Gostaria de, nesta oportunidade, me dirigir diretamente ao Exmo. Sr. Prefeito Fernando Haddad, na esperança de captar sua atenção para um problema que diz respeito aos engenheiros e arquitetos que atuam na administração municipal, mas também ao bem-estar da população de São Paulo e ao desenvolvimento da cidade. A situação desses profissionais é grave já há muitos anos: não têm plano de carreira adequado, seus ganhos estão muitas vezes abaixo do piso e acumulam perdas salariais de mais de 60%. Desde o início do seu mandato, contudo, organizados pelo SEESP, os engenheiros e arquitetos retomaram a mobilização acreditando ser possível mudar esse quadro, confiantes na possibilidade de negociação.
Infelizmente, esse caminho mostrou-se menos profícuo que o esperado. Aconteceu um sem-número de reuniões e conversas, com as mais diversas autoridades, sem que se obtivesse resultado positivo. Uma greve de 15 dias, em 2014, foi necessária. Depois de muita luta, esses trabalhadores conseguiram ao menos ser excluídos de uma proposta de legislação que não atendia suas reivindicações e trazia prejuízos ainda maiores.
De forma perseverante e confiante, retomaram-se as negociações que tinham como objetivo chegar a uma fórmula de plano de cargos e salários que trouxesse o reconhecimento do trabalho de engenheiros e arquitetos e lhes garantisse possibilidade de ascensão na carreira pública e remuneração adequada aos servidores. Embora tenha se comprometido com essa meta, a Prefeitura enviou em junho último, ao Legislativo, o Projeto de Lei305/2015, que simplesmente mantém todos os problemas da proposta anterior.
Essa atitude da sua administração deixou-nos a todos perplexos, conforme demonstrado na audiência pública sobre o assunto realizada em 19 de agosto, na Câmara Municipal. Cerca de 400 profissionais lotaram o plenário, enquanto outros 200 ficaram do lado de fora por falta de espaço, para, pela milésima vez, afirmar que não querem e não podem aceitar duas imposições descabidas: remuneração por subsídios e serem nomeados como “analistas” em vez de engenheiros ou arquitetos.
Nesse impasse, caríssimo Prefeito, há perguntas que não calam. Qual a dificuldade de se atenderem reivindicações básicas de trabalhadores qualificados que são essenciais ao município, como já dissemos acima? Por que não lhes dar condições de exercerem suas atividades de forma adequada? Mais que isso, por que não tornar a carreira pública de engenheiros e arquitetos na maior cidade do Brasil uma alternativa promissora e atraente aos jovens que saem das universidades? Por que não fazer desses quadros técnicos, que são verdadeiramente comprometidos com o seu trabalho, aliados na missão de transformar São Paulo em uma cidade mais humana?
Por fim, Prefeito, lembramos que a justeza das reivindicações dos profissionais e a possibilidade de a Prefeitura atendê-las já foram demonstradas em diversas ocasiões. Porém, continuamos totalmenteà disposição para discutir o assunto quantas vezes forem necessárias, sempre abertos ao diálogo. Mas, insistimos, chegar a um bom termo para essa situação seria do melhor interesse para todos, especialmente para São Paulo. E a categoria segue unida e mobilizada, pois, como Vossa Excelência bem sabe, o bom combate não pode cessar.
Renovamos aqui os nossos votos de estima e consideração, desejando sucesso na condução da nossa cidade, e torcendo para que os engenheiros e arquitetos façam parte dessa nobre tarefa de forma qualificada.
Um forte abraço!
Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente
Venho oferecer meu apoio à decisão adotada. O que ocorre com esses Profissionais é falta de valorização.
Somente com atitudes como a vossa, conseguiremos o reconhecimento e valorização do poder público e da sociedade.
Obrigado