Em luta para alcançar o pleno desenvolvimento, o Brasil, felizmente, já se deu conta da importância dos engenheiros para cumprir tal meta. Falta agora encontrar a maneira de assegurar a formação dessa mão de obra especializada em quantidade e qualidade suficientes. Um dos problemas a serem enfrentados, a evasão nos cursos de graduação, ganhou novamente destaque a partir da pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que dá conta da desistência antes da conclusão de mais da metade dos alunos. O estudo levou em consideração os ingressantes em 2007, que somaram 105.101. Cinco anos depois, apenas 42,6% desses estavam formados.
Tal quadro é já do conhecimento de educadores e gestores do setor e tem sido objeto de estudos e debates, inclusive no âmbito do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) em 2006. À época, projetando a possibilidade de expansão econômica da ordem de 6%, a entidade estimou a necessidade de formar 60 mil profissionais ao ano. Naquele período, esse número não passava de 30 mil. Com o impulso na economia registrado a partir de 2007, a profissão, que estava no ostracismo, voltou a ganhar destaque e cresceu o interesse dos jovens pela carreira. Segundo o censo do Ministério da Educação (MEC), em 2011 formaram-se cerca de 42 mil. Ou seja, houve avanços, mas não o suficiente.
O modelo Isitec
Entre causas da evasão, reafirmadas agora pelo levantamento da CNI, estão a deficiência na formação básica dos estudantes em matemática e ciências, a desmotivação provocada pela falta de experiências práticas durante o curso e a necessidade de escolha prematura de especializações. Esse diagnóstico, fundamental para repensar a formação nos cursos de engenharia, foi levado em conta na criação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), que tem o SEESP como entidade mantenedora e está em fase final de credenciamento junto ao MEC. A previsão é que em 2014 tenha início a primeira turma do curso de graduação em Engenharia de Inovação, que não produzirá especialistas, mas profissionais aptos a atuar em todos os segmentos da economia. A proposta é oferecer sólida formação básica, numa cultura de inovação, com foco na busca de soluções aos desafios da indústria nacional.
Com carga de 4.680 horas, 60 alunos estudarão em período integral. Além de um corpo docente de primeira linha, terão à disposição os mais avançados recursos didáticos e ferramentas de tecnologia da informação. A partir do segundo ano, serão montadas equipes por motivação, que trabalharão em projetos inovadores. Será estimulada a cooperação internacional entre discentes, que irão interagir com grupos de outros países interessados nos mesmos temas. Com o objetivo de assegurar que os alunos tenham condições de acompanhar a proposta pedagógica, haverá um programa inicial com duas linhas de apoio: uma de fundamentos de ciência, matemática e física e outra trilíngue, com capacitação em inglês, português e informática.
Acreditamos ser esse um bom caminho para evitar a evasão e assegurar a formação dos engenheiros necessários ao Brasil.
Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente