Em uma grande festa no Clube Monte Líbano, na Capital paulista, realizada em 19 de setembro, os engenheiros comemoraram os 74 anos de sua entidade – completados dois dias depois. O evento reuniu cerca de mil pessoas, entre autoridades, sindicalistas – entre os quais dirigentes dos Senges de todo o Brasil e da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) – e associados ao SEESP.
A trajetória marcada pela defesa dos engenheiros e do desenvolvimento do Estado e do Brasil foi lembrada, na ocasião, pelo presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), José Roberto Bernasconi: “Ao longo desses anos, o País passou por muitas transformações, e uma coisa se manteve: a disposição do SEESP e de seus dirigentes, apoiados nas bases, em fazer um esforço grande pela modernização, defesa da tecnologia e, sobretudo, valorização dos profissionais.”
Atuação pela cidadania
Ex-delegado regional do trabalho de São Paulo e atualmente ouvidor das polícias do Estado, Antonio Funari Filho foi mais longe: “O sindicato e os engenheiros sempre estiveram presentes nos momentos nacionais importantes.” Entre os movimentos que ensejaram mudanças no cenário brasileiro e a entidade foi partícipe, o pela redemocratização e, mais recentemente, contra a privatização dos serviços públicos essenciais. Ele citou ainda outro: “Foi um dos integrantes da campanha pela ética na política em 1992, que resultou no afastamento de Collor.”
Prestigiando a comemoração, o prefeito licenciado de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), afirmou seu orgulho de ser engenheiro. E destacou a contribuição fundamental da categoria para tornar São Paulo a terceira maior cidade do mundo “em avanços, tecnologia e qualidade”, bem como para consolidar essa posição. “Em cada canto, vemos uma idéia sua, uma presença, uma ação, uma obra.” Na mesma linha, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) enfatizou: “Os engenheiros têm tudo com a cidade, não apenas com a construção civil, mas também com a reurbanização que o Brasil exige. São Paulo tem uma virtude muito grande, porque o Sindicato dos Engenheiros tem o valor de planejar, de buscar as melhores soluções para que o paulistano possa realmente se sentir em uma cidade bonita, limpa. É preciso incorporar cada vez mais uma participação ativa do SEESP junto à administração municipal.”
Ao encontro disso, nesta gestão, a principal bandeira da entidade tem sido o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – lançado pela FNE em 2006, que conta com a adesão desse e de todos os outros sindicatos a ela filiados. Apresentando plataforma nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social, na fase atual, o foco tem sido a discussão das questões metropolitanas, através da formação de conselhos tecnológicos regionais. No Estado de São Paulo, já estão implantados em quase todos os locais em que o SEESP tem delegacias sindicais.
Também durante a festa, o diretor-presidente da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A), Jurandir Fernandes frisou: “Nestes 74 anos, o SEESP vem cumprindo um papel importantíssimo e agora tem muito mais por fazer. Estamos vivendo um momento em que toda a nossa categoria está sendo requisitada, na questão do desenvolvimento da infra-estrutura e social.” O deputado estadual Rui Falcão (PT) seguiu na mesma linha: “O sindicato é bastante atuante e tem contribuição muito importante ao progresso do nosso Estado, sobretudo agora que os engenheiros são chamados a participar deste momento da vida nacional, com o Brasil crescendo como nunca nas últimas décadas e com a descoberta das reservas da camada pré-sal.”
Referência
Por tudo isso, na concepção do secretário de Estado do Esporte, Lazer e Turismo de São Paulo e também diretor do SEESP, Flávio José Albergaria de Oliveira Brízida, a entidade passou a ser referência nacional para as discussões de políticas públicas. Conforme o seu ex-presidente e hoje diretor, Allen Habert, as bases para o fortalecimento atual – são cerca de 50 mil associados e 25 delegacias sindicais – foram garantidas pelo “Movimento Renovação”, que reestruturou a organização e neste ano completa três décadas. “De lá para cá, é um conjunto de conquistas. E aprendemos que o SEESP é essa casa extraordinária em que a gente se anima, educa-se e se emociona exatamente por estar servindo a categoria e pensando no País.” Ele, que é também coordenador técnico do “Cresce Brasil”, destacou: “O sindicato, nos seus 74 anos, é um grande exemplo de como as camadas médias fizeram e podem fazer uma política ligada às maiorias, conectando o conhecimento do engenheiro com o do trabalhador e de todas as outras categorias interessadas no desenvolvimento, essencial para se ter um povo incluído e culto.” A opinião de Canindé Pegado, secretário-geral da UGT (União Geral dos Trabalhadores), reitera a afirmação. Para ele, o SEESP serve de modelo a que outras entidades possam assumir o compromisso de defesa dos interesses de seus representados e de lutar também por melhores condições de vida para a sociedade. Afinal, segundo Fátima Có, vice-presidente da FNE, a organização paulista sempre foi indutora do desenvolvimento nacional.
Além de se envolver nas questões macro, uma de suas batalhas fundamentais – ao lado dos outros sindicatos filiados à federação –, em particular diante do panorama auspicioso apontado, tem sido pela valorização profissional. “Todo o processo principalmente do ´Cresce Brasil´ tem trazido resultados relevantes às nossas regiões e essa discussão está em pauta”, avalizou Thereza Neumann Santos de Freitas, à frente do Senge-CE, presente à festa. A busca conjunta por melhor remuneração foi também salientada pelo presidente do Sasp (Sindicato dos Arquitetos de São Paulo), Daniel Amor. O vice-presidente do SEESP, Celso Atienza, ressaltou: “Estamos vivendo um momento novo, de pleno emprego e capacidade, em que temos que qualificar mais os profissionais. Estamos numa grande batalha para deixá-los melhor preparados para atuar em áreas como prospecção em águas profundas e engenharia de segurança do trabalho.”
Tamanha atuação fez com que, nos 74 anos da entidade, lhe rendessem homenagens presidentes e diretores de todos os Senges filiados à FNE, bem como dirigentes da entidade nacional. Nas palavras de Maria Odinéa Melo dos Santos Ribeiro, presidente do sindicato do Maranhão, o SEESP é pioneiro ao colocar respostas a perguntas feitas pela sociedade, tais como “quais as soluções a que o nosso Estado, cidade e País cresçam”. Assim, vários dos presidentes de entidades bem mais jovens que representam a categoria em outras localidades consideram-na um espelho. “Estamos procurando seguir esse caminho”, disse Manuel José Menezes Vieira, do Senge-PA. A vice-presidente do sindicato no Acre, Carmem Bastos Nardino, concluiu: “O SEESP demonstra que, com um sindicato forte e com propostas, é possível fazer um bom trabalho.”
Soraya Misleh