Fundado em 21 de setembro de 1934, o sindicato completa, em 2014, 80 anos de existência. Como enfatiza seu presidente, Murilo Celso de Campos Pinheiro, “com uma trajetória marcada pela atuação em prol dos engenheiros, da tecnologia e do desenvolvimento nacional, há certamente muito a comemorar, mas também a realizar”. Ele continua: “A série de conquistas e lutas ao longo de sua história o leva a consolidar-se como entidade-cidadã e em defesa dos direitos de seus representados.”
Data tão importante será celebrada com muitas homenagens, eventos e trabalho. Em ano eleitoral e de Copa do Mundo no País, o SEESP – filiado à FNE e engajado em seu projeto, denominado “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – estará envolvido nas principais discussões de interesse da sociedade brasileira. Já vem participando dos debates sobre o legado a ser deixado à população pelo mundial de futebol e, como é de praxe, convidará os candidatos a presidente e governador neste pleito a apresentarem suas propostas à categoria, bem como deverá levar suas demandas a cada um. Além disso, deve contribuir à formação dessa mão de obra e, com isso, ao desenvolvimento do País. Através do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), do qual é entidade mantenedora, deve abrir em breve as portas à primeira turma de graduação em engenharia de inovação.
O começo
Esses passos começaram a ser dados dois meses após a promulgação da Constituição Federal de 1934. O objetivo era eleger para a Câmara Federal, ainda naquele ano, um deputado classista, figura criada pela nova Carta Magna. Sua indicação deveria ser feita por uma entidade sindical. Com a possibilidade de representar os interesses de sua categoria profissional, esse teria os mesmos direitos que os parlamentares eleitos pelo povo.
Um dos grandes inspiradores do futuro sindicato e defensor dessa ideia foi Roberto Cochrane Simonsen. Assim como ele, outros dos seus fundadores também eram empresários – ou profissionais autônomos. Reflexo de como se organizava na sociedade a maioria da categoria à época, como descrito na publicação “Memória – 60 anos do SEESP”, com um pequeno número de engenheiros empregados.
À fundação da entidade, reuniram-se em assembleia 12 engenheiros civis e arquitetos. Os trabalhos foram presididos por Francisco Teixeira da Silva Telles, que ocuparia a primeira presidência do sindicato, ficando no cargo até 1952. Conforme consta da ata de instalação do SEESP, em seu pronunciamento, ele procurou demonstrar “as vantagens resultantes para a classe com a sua organização de acordo com as leis vigentes”. Assim, propôs sua criação, inicialmente sob o nome de Sindicato Profissional de Engenheiros Civis e Arquitetos de São Paulo. A ideia foi aprovada por unanimidade. Na assembleia, também foram votados os estatutos, eleita e empossada a primeira diretoria, com mandato até 31 de março de 1936, ainda segundo registrado na ata. Além de Silva Telles, integraram-na: Guilherme Winter (secretário), Francisco Azevedo (tesoureiro), Hippolyto Gustavo Pujol, Oscar de Paula Bernardes e Archimedes de Barros Pimentel (Conselho Fiscal).
A partir daí, foi indicado a deputado classista pelo sindicato o engenheiro Ranulpho Pinheiro Lima. Como consta no livro “Memória – 60 anos do SEESP”, ele “chegou até a encaminhar alguma coisa, mas, com o golpe de 1937 e o consequente fechamento da Câmara, todo o trabalho foi suspenso. E o sindicato só começou a ter algum tipo de trabalho mais tarde, com o fim da representação classista”. A Carta Sindical foi registrada no Departamento Nacional do Trabalho, sediado no Rio de Janeiro, em 6 de agosto de 1941, já sob a denominação Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, e abrangendo engenheiros de minas, civis, mecânicos, industriais, eletricistas, arquitetos e agrônomos.
O trabalho, contudo, era bastante limitado. Restringia-se à atuação assistencial, com um sistema de atendimento odontológico e médico-ambulatorial, e à representação junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), bem como a órgãos públicos. A virada se daria somente nos anos 1980, com o Movimento Renovação.
Por Soraya Misleh
Carlos Marrocos
Milson Cesar Pagliarini