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30/06/2023

Ações efetivas e necessárias de inclusão em pauta

Jéssica Silva/Comunicação SEESP

 

Na última quarta-feira (28/6), aconteceu na sede do SEESP o workshop “Diversidade, Equidade e Inclusão (D.E.I.) na Engenharia”. A atividade foi uma iniciativa do sindicato por meio dos Núcleos da Mulher Engenheira, Jovem Engenheiro e da área de Oportunidades na Engenharia da entidade.

 

“É um tema extremamente necessário”, frisou na abertura do evento Silvana Guarnieri, diretora do SEESP e coordenadora do Núcleo da Mulher Engenheira. Oficializado no aniversário de 88 anos do sindicato, o Núcleo tem como objetivos lutar pelas engenheiras e contribuir para ampliar a participação feminina na área, ainda majoritariamente formada por homens.

 

 

Workshop DEInaEng 1 280623Silvana Guarnieri (em pé), diretora do SEESP e coordenadora do Núcleo da Mulher Engenheira,
deu início às falas no workshop da entidade, realizado em 28 de junho.

 

 

“É o momento de discutirmos e respeitarmos todos os seres humanos, profissionais, engenheiros e engenheiras. Estamos juntos”, atestou o presidente do sindicato, Murilo Pinheiro.

 

A primeira palestra do workshop ficou a cargo da psicóloga e mestre em Administração com ênfase em Recursos Humanos, Regina Silvestre, que é gerente sênior de Cultura e D&I da vice-presidência de Pessoas da Telefônica Brasil.

 

Sua vasta experiência profissional e também sua vivência, conforme contou, fez diferença para implementar ações em prol da diversidade e inclusão na companhia. “Eu sou uma mulher negra, passei por todas as questões de racismo durante a minha carreira [...] Mas toda essa passagem foi importante para hoje eu estar trabalhando com o que eu quero”, ela disse.

 

Segundo Silvestre, a Telefônica/Vivo posiciona-se como uma empresa antirracista, e vem trabalhando numa cultura mais aberta e inclusiva com colaboradores, clientes e na sociedade. “Quando falamos em diversidade, a gente fala de grupos minoritários que são maioria no País; negros, mulheres, pessoas com deficiência”, afirmou.

 

Conforme ela apresentou, a companhia tem metas de representatividade na contratação, como a de 36% do quadro formado por pessoas negras, e também estabelecidas por diretorias. “A gente tem que ter intencionalidade, fazer as coisas de forma intencional. Quantas mulheres eu quero até o final do ano em cadeira de liderança? Quantos negros? [...] nós fazemos processos seletivos para pessoas trans”, exemplificou.

 

A área liderada pela psicóloga implementou grupos de engajamento e acolhimento, com mais de mil pessoas participando voluntariamente, e o recrutamento “às cegas”, que desconsidera informações como idade, sexo e faculdade para, nas palavras de Silvestre, “dar oportunidade para aquela pessoa em situação vulnerável participar”.

 

Workshop DEInaEng 2 280623Regina Silvestre (no canto direito) apresentou as ações da Telefônica/Vivo em prol de uma cultura inclusiva.

 

 

Desde 2019, a companhia tem o projeto de recrutamento e formação de mulheres para as áreas técnicas, vistas como masculinas, assim como a ampliação de mulheres na engenharia. Ainda, a construção de um vocabulário antirracista para comunicação interna e externa e apoio a colaboradores que desejam a troca do nome social. “Nós pagamos a retificação dos documentos”, frisou Silvestre. 

 

Para a gerente, a responsabilidade de promover mudanças é de todos. “A cultura inclusiva é ampliada na medida em que a gente for falando e discutindo isso”, disse. E ressaltou: “Precisamos de mais acolhimento e menos julgamento, mais troca de experiências e menos bolha”.

 

Formação e oportunidade

Rozilene Barros, diretora da Associação dos Engenheiros de Diadema e da Associação Fala Mulher no ABCD, trouxe em sua apresentação muito mais do que um exemplo de boas ações, mas de sua própria história de vida.

 

Vítima de violência doméstica, Barros concluiu os estudos já na fase adulta e encontrou na engenharia uma forma de se empoderar e empoderar tantas outras mulheres com o projeto "Mulher na obra".

 

 

Workshop DEInaEng 3 280623Rozilene Barros (em pé), idealizadora do projeto "Mulher na obra".

 

 

A iniciativa nasceu a partir de outra, o movimento Elas no Poder – Beleza Sim, Violência Não, que leva um dia de beleza a mulheres em situação de vulnerabilidade, além de informações sobre direitos e proteção por meio da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).

 

Barros contou que, a partir dessa ação, decidiu ampliar ainda mais a assistência àquelas mulheres, com o projeto que promove formação profissional para o mercado da construção civil. “Fizemos cursos gratuitos para pedreiras, de pintura e agora de azulejista”, falou.

 

Mais de 200 mulheres em situação de vulnerabilidade já receberam formação profissional pelo programa "Mulher na obra", algumas delas inclusive participaram de visita técnica e curso promovido pela marca Quartzolit. “Estamos buscando parcerias com construtoras para colocar essas profissionais no mercado de trabalho”, disse Barros.

 

Para ela, a igualdade de oportunidades é fundamental para “derrubar mitos que restringem os espaços das mulheres”. “Dá autonomia às mulheres”, certificou.

 

Durante o debate, foi colocado em pauta a discriminação etária no mundo corporativo. “As empresas devem aprender que as diferenças de idade farão a inovação, não tem uma geração melhor do que a outra”, defendeu Silvestre.

 

Ela também abordou o racismo e o machismo estruturais e as falas de viés inconsciente, que perpetuam o preconceito e a discriminação. “Temos trabalhado muito a questão da educação, do aprender. O inconsciente coletivo foi formado durante séculos, a gente tem no inconsciente coletivo tudo o que a gente deve fazer, o que a gente deve ser”, externou.

 

De acordo com a psicóloga, esse inconsciente coletivo só é modificado de forma individual, o modo de pensar de cada indivíduo. Contudo, ela ratificou: “se você não mudar, o mundo vai te empurrar”.  

 

 

 Workshop DEInaEng 4 280623Da esquerda para a direita: Marcellie Dessimoni, coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP; Rozilene Barros
com sua filha ao centro; a engenheira Silvana Guarnieri; Alexandra Justo, gestora da área de Oportunidades
do sindicato; a mãe de Rozilene Barros, Maria Aparecida Pereira Barros; e Regina Silvestre.

 

 

 

 

 

 

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