Editorial |
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Têm
início neste mês de abril as campanhas salariais dos engenheiros que atuam nos
diversos setores da economia em todo o Estado, abrangendo um universo de
aproximadamente 100 mil profissionais. No dia 6 último, realizamos no auditório
do SEESP o nosso já tradicional “Seminário de abertura das campanhas
salariais”, com o qual damos a largada no processo de negociação com as
empresas e sindicatos patronais. O
encontro tem se mostrado bastante útil e proveitoso, ajudando-nos na busca de
aprimoramento desse diálogo, que é fundamental. Em
2004, como bem foi lembrado durante o evento, o esforço de entendimento, mesmo
numa relação que por natureza é conflituosa, será ainda mais importante,
tendo em vista as dificuldades que enfrentamos no País. A lógica do não-crescimento
que estagnou nossa economia em 2003 proporcionou significativa perda de renda,
especialmente para as camadas médias da sociedade, também punidas com um
sistema tributário inadequado. O
processo de concentração de renda, lamentavelmente observado desde os primórdios
da nossa história, foi mantido e vivemos uma situação tenebrosa. Num estudo
sobre o tema, o professor Marcio Pochmann demonstra, por exemplo, que 0,03% das
famílias brasileiras detêm 10% da riqueza. Uma conseqüência desse fenômeno
é sem dúvida o achatamento da classe média, que, como disse o economista
Waldir Quadros em entrevista a Elio Gaspari no jornal Folha de S. Paulo,
“deslizou para a pobreza”. Segundo ele, a renda das categorias profissionais
que, por definição, colocam as pessoas nesse patamar de poder aquisitivo
contraiu-se e muitas delas passaram do grupo B para o C ou do C para o D. Desnecessário
dizer que é preciso lutar contra essa tendência. Evidentemente, uma mudança
drástica na distribuição da riqueza do País dependerá de medidas
governamentais: crescimento econômico, reforma agrária, arrecadação
eficiente e justa de impostos e aporte de recursos nos serviços essenciais. No
entanto, as negociações coletivas representam momento propício para se
encontrar maneiras de recomposição de seus ganhos, não só pelo reajuste, mas
também buscando aumentos reais e agregando outros benefícios, como a PLR
(Participação nos Lucros e Resultados). Além
das reivindicações salariais, as negociações poderão propiciar ainda avanços
em diversos pontos de interesse da categoria e também das empresas, como a
reciclagem tecnológica.
Eng.
Murilo Celso de Campos Pinheiro |
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