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11/11/2013

Refinarias ‘flex’ na transição para economia de baixo carbono

A utilização do parque de refino brasileiro para processar simultaneamente matérias-primas de origem fóssil e biomassa – transformando as unidades em “refinarias flex” – poderia promover uma transição suave para uma economia de baixo carbono e, ao mesmo tempo, ajudar a suprir a demanda energética crescente do Brasil.

A proposta foi defendida pela professora Ofélia de Queiroz Fernandes Araújo, da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante o 2º Workshop Fino-brasileiro sobre Conversão de Biomassa, no dia 31 de outubro último.

Segundo Araújo, que coordena, ao lado de José Luiz de Medeiros, o Laboratório de Hidrorrefino, Engenharia de Processos e Termodinâmica Aplicada (H2CIN) da UFRJ, o conceito da “refinaria flex” está sendo introduzido no âmbito da Rede Nobre e, atualmente, o grupo está simulando as etapas híbridas, como o processo de gaseificação de biomassa.

“O petróleo é um líquido com milhões de moléculas diferentes que são fracionadas e convertidas em refinarias para dar origem à gasolina, ao diesel e uma série de outro derivados. Nada se joga fora em uma refinaria, pois foram desenvolvidos processos para tratar até mesmo os resíduos mais pesados e recalcitrantes (‘fundo de barril’). Portanto, lá também há condições de tratar outra matéria-prima não convencional, que é a biomassa”, avaliou Araújo.

Por serem abundantes no país e não competirem com a produção de alimentos, os resíduos da agroindústria seriam a matéria-prima ideal para abastecer as refinarias híbridas, na avaliação de Araújo.

Por meio de um processo químico conhecido como gaseificação, seria possível transformar esse material em “gás de síntese” – uma mistura de gases empregada em diversas reações de síntese de produtos da indústria química. Essa mistura é composta principalmente de hidrogênio e monóxido de carbono e pode ser queimada diretamente para gerar energia e vapor (cogeração) ou servir de matéria-prima para obtenção de metanol, ureia, amônia (fertilizante) e olefinas (usadas na fabricação de alguns tipos de plástico e borracha sintética).

“Com auxílio de catalisadores e condições ideais de pressão e temperatura dentro de um reator, é possível transformar o gás de síntese em diversos produtos químicos de interesse econômico. Por meio de um processo conhecido como Fischer-Tropsch, é possível obter até mesmo diesel e gasolina. Transforma-se em ouro o que era resíduo”, afirmou Araújo.

O equipamento necessário para fazer o processamento da biomassa – o gaseificador – já existe em algumas refinarias de petróleo no mundo e é considerado hoje uma tecnologia madura. Segundo Araújo, há cerca de 20 anos, seu uso ainda estava restrito ao âmbito de pesquisa, mas existem atualmente experiências em escala industrial.

“Impulsionado pela comprovação das grandes reservas de óleo e gás natural na camada pré-sal da plataforma marítima brasileira, o governo federal fez fortes investimentos na ampliação do parque de refino. O que propomos é usar essa infraestrutura para coprocessar matéria-prima de origem fóssil e biomassa. O compartilhamento da estrutura instalada reduziria o custo de processamento representado por refinarias exclusivamente voltadas a biomassa, fazendo a transição suave para uma economia ambientalmente sustentável”, opinou.

Para ler o texto completo clique aqui.


Fonte: Agência Fapesp





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