Desde 2006, com o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, os engenheiros brasileiros vêm dedicando grandes esforços à formulação de um programa consistente que conduza à expansão da economia brasileira, de modo contínuo e sustentável, aliado à melhoria das condições de vida de todos os nossos cidadãos. Uma premissa decisiva da iniciativa é que o País precisa, pode e deve crescer a taxas anuais significativas. Nossa preocupação constante é buscar soluções factíveis para contornar os percalços da aceleração da produção e do consumo e temos sempre insistido que as ferramentas da engenharia podem contribuir muito para isso.
Foi com esse sentido que a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) realizou, nos dias 12 e 13 de março, com o apoio do SEESP, o seminário “Água e energia – Enfrentar a crise e buscar o desenvolvimento” (JE 470 - http://goo.gl/XKGE7v).
Vivemos um momento de sérias preocupações. A expansão do consumo de massas não se dá mais no mesmo ritmo de antes. Surgem desequilíbrios sérios nas finanças públicas. A demanda interna por bens é cada vez menos suprida por oferta de produção nacional, gerando crescentes déficits de balança comercial e de pagamentos. As taxas de juros, já exageradas e crescentes, inibem o consumo e penalizam os investimentos produtivos. O descompasso cambial, associado a uma estrutura tributária excessivamente complexa e regressiva, é fator que induz a uma desindustrialização precoce e perigosa. A criação de novos empregos e o aumento do valor real dos salários começam a ser ameaçados.
Para enfrentar tais problemas, cristalizam-se, em linhas muito gerais, duas correntes. De um lado, sob forte influência dos interesses financeiros e das concepções rentistas, há os que pregam a “austeridade”, um choque recessivo que, pela redução de salários, pelo aumento das taxas de desemprego, pela severa restrição aos investimentos públicos e pela interrupção de medidas de política industrial afirmativa, viria a “colocar a economia brasileira no ritmo que lhe é possível”. Provoca-se, em nome de um hipotético futuro reequilibrado, uma “morte social súbita”, trazendo de volta fenômenos como os do desemprego em massa, dos salários aviltantes e da acelerada ampliação dos desníveis econômicos entre os cidadãos, cenário que vinha sendo superado por décadas em todos os países que adotavam uma relação equilibrada e profícua entre as condicionantes de mercado e as demandas da população.
Outro caminho, ao qual se filia a FNE, é o da superação das dificuldades e contradições da trilha do desenvolvimento por meio da contínua expansão do consumo, da produção e do investimento, inclusive estatal naqueles setores que assim o exigem. Para nós, a solução para os problemas do crescimento é mais crescimento, e a chave para que isso se dê de modo virtuoso é um conceito muito caro aos engenheiros: nosso desafio é o da produtividade.
Para sintetizar em um mote, “menos finanças, mais engenharia”.
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Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente