Nós vivemos nos meses que precederam a Copa do Mundo (e, por coincidência, também as articulações eleitorais e as convenções partidárias) um clima artificial de pessimismo fabricado pela mídia, que desorientou leitores e espectadores, contaminou os políticos e perturbou alguns do movimento sindical: expectadores de uma tragédia anunciada.
Embalados pelas mentiras que a mídia difundiu – por exemplo, sobre o clima favorável à belicosidade das manifestações – alguns setores do movimento lançaram-se em aventuras que, no fim das contas, prejudicaram a própria obtenção legítima dos resultados desejados. Um sindicato chegou a exigir “bônus da Copa” por conta do aumento de receita de seus empregadores durante a Copa e ameaçou greve. Foi convencido do erro de sua apreciação contábil (as receitas do setor não aumentaram durante a Copa) e sofreu pesadas sanções.
Mas se compararmos os estragos causados pelas mentiras pessimistas entre os leitores e espectadores (com reflexos hoje na queda de credibilidade dos meios de comunicação já observada por jornalistas experientes), entre as forças políticas e no movimento sindical, foi esse que apresentou a menor taxa de “contaminação” e comportou-se da melhor forma possível.
Até mesmo porque o pessimismo mentiroso, muito além de tal ou qual opção político-partidária, procurava jogar para baixo a dignidade dos brasileiros e apostava na incapacidade de nosso povo – em particular dos trabalhadores – de realizar grandes feitos, como receber aqui no Brasil a Copa do Mundo com suas emoções.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical