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Opinião – Navegar é preciso

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João Carlos Pasqualini

A imagem de capa do JE 408 deixa quem tem um pouco de bom senso e entende de mobilidade simplesmente estarrecido. Cerca de 70% da foto é água (o Rio Tietê) sem nenhum tipo de transporte e os outros 30%, vias totalmente engarrafadas.

O óbvio seria transferir o máximo das cargas para a hidrovia. Pouca gente sabe, mas o projeto do Anel Hidroviário de São Paulo é da década de 1970 e, segundo previsões, só ficará pronto em 2040. Principalmente se continuar contando com os investimentos pífios destinados a esse modal. Ou seja, existe a solução, mas falta vontade política e pressão popular.

No mundo desenvolvido, usa-se o transporte por hidrovias de baixo calado (0,60m a 1,60m) com chatas com capacidade de 500 a mil toneladas. Cada uma dessas retiraria das ruas de 20 a 40 carretas de 25 toneladas ou 50 a 100 caminhões de dez toneladas. Comboios de duas chatas navegando a 15km/h a cada 30 minutos poderiam eliminar até 3.840 carretas/dia ou 9.600 caminhões/dia do nosso precário sistema rodoviário.

A exemplo do que ocorre no Rio Sena, na França, o transporte integrado de passageiros poderia aliviar em muito o sistema coletivo, facilitando a vida de milhões de usuários. Qual o empecilho para viabilizá-lo rapidamente? Enxergar o óbvio é muito difícil. Argumenta-se que o rio é poluído. No entanto, as ferrovias e ciclovias às margens do Pinheiros não estão livres da poluição e funcionam. A relação de custos dos diversos modais é basicamente a seguinte: dutovia = um; hidrovia = três; ferrovia = nove; rodovia = 30 e aerovia = 100. Leve-se em conta, ainda, a economia de investimentos, combustíveis, horas de engarrafamento, emissão de monóxido de carbono, estresse  etc.

De acordo com relatório da Frente Parlamentar das Hidrovias (2008-2010), “a cidade de São Paulo é quase uma ilha. Se forem somados os rios Tietê e Pinheiros com as represas Billings e Taiaçupeba, ficam faltando 22 ou 28km, a depender do traçado que se fizer, para que seja fechado o hidroanel na cidade de São Paulo”. E continua o documento: “O Ferroanel, o Rodoanel e o Hidroanel se superpõem em três regiões específicas, o que faz a Região Metropolitana de São Paulo privilegiadíssima no mundo, porque ela consegue ter, ou tem potencial de vir a ter, um sistema onde existem, pelo menos, três pontos de integração intermodal.” As eleições estão aí. Pressionemos nossos candidatos para exigir a implantação do Hidroanel Metropolitano de São Paulo.


João Carlos Pasqualini é diretor da Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC


Para saber mais:


• http://www.4shared.com/office/pwFRAdxY/06_Joaquim_Riva_-_Anel_Hidrovi.html


• 
http://dc191.4shared.com/doc/pwFRAdxY/preview.html


• 
http://pt.scribd.com/doc/64010311/16STMF-Dinamizacao-Hidroviaria-em-SP-Hidroanel-Metropolitano

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