A região da Baixada Santista tem de participar dos destinos do seu porto. Necessário se faz que a movimentação de cargas e mercadorias no maior complexo portuário do Hemisfério Sul gere empregos e ganhos regionais, como é possível e urgente.
Em vão discutir o desenvolvimento da RMBS (Região Metropolitana da Baixada Santista) apenas com régua e compasso, sem levar em conta seu contexto histórico. Foi a atividade portuária que promoveu todo o seu crescimento econômico e urbano. Não fosse o Porto de Santos, não teríamos a represa Billings, não seria possível existir o maior complexo industrial da América do Sul em Cubatão e tantos outros fatores geradores de riquezas que sustentam nossa economia. Para que esse processo continue a sua marcha na velocidade possível de ser alcançada, é preciso um projeto nosso.
É evidente que o primeiro passo dessa caminhada é a diretoria do nosso porto ter, em sua composição, gente da terra. Entretanto, é fundamental que isso seja atrelado a uma consistente competência técnica e política necessária para implementar um novo projeto histórico que promova o crescimento econômico com qualidade de vida. Esse projeto é o Porto das Três Barras.
Esse foi desenvolvido na década de 50, na antiga CDS (Companhia Docas de Santos). O projeto consiste, basicamente, em desenvolver o Porto de Santos também no sentido das outras duas barras, de São Vicente, pelo Mar Pequeno, e de Bertioga, através do seu canal. Significa adentrar por essas águas com processo produtivo não-poluente e que possa ser escoado por meio de barcaças de pequenos calados e embarcados nos grandes navios.
Em termos de investimentos, a implantação desse novo paradigma regional vai representar a aplicação de recursos da ordem de U$ 15 bilhões nos próximos dez anos. Esse fluxo de capital vai impor um ritmo de crescimento na Baixada Santista jamais visto até agora, impulsionado por nosso modelo atual de porto, que precisa ser muito aprimorado.
Nossas necessidades de emprego não permitem mais perdas de tempo. Os segmentos organizados da sociedade precisam ser alinhados na direção desse projeto, condição sem a qual não é possível chegar aos melhores resultados. Há que se ter uma convocação de todos os nove municípios da RMBS para entenderem essa possibilidade e homogeneizarem seus horizontes na direção da atividade portuária, para dela participar direta ou indiretamente. Ainda que seja como suporte urbano ou cidade-dormitório, atrelado a um sistema de transporte moderno como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
Nesse cenário, cabe à centenária Associação Comercial de Santos um papel de boca de cena. Convocar nossa sociedade para debater e participar com sinergia do seu progresso. Desenvolver o projeto do Porto das Três Barras será um momento histórico da nossa região. Muito mais pessoas terão empregos, com melhores estruturas sociais e de lazer. Nosso turismo vai gerar fábulas de dinheiro. O nosso parque acadêmico vai florescer e nossa gente vai ser mais feliz.
José Antonio Marques Almeida é engenheiro da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), diretor do SEESP e vereador da cidade de Santos