Sob esse tema central, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) realizou seu 2º Encontro Nacional nos dias 5 e 6 de dezembro. O evento aconteceu na sede do SEESP, na Capital paulista, e contou com a participação de cerca de 200 pessoas.
Como resultado, foi aprovada a Carta do 2º Encontro Nacional, que abrange, entre as propostas, a "participação nas lutas unificadas dos trabalhadores e da sociedade pelo desenvolvimento sustentável". Teve lugar ainda o projeto “Brasil 2022: o País que queremos”, da CNTU, que prevê iniciativas ao longo dos próximos nove anos para se assegurar um País mais justo e soberano até o Bicentenário da Independência.
Entre as personalidades que prestigiaram a abertura, estão os vereadores de São Paulo José Police Neto (PSD) e de Campo Grande Edson Kiyoshi Shimabukuro (PTB), este último também presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Mato Grosso do Sul; o superintendente Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros; e o secretário municipal do Trabalho e Emprego de São Paulo, Eliseu Gabriel. No ensejo, Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da CNTU, observou que, no processo eleitoral de 2014, deve-se cobrar dos candidatos ideias e programas de trabalho. A confederação deve apresentar suas propostas a cada um.
A reindustrialização foi apontada por Waldir Quadros, economista do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Cesit/Unicamp), como um dos grandes desafios a serem enfrentados em âmbito nacional. Nos debates ficou demonstrado que ainda há muito por avançar, a despeito do que Armando Boito Jr., cientista político da Unicamp, chamou de nova fase brasileira, com ganhos reais em 96% das convenções e acordos coletivos de trabalho no ano de 2012, ante 18% em 2003. Da mesma forma, o perfil das reivindicações das categorias que, na década de 1990, era defensivo, pela garantia do não atraso do pagamento dos salários, nos anos 2000, passou a ser ofensivo, incluindo aumento real e produtividade.
Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acredita que o cenário encontrado no Brasil permite “transformações mais robustas”. Assim, apontou o caminho das pedras ao sindicalismo dos profissionais universitários: constituir a unidade da classe trabalhadora para enfrentar a desigualdade. “A dimensão do desenvolvimento industrial e de ciência, tecnologia e inovação é central nesse processo.” É fundamental ainda, segundo sua análise, “disputar a produtividade, a qualidade do emprego”. João Guilherme Vargas Netto, analista político e consultor sindical da CNTU, propõe que o sindicalismo de classe média mantenha uma visão de conjunto e trabalhe para garantir e fortalecer a unidade.
Brasil 2022
Fazendo um paralelo sobre os desafios em prol da igualdade e justiça social no País que o projeto “Brasil 2022” visa enfrentar, o diretor de articulação nacional da CNTU e coordenador do 2º encontro, Allen Habert, citou como inspiração o líder na luta que pôs fim, em 1994, ao apartheid na África do Sul: Nelson Mandela – que faleceu aos 95 anos de idade, no dia 5 de dezembro. “Ele nos mostrou que não há problema que não tenha solução.”
O projeto da CNTU foi debatido pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e pelo secretário adjunto municipal de Cultura de São Paulo, Alfredo Manevy de Pereira Mendes. O primeiro indicou que, para haver crescimento, é necessária a combinação de processos políticos e econômicos e aumento da capacidade produtiva. Como lembrou, o País ainda enfrenta todo tipo de desigualdade. E destacou que é na área cultural que se formam as concepções de mundo, lamentando que hoje quem cumpre esse papel é sobretudo a televisão. Mendes enfatizou a importância da internet para mudar esse quadro hegemônico, revelando a disputa pelo marco civil, em tramitação no Congresso Nacional, que visa instituir os direitos e deveres dos usuários da rede.
Ao final, ocorreu a posse de 65 novos integrantes do Conselho Consultivo da CNTU, que agora reúne 600 membros, e sua 3ª Plenária, bem como a entrega da terceira edição do prêmio Personalidade Profissional 2013. Na oportunidade, foram agraciados como destaques do ano na luta por um Brasil melhor: Antônio Corrêa de Lacerda (na categoria Economia); o senador Romero Jucá Filho (Engenharia); Maria Socorro Ferreira, representada na homenagem por Ulisses Nogueira (Farmácia); o senador Paulo Roberto Davim (Medicina); Élido Bonomo (Nutrição); Maria Helena Machado de Souza (Odontologia); e Rosa Maria Cardoso da Cunha (Excelência em gestão pública).
Conheça os premiados e leia cobertura completa do encontro aqui.
Por Soraya Misleh e Rosângela Ribeiro Gil