A luta pelo fim de qualquer tipo de discriminação e violência contra o gênero feminino deve fazer parte da nossa agenda de trabalho e militância de forma constante e permanente. Contudo, o 8 de março, consagrado como Dia Internacional da Mulher, é uma ótima oportunidade para a reflexão sobre os avanços conquistados e o caminho ainda a percorrer. Num tempo em que a principal mandatária do País é uma mulher, é com satisfação que vemos a cada dia caírem barreiras que impediam a participação feminina em determinadas profissões, como o exemplo óbvio da engenharia, reduto tradicionalmente masculino, mas que vem paulatinamente sendo transformado.
Também é com alegria e orgulho que assistimos as jovens de hoje tomarem seus destinos nas mãos sem se intimidarem com o que quer que seja ou pedir autorização. Mas é fato que a igualdade plena ainda não chegou e já tarda. Dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado demonstram que, em 2011, cada mulher tinha salário médio de R$ 997,00, o equivalente a 70,4% dos R$ 1.417,00 recebidos, em média, pelos representantes do sexo oposto. Isso num cenário em que a qualificação feminina avança mais que a masculina, com 61,2% com 11 anos ou mais de estudo contra 53,2%.
E continua a se somar à disparidade de remuneração a realidade da dupla jornada, já que a responsabilidade pelas tarefas domésticas e pela educação dos filhos continua, na maioria dos lares brasileiros, recaindo sobre as mulheres. Mudar esse quadro demanda um duplo avanço. Primeiro, urge a conscientização de que a cozinha, assim como a lavanderia, o trocador de fraldas etc. hoje são lugar de todos. Tal revisão de conceitos é importante mesmo para as famílias de classe média, que se habituaram a contar com mão de obra remunerada para a organização e limpeza da casa, mas podem ter que abrir mão dessa comodidade num período em que esses serviços encarecem graças a uma dinâmica positiva de avanços socioeconômicos. Além disso, é preciso que haja políticas públicas que não só protejam, mas facilitem a maternidade. Além da licença remunerada – cujo gozo também pelos homens deve ser estudado –, creches e escolas infantis em número suficiente e de qualidade são essenciais para que mães e pais possam trabalhar com tranquilidade.
Por fim, é preciso de uma vez por todas transformar o quadro inaceitável da violência de gênero. Segundo informações do Ministério da Saúde, 5.496 mulheres foram internadas no SUS (Sistema Único de Saúde), no ano passado, em decorrência de agressões. Além dessas, 37,8 mil, entre 20 e 59 anos, precisaram de atendimento. Ainda, o Mapa da Violência 2012 revela que de 1980 a 2010, foram assassinadas no País quase 91 mil mulheres, das quais 43,5 mil somente na última década.
Como se vê, não é pouco o que ainda se precisa fazer, mas convictos da absoluta necessidade da igualdade de gênero para a construção de uma sociedade verdadeiramente justa, certamente atingiremos essa meta.
Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente
Que tudo dê certo!