Allen Habert
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regional;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (Artigo 3º. – Constituição Federal de 1988)
Para construir uma sociedade solidária, erradicar a pobreza e diminuir as desigualdades, é imperativo o desenvolvimento nacional. Com essa formulação simples e genial dos constituintes, fica claro que a conquista do Estado de bem-estar social com direitos para todas as brasileiras e brasileiros é a essência do pacto constitucional de 1988.
Ainda longe de ser alcançada, essa batalha por uma estratégia nacional de desenvolvimento continua em aberto; une os democratas, apesar dos seus opositores antigos.
A bandeira do desenvolvimento sustentável e soberano nos tempos atuais faz parte da longa construção de uma nação mais justa e decente que vem desde a Revolução Liberal de 1930 que fará um século daqui a cinco anos. A garantia e o avanço contínuo da democracia são a coluna vertebral para o sucesso desse desenho no presente e no futuro.
O abandono da ideia de nação em 1990, a submissão à hegemonia neoliberal, a armadilha dos juros altos e a taxa de câmbio apreciada no longo prazo levaram a economia brasileira ao baixo crescimento e à desindustrialização. A engenharia brasileira e suas lideranças nunca aceitaram isso. Já demonstraram que são capazes de resolver quaisquer desafios do desenvolvimento, seja através de tecnologias básicas ou de tecnologias de ponta, do grão ao avião.
O projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, animado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) desde 2006, vem demonstrando a vitalidade da engenharia e dos engenheiros em contribuir efetivamente na solução dos problemas de interesse da população brasileira.
Desde o ano passado, as principais entidades da engenharia no País e mais de 250 lideranças assinaram um documento pela construção do Fórum da Engenharia Nacional e pela realização da 1ª Conferência Nacional da Engenharia. O fórum será uma articulação permanente que una lideranças de entidades profissionais e empresariais, instituições e universidades para dar um novo protagonismo à engenharia, arquitetura, ciências agrárias e geociências no processo de afirmação e construção de um projeto nacional e regional de desenvolvimento sustentável e soberano. Um grande diálogo social para formatar um pensamento avançado e uma ação articulada para auxiliar a planejar e transformar o Brasil nos próximos 25 anos.
Está programada a realização da 1ª Reunião anual do Fórum da Engenharia Nacional no Clube de Engenharia do Brasil, no Rio de Janeiro, nos próximos dias 2 e 3 de junho. Esse fórum será o esteio, o andaime para a organização da 1ª Conferência Nacional da Engenharia em 2025-2026 nas principais cidades, capitais, estados e nas cinco regiões do País, com o objetivo de debater e formular políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. Será um grande repto desafiador da sociedade e do poder público.
Com sabedoria, alegria e coragem vamos fazer o elo, a ponte entre o sonho da Constituição de 1988 e o desenho do futuro de uma nação mais justa e democrática.
Allen Habert é engenheiro de produção e mestre pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp). Foi ainda membro do Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ex-presidente do SEESP, é diretor do sindicato e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), além de animador do movimento Engenharia pela Democracia e do Fórum da Engenharia Nacional
Imagem: Freepik/Arte - Fábio Souza | Foto Allen Habert: Acervo SEESP