Soraya Misleh
Com a perspectiva de aprovação de funcionamento do Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia) pelo MEC (Ministério da Educação) ainda neste semestre, a meta é dar início ao curso de graduação em engenharia de inovação em agosto. A expectativa é apontada pelo diretor-geral do estabelecimento, Antonio Octaviano. Fundamenta-se nos resultados auspiciosos obtidos junto ao órgão governamental respectivamente em outubro e dezembro. No primeiro desses meses, uma comissão visitou as instalações da futura escola e a considerou habilitada a entrar em operação.
Foram verificados aspectos da infraestrutura, como laboratórios, biblioteca, condições das salas de aula. Já ao apagar das luzes de 2012, representantes do governo avaliaram a proposta pedagógica, concedendo nota elevada ao curso de graduação. “Reconheceram como um projeto avançado, inovador, tanto na forma quanto no conteúdo, entendendo ser o que o País precisa do ponto de vista de formação e qualificação de engenheiros, respondendo ao que a sociedade, mercado, indústria colocam como necessidades ao desenvolvimento sustentável.” Ao encontro, portanto, do que propugna o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), com a adesão dos sindicatos a ela filiados, entre os quais o SEESP, entidade mantenedora da instituição.
O processo para credenciamento legal do Isitec junto ao MEC teve início há um ano e ainda há alguns passos a serem percorridos. Agora, os dois documentos avalizando a proposta deverão seguir para o Conselho Nacional de Educação, que nomeará um relator. “A expectativa é que a homologue.” As etapas posteriores são o encaminhamento ao Ministro da Educação e daí à Casa Civil. Somente depois o resultado será publicado no Diário Oficial da União, “nos transformando em instituição de ensino superior”.
O curso
Vencidas todas essas fases, o Isitec – primeira instituição do gênero cujo mantenedor é um sindicato, o SEESP – poderá então abrir processo seletivo para entrada da turma inaugural de 60 alunos em engenharia de inovação. Além de oferecer pós-graduação lato sensu – os cursos de curta duração já podem ser disponibilizados. Segundo Octaviano, a graduação será em período integral, com carga horária de 4.600h, superior ao mínimo exigido de 3.600h pelo MEC. “Prevê na grade curricular um elenco grande de disciplinas, matérias optativas e atividades complementares.”
A ideia, conforme José Marques Póvoa, diretor acadêmico do Isitec, é formar engenheiros “multiespecialistas, que sejam capazes de se especializar em diversas áreas” ao longo de sua carreira. A proposta audaciosa leva em conta o fato de hoje o mercado ser absolutamente dinâmico, requerendo atualização constante. Caso contrário, diante dos avanços tecnológicos, os conhecimentos adquiridos na faculdade já poderão estar obsoletos na colação de grau. O novo curso, de cinco anos, pretende fornecer uma base sólida em engenharia, recuperando o conceito original do profissional enquanto “resolvedor de problemas”. “Tendo esse domínio, e estando preparado para continuar a aprender ao longo da vida, esse conseguirá transitar nas diversas áreas.” Com aulas práticas em todos os semestres, Póvoa destaca o caráter integrador do curso. “Não haverá laboratórios separados por disciplina, permitindo ao aluno realizar projetos em várias áreas.”
Além disso, ele aponta outros diferenciais na grade curricular. Entre eles, a inclusão do segundo ao oitavo ano da disciplina “Design e equipe de inovação”, com a proposta de que o estudante aprenda a trabalhar em equipe desde sua entrada na faculdade, já desenvolvendo projetos, num processo dinâmico. Característica que o distingue, de acordo com o diretor acadêmico, ainda é a preocupação em apresentar exemplos de aplicação de engenharia nas disciplinas básicas dos três primeiros semestres, numa busca por impedir a evasão. Além de nivelamento no começo do curso para avaliar possíveis dificuldades em exatas, o Isitec propiciará acompanhamento fora do horário normal de aula durante os cinco anos de graduação. Também haverá “laboratório de linguagens”, provavelmente incluindo inglês, português e plataforma Windows. O projeto foca também no relacionamento universidade-empresa, que deve ser impulsionado via convênios com companhias.