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29/08/2018

Venda da Embraer à Boeing tem que ser barrada

 

Os setores empresariais e os brasileiros comprometidos com a engenharia, o desenvolvimento tecnológico e a soberania nacional encontram-se diante do grande desafio de enfrentar a desnacionalização da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).

 

A anunciada joint venture, em memorando publicado em 5 de julho último, a ser formada pela Embraer e a norte-americana Boeing, não pode ser tratada como uma mera transação comercial entre empresas. Não obstante conste do documento a exclusão dos setores de defesa & segurança e de jatos executivos da negociação, esses segmentos, quase sempre, são dependentes dos resultados econômicos do setor comercial para sua manutenção – a Embraer detém 46% do mercado mundial de aeronaves de até 130 lugares, com demanda assegurada prevista até 2033. Um mercado em que detém amplo domínio, desde o projeto, desenvolvimento tecnológico, fabricação à comercialização do produto.

 

Trata-se do estratégico polo aeroespacial brasileiro. Resultado de décadas de investimentos, sobretudo governamentais, em P&D, constitui-se no setor vital para a defesa nacional, que abrange além da Embraer Defesa & Segurança, a Savis (desenvolvimento e produção de radares para rede de vigilância de fronteiras), a Visona (responsável pelo Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações) e a Atech (projetos militares, controle do tráfego aéreo e ao reator do submarino nuclear).

 

A desnacionalização da Embraer é um golpe mortal para o desenvolvimento tecnológico nacional. Um setor que conta com um corpo funcional altamente especializado, cujos conhecimentos e desenvolvimento de alta tecnologia colocaram a empresa no patamar que ocupa no mercado. A empresa americana passará a incorporar todo esse patrimônio, inclusive o acervo das inovações técnicas estratégicas e desenvolvidas para a área de defesa aplicados aos projetos comerciais da Embraer.

 

A Embraer emprega 18 mil funcionários, entre os quais 4.200 engenheiros. Além da ausência de garantia de que os postos de trabalho serão preservados, cerca de 70 empresas fornecedoras, também especializadas e que empregam outros 5 mil trabalhadores, serão comprometidas e correm o risco de encerrar suas atividades.

 

Diante da gravidade e importância do que representa essa transação lesiva aos interesses do Brasil, é imperativo que nos mobilizemos e promovamos um amplo debate na sociedade, que envolva os candidatos à Presidência da República, exigindo que a União exerça a prerrogativa que dispõe de golden share e da participação acionária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para impedir esse golpe na engenharia e na soberania nacionais.

 

 

Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo – SEESP

 

 

 

 

 

 

 

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