A ser concluída em abril de 2008, uma nova alternativa ao tráfego de veículos em região nobre paulistana apresenta solução inédita no mundo: a ponte estaiada “Octavio Frias de Oliveira”, que interligará a Marginal Pinheiros com a Av. Jornalista Roberto Marinho, nos sentidos Interlagos e Pinheiros. E futuramente permitirá o acesso à Rodovia dos Imigrantes, via alças complementares.
“É um projeto diferente. São duas pontes em curva que se cruzam em um único mastro, de 138 metros de altura. São seguras por 144 estais, 72 de cada lado”, explica o gerente de obras da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), Norberto Duran. O engenheiro responsável pela concepção da obra, Catão Francisco Ribeiro, da empresa Enescil, destaca que, além do mastro em forma de “x”, o que a distingue são curvas acentuadas e extensas. Cada um dos dois tabuleiros, em concreto armado e protendido, tem 290m de comprimento. “O que levou a isso foi a necessidade de equilibrar a estrutura e de buscar a melhor solução ao usuário para a travessia do rio”, esclarece. Para se ter uma idéia, visou-se, informa Ribeiro, alcançar a chamada “curva ótima”, o que permitirá que se trafegue sobre a ponte a velocidade de 90km/h. Esses resultados demandaram, diz, as mais sofisticadas tecnologias, com ganhos em modernidade, estética e economia. “O ‘estado da arte’ é colocado no projeto e construção, das fundações ao topo do mastro.”
Por sua complexidade, incluiu, por exemplo, análise em túnel de vento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma o gerente de obras da Emurb. “Fez-se maquete da ponte em escala reduzida para verificar seu comportamento na incidência de ventos fortes. Em São Paulo, o previsto é que não ultrapassem os 140km/h. O ensaio foi feito com até 200km/h e não houve nenhum problema de balanço”, garante Ribeiro. Conforme ele, os materiais usados são de primeira qualidade e de longa duração – o tempo de vida útil estimado para a ponte é de 100 anos, “com manutenção mínima”. “Os cabos de aço (usados como estais) são de tripla proteção contra corrosão e ação de raios ultravioletas”, complementa. E, ressalta, todos os insumos têm fabricação nacional.
Valorização
Responsável pelo projeto arquitetônico, João Valente, da empresa Valente, Valente: Arquitetos, lembra que essa foi ainda a melhor solução urbanística para a região. “Resultou numa concordância vertical de melhor ajuste paisagístico e redução considerável da área de intervenção da cidade.”
Em andamento desde 2003, o empreendimento vem sendo executado pela Construtora OAS e envolve cerca de 450 trabalhadores, sendo aproximadamente 15 engenheiros. Custará R$ 230 milhões – já tendo sido gastos até o momento, de acordo com Duran, cerca de R$ 150 milhões. Segundo Ribeiro, por volta de 25% provém do orçamento da Prefeitura e o restante da venda dos chamados Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) a investidores que desejam realizar empreendimentos imobiliários acima do gabarito permitido nas áreas de influência da ponte. A obra seria uma espécie de contrapartida a eles, acredita.
De fato, como aponta Duran, entre os benefícios, está valorização muito grande da região, com o desafogo no trânsito. Assim que for liberada ao tráfego, a ponte deve ser utilizada, conforme a assessoria de imprensa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), no horário de pico, por 2.200 veículos/hora, no sentido Av. Jornalista Roberto Marinho, e 2.800, em direção à Marginal.
Soraya Misleh