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16/05/2023

Engenharia ambiental para garantir gestão sustentável nas empresas

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Adequar suas práticas ao modelo ESG (Environmental, Social and Governance; em português, ambiental, social e governança) e reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atividade industrial requer especialista para garantir a gestão sustentável. É o que observa a engenheira ambiental da Elevadores Atlas, Rebecca de Assis Silva, que assegura haver um mercado de trabalho atrativo para quem optar por essa profissão: “As perspectivas são bastante promissoras.”

 

Formada em 2021 pela Universidade Federal do ABC (UFABC), ela compõe o universo de 12.468 mulheres registradas na modalidade no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), de um total de 28.844.

 

Conforme o Mapa da Profissão, elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, cabe a esse engenheiro elaborar e implantar projetos ambientais; gerenciar a implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas, implementar ações de controle de emissão de poluentes, administrar resíduos e procedimentos de remediação. Pode ainda prestar consultoria, assistência e assessoria.

 

Engenheira ambiental Rebecca de Assis Silva. Foto: Acervo pessoal 

Nesta entrevista ao SEESP, Rebecca discorre sobre esse vasto campo de atuação, inovações e sua trajetória profissional. Além disso, traz dicas a estudantes e colegas jovens para se destacarem no mercado potencial. Confira a seguir:

 

O que a levou a escolher a profissão de engenheira ambiental e qual sua trajetória?

A escolha se deu mais por afinidade com as disciplinas de Exatas ao longo da escola e, então, aliando isso ao cuidado com o meio ambiente. Ingressei na faculdade da UFABC, relativamente nova, mas com destaque nas engenharias, tem uma estrutura muito boa. Tenho bacharelado em ciência e tecnologia, além do diploma de engenheira ambiental. Era uma turma majoritariamente de mulheres. Na empresa em que trabalho, a Elevadores Atlas, entrei como estagiária de engenharia. Participei do programa job rotation e fui efetivada como analista de qualidade ainda ao término da faculdade. Quando me formei me promoveram a engenheira oficialmente, na área ambiental, pela qual optei. Hoje sou a principal responsável pela gestão ambiental na empresa, cuido da aplicação da norma ISO 14.000 [relativa a essa ação nas empresas], de todos os controles, indicadores, legislação. Ajudo no desenvolvimento de projetos de sustentabilidade, conscientização, treinamentos, atendimento a clientes. 

 

Chegou a enfrentar alguma discriminação por ser mulher?

Não me recordo de ter sofrido algum tipo de discriminação. Na empresa em que trabalho há o Comitê de Diversidade, com muito incentivo e movimentação quanto ao tema. Empresas que buscam maior destaque precisam ter atenção aos direitos das mulheres, incentivo à carreira, participação feminina.

 

Quais as áreas de atuação ao engenheiro ambiental?

São diversas, como desenvolvimento de projetos de remediação de poluição e de solos, relativos à questão climática, já que muitas empresas estão tendo que fazer inventário de emissões de gases de efeito estufa. Tem o tópico ESG, relativamente novo, com bastante procura [para a implementação]. O engenheiro ambiental tem atuação nas cidades, relacionada a desenvolvimento urbano, saneamento, na recuperação de áreas degradadas, na indústria, serviços, consultoria. Há uma demanda bem grande nas empresas para gestão de resíduos sólidos.

 

Então as perspectivas no mercado de trabalho são positivas?

Sim, as oportunidades ultimamente vêm crescendo cada vez mais, frente a todas as demandas nas empresas, principalmente as líderes de mercado. A gestão ambiental é uma área bastante promissora. Sem esse recorte transparente, as empresas não se destacam.

 

Quais as inovações observadas na engenharia ambiental?

Há diversas inovações, tecnologias que atrelam desenvolvimento urbano a sustentabilidade, com benefícios para a cidade, em relação a drenagem urbana, contenção de riscos ambientais, compensação de crédito de carbono, a grande maioria referência internacional. Hoje há muitas aplicações de tecnologias de manejo do solo. As universidades públicas são as maiores incentivadoras de pesquisa, com inovações que trazem benefícios até financeiros. O que falta é um pouco mais de incentivo governamental.

 

Qual o projeto de maior destaque do qual participou?

Estou participando do projeto de implantação da ISO 14.000 na empresa, em nível nacional.

 

Quais as recomendações a um jovem profissional se destacar na área?

Manter-se atualizado. Há grande movimentação no mundo, na própria ONU [Organização das Nações Unidas]. O avanço tecnológico é muito rápido, em função das questões climáticas.

 

Educação continuada é, portanto, uma necessidade?

Sim. São diversas demandas novas quando o assunto são questões mais emergentes, como gestão climática, várias tecnologias novas estão surgindo hoje. Tem que buscar conhecimento não só teórico, mas também ver a aplicação de forma prática, o que vale para todo engenheiro.

 

Qual a mensagem que deixaria a jovens colegas engenheiros ambientais?

É importante se manter fiel ao nosso juramento e valores, porque muitas vezes empresas em busca de destaque acabam fazendo greenwashing [lavar de verde, espécie de propaganda para transmitir imagem de adequação aos princípios da sustentabilidade, sem de fato fazê-lo]. Temos que entender nosso papel, como agir para resultados efetivamente positivos ao conjunto da sociedade. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) têm muito a ver com o que fazemos. Nossa profissão é muito atrelada ao desenvolvimento sustentável.

 

 

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