso não estava claro para mim como está hoje. Eu tinha uma intuição do problema e, por isso, planejei realizar concursos parciais para a carreira de gestores públicos que seriam destinados a engenheiros na medida em que as questões seriam de engenharia, mas acabei não levando a cabo o projeto.

Quando o governo Lula formulou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), reconheceu que os setores monopolistas necessitavam de planejamento, mas não tratou de equipar o Estado para que os projetos fossem realizados. Agora o problema está claro. Fortalecer a engenharia brasileira nos três níveis do Estado é prioridade.

A criação da empresa estatal de logística é um passo nessa direção. O Brasil e seu Estado precisam de engenheiros. De muitos. Vamos tratar de formá-los e prestigiá-los.


Quem é Luiz Carlos Bresser-Pereira

Acadêmico nas áreas de Direito, Administração e Economia, Luiz Carlos Bresser-Pereira é professor titular da Fundação Getúlio Vargas, em que oferece cursos regulares de teoria e sociologia política e de economia. Foi ministro da Ciência e Tecnologia entre janeiro e julho de 1999, no início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Na gestão anterior do presidente eleito pelo PSDB, entre 1995 e 1998, respondeu pela Administração Federal e da Reforma do Estado. Atuou ainda à frente dos Negócios da Fazenda, entre abril e dezembro de 1987, durante o governo de José Sarney.

Comentários  
# engenheiro civil tecnologo tecnico mecanicojose francisco halcs 20-09-2012 08:34
SRS.
URGE SIM RECONTRATAR OS APOSENTADOS, POIS O PAÍS URGE DE TECNICOS EFICAZES COM VIVÊNCIA QUE FORAM SUCATEADOS PELAS EMPRESAS.
Responder
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda