O 15º Seminário das Campanhas Salariais do SEESP, realizado em 8 de abril, deu a largada ao processo que visa renovar os acordos e convenções coletivas de cerca de 100 mil engenheiros em todo o Estado de São Paulo (leia a cobertura do evento aqui). O objetivo é chegar a bom termo à mesa de negociação, garantindo aos profissionais reposição da inflação desde o último reajuste, ganhos por produtividade, manutenção e ampliação de benefícios e, certamente, o piso salarial da categoria assegurado em lei.
Neste ano, em que o País vive dificuldades políticas e econômicas, as campanhas salariais, não só dos engenheiros, mas do conjunto da mão de obra nacional, devem ser encaradas, inclusive pelas empresas, como uma forma de se evitar a recessão no País, o que não interessa a ninguém. O arrocho salarial e o desemprego, cujas consequências sociais são gravíssimas, atingirão o trabalhador, mas também a atividade econômica e a arrecadação do governo. Portanto, em que pesem as divergências sobre a melhor forma de se atingir um bom resultado, há um claro objetivo comum, que é manter o Brasil seguindo em frente.
É preciso que as inúmeras denúncias de corrupção que ocupam as notícias sejam vistas como uma oportunidade para combater os desvios e a impunidade, alcançando um avanço civilizatório na relação estabelecida entre o público e o privado. Como saldo, teremos não só a preservação do dinheiro público, mas um País mais decente de modo geral. O que não podemos permitir em hipótese alguma é que, a pretexto de combater os malfeitos, joguemos por água abaixo o que foi construído. Investiguem-se, julguem-se e punam-se todos os culpados, mas é preciso preservar a capacidade produtiva e tecnológica nacional.
Temos que ampliar a industrialização brasileira, com ganhos de produtividade e inovação, e não escancarar as portas à desnacionalização da nossa economia. Esse é um momento em que é preciso colocar o País em primeiro lugar. Ou as forças políticas terão pouco a disputar entre si. As conquistas dos últimos anos, que são principalmente o aumento do emprego e da renda, não devem de forma alguma ser descartadas. Pelo contrário, é preciso avançar.
Também é importante ter em mente que o ajuste das contas públicas, certamente necessário, não pode se dar com medidas de caráter recessivo. O equívoco representado pela edição das medidas provisórias 664 e 665, que restringem benefícios ao trabalhador, deve ser desfeito. Ainda mais grave, a aprovação da terceirização de atividades-fim pela Câmara dos Deputados precisa ser revista. Sem qualquer traço de “modernidade”, como alegam alguns defensores, a mudança trata-se de retrocesso nefasto.
É com esse espírito de seriedade e confiança no País que o SEESP e os engenheiros do Estado de São Paulo dão início às campanhas salariais 2015, buscando a justa recompensa pelo esforço da categoria.
Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente