Dar condições aos estudantes locais a que “criem seus próprios negócios e, a partir daí, participem do processo de desenvolvimento da cidade”. Esse é o principal objetivo da oferta de cursos de empreendedorismo em todos os níveis de ensino – fundamental, médio e superior – em Lins, como afirma o seu prefeito, Waldemar Sândoli Casadei.
A iniciativa teve início em 2006, através de um convênio entre sua administração e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o qual garantiu que a disciplina fosse ministrada para os alunos das escolas municipais dos seis aos 14 anos. A partir deste ano, vai se estender às escolas estaduais e particulares, bem como às universidades. Assim, estão incluídos nessa leva não apenas os pequenos, mas também os adolescentes que cursam do primeiro ao terceiro ano da fase pré-vestibular e os graduandos das faculdades locais, independentemente do curso. “A simples formação convencional não é suficiente a que o estudante tenha condições excelentes de vencer na sua profissão. Por melhor que seja a escola, a pessoa é lançada no mercado sem preparo nenhum para enfrentar essa realidade. Então, o que se pretende é garantir um diferencial a todos os formados em Lins. Significa que esses profissionais vão ser criativos, arrojados, buscar soluções distintas, saber planejar, montar e fazer caminhar seus negócios”, acredita Casadei.
Aquecer a economia
Com isso, sua expectativa é de que diminua a evasão de pessoas para outras localidades, após a formação, em busca de emprego. Para o prefeito, os futuros empreendedores poderiam se fixar no próprio município, com a abertura de negócios, e dinamizar sua economia. O cenário atual é favorável à permanência na cidade. Como observa André Fassa, professor dos cursos de empreendedorismo no Unilins (Centro Universitário de Lins), a região experimenta um crescimento que, nos últimos quatro anos, garantiu que a arrecadação praticamente dobrasse. Assim, medidas já previstas como isenção de impostos, doação de terrenos pelo governo local, destinação de recursos às micro e pequenas empresas por um fundo de desenvolvimento, aliadas à formação para o empreendedorismo, permitiriam, na análise do professor, mudança no perfil de Lins, cuja economia hoje é baseada na agricultura e pecuária. “Estamos planejando um parque tecnológico onde haverá incubadoras e acreditamos que até o final do ano já tenhamos isso implantado. O objetivo é fomentar ainda mais esse potencial (de novos negócios)”, enfatiza Fassa.
De acordo com Casadei, cada universidade vai produzir seu próprio material e as escolas particulares eventualmente vão cobrar. “Isso fica a critério de cada uma.” Certo é o compromisso geral de oferecer a matéria à totalidade dos estudantes.
O Unilins, por exemplo, incluiu em sua grade curricular a disciplina em um semestre. A metodologia é do Sebrae, que formou os multiplicadores. Além disso, a instituição continuará a oferecê-la também como matéria optativa – o que já faz desde 2000. Para despertar o espírito empreendedor, como relata Fassa, “tem toda uma preparação do ser humano. Utilizamos cerca de 20 a 30 horas discutindo a parte psicológica. Somente depois partimos para as ferramentas”.
Soraya Misleh