João Guilherme Vargas Netto
Diferentemente do náufrago solitário que lança ao mar a garrafa com sua mensagem e fica esperando que alguém a recolha e o atenda, o movimento sindical articulado precisa insistir e fazer chegar às diversas candidaturas sua voz forte e unitária, exigindo compromissos firmes e encaminhamentos concretos em torno de, pelo menos, cinco temas de sua pauta.
O primeiro deles é a manutenção da atual política de valorização do salário mínimo, que todos apoiam, mas não garantem sua execução integral. O segundo é a correção da tabela do Imposto de Renda e o aumento das isenções para os trabalhadores. A presidente Dilma Rousseff, que é também candidata, deveria, desde já, garantir a correção dos 4,5%, cuja medida provisória caducou.
O terceiro é o engajamento na luta pelo controle das terceirizações, que são a porta de saída dos direitos trabalhistas e da formalização, cujos efeitos civilizatórios são confirmados pelo engenheiro e economista Luiz Carlos Mendonça de Barros em artigo de sua autoria publicado no jornal Valor Econômico do dia 15 de setembro.
O quarto é o compromisso com a substituição do fator previdenciário por uma fórmula que não penalize os trabalhadores que ingressaram no mercado de trabalho mais cedo. O Sindicato Nacional dos Aposentados, filiado à Força Sindical, já apresentou sua proposta, que pode servir de base às negociações e votações futuras.
E, finalmente, o quinto é o encaminhamento político da redução constitucional da jornada de trabalho. Tal diminuição já vem acontecendo na vida real (horas efetivamente trabalhadas) e sendo negociada em vários acordos e convenções coletivas, podendo ser, eventualmente, gradual, como já foi proposto pelo vice-presidente da República e candidato à reeleição, Michel Temer.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical do SEESP