A 7ª Marcha das Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais a Brasília, realizada em 6 de março, foi um importante marco na dura queda de braços entre os interesses das forças populares e o do grande capital. Numa manifestação que reuniu 50 mil trabalhadores e militantes com grande entusiasmo, mas na mais perfeita tranquilidade, foi possível deixar claro que essa parcela da sociedade tem voz e o que dizer aos poderes. Esse grande evento marcou também o primeiro encontro do movimento sindical com a presidente Dilma Rousseff, que recebeu os representantes do conjunto das centrais, abrindo finalmente o diálogo direto com a classe trabalhadora, o que vinha sendo reivindicado desde o início de seu governo.
À Chefe do Executivo foi entregue a “Agenda da classe trabalhadora”, que reflete as reivindicações da conferência realizada em 2010, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Organizada em seis eixos estratégicos, propõe: crescimento com distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno; valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; Estado como promotor do desenvolvimento socioeconômico e ambiental; democracia com efetiva participação popular; soberania e integração internacional; e direitos sindicais e negociação coletiva.
A presidente recebeu ainda a “carta das centrais”, contendo as reivindicações levadas a Brasília. Entre essas, estão a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, a ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que proíbe a demissão imotivada, e a regulamentação da 151, que assegura a organização sindical do servidor público. De caráter mais amplo, bandeiras como a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) à educação e de 10% do orçamento da União à saúde, a correção da tabela do imposto de renda, ampliação do investimento público, igualdade de oportunidades a homens e mulheres e reforma agrária.
Essa pauta de grande relevância não só para os trabalhadores, mas para o conjunto da sociedade brasileira que tem compromisso com o nosso avanço socioeconômico foi ainda apresentada aos chefes dos demais poderes. Também se reuniram com os sindicalistas os presidentes do Senado, Renan Calheiros, da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, e do STF (Superior Tribunal Federal), Joaquim Barbosa.
Após essa vitoriosa mobilização, a organização dos trabalhadores deve manter o esforço e a luta para que tais reivindicações tornem-se realidade. Isso trará benefícios à grande maioria da população e, ao mesmo tempo, contribuirá com a dinâmica positiva de crescimento econômico nos patamares que o País precisa alcançar para dar o salto de qualidade necessário e tão esperado. O SEESP, juntamente com a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e a CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados), não só soma-se a essa batalha, como dará continuidade ao debate de propostas que considera fundamentais à construção de uma verdadeira nação. Tais ideias concentram-se principalmente no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” e na campanha “Brasil Inteligente”.
Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente