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OPINIÃO - Um dia para a história

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João Guilherme Vargas Netto


        Quem não participou perdeu um espetáculo cívico cuja grandiosidade foi subestimada e distorcida pelos meios de comunicação. Os jornalões pouco imprimiram (em todos eles, somadas, as matérias mal ocuparam meia página), a televisão silenciou-se ou agrediu furiosamente e as rádios exacerbaram, ao vivo, os incômodos causados aos paulistanos pela manifestação.

        A jornada nacional de lutas do dia 3 de agosto em São Paulo fez parte da agenda unitária da classe trabalhadora que, a partir da Conclat (sua conferência nacional) do Pacaembu em 1º de junho do ano passado, organiza a vontade coletiva dos movimentos sindical e sociais com exigência de mudanças na política econômica (diminuição dos juros, combate à desindustrialização, fortalecimento do mercado interno), redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem corte de salários, eliminação do fator previdenciário, regulamentação da terceirização com garantia de direitos, ratificação e regulamentação das convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 158 (dispensa imotivada), 151 (direito de negociação para os funcionários públicos) e 189 (emprego doméstico), reformas agrária e urbana, destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para educação e 50% do fundo social do pré-sal para o mesmo setor, combate a todas as formas de discriminação, soberania nacional e autodeterminação dos povos.

        Os 100 mil participantes concentraram-se, desde a madrugada, em frente ao Estádio do Pacaembu e, por volta das dez horas da manhã, depois de cantarem emocionadamente o hino nacional, marcharam até a Avenida Paulista e desceram até a Assembleia Legislativa, onde o ato encerrou-se por volta das 14h. Foi uma manifestação ruidosa, colorida, organizada e ordeira – nenhum incidente foi registrado. Quem sabe o que quer, sabe como querer.

        A “mão invisível” da unidade de ação guiava a vontade consciente da multidão com suas faixas, balões, cartazes, camisetas, bonés e refrões. As cinco centrais sindicais organizadoras (CGTB, CTB, Força Sindical, Nova Central e UGT) e os movimentos sociais (UNE, MST, Ubes, Conam e outros) conseguiram, com grande habilidade, garantir o encaminhamento unitário e a organização imponente da manifestação: a vanguarda já descia em direção à Assembleia e os últimos dos 1.500 ônibus ainda despejavam gente na Avenida Dr. Arnaldo.

        Embora a grande mídia, com seu desserviço à sociedade e à democracia, tenha tentado ocultar a passeata, o próprio movimento encarregou-se de divulgá-la e suas repercussões fortes já foram sentidas no dia seguinte no Congresso Nacional e quando as direções sindicais reunidas com a presidenta Dilma ouviram dela o elogio à força e à mobilização dos trabalhadores.



João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical do SEESP




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