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12/08/2014

Opinião - As estatísticas e os empregos

 

Há uma forma de jornalismo baseada em estatística que, se oferece às vezes ao leitorado informações pertinentes, possibilita ao dono do veículo ou ao editor tomar partido sem se posicionar claramente. Tira as castanhas do fogo com mão de gato.

Isto porque a estatística pode ser manuseada e produzir confirmação de qualquer coisa ... e de seu contrário. Transforma-se em entimema, a comprovação de uma tese a partir de um exemplo único.

Basta notar os malabarismos que são feitos na divulgação das pesquisas eleitorais, mesmo daquelas com resultados considerados acachapantes. Quando há “margem de erro”, então, a dança fica frenética.

Matérias estatísticas servem como luva às operações de intoxicação. Há uma tese a ser difundida, torturam-se os números e, sem explicitá-la, ela emerge dos “fatos”.

Como há, em regra geral, um pessimismo mentiroso nos grandes veículos, nada mais natural que usar esse método para tentar desconstruir aquela que é - do ponto de vista dos trabalhadores - a característica mais positiva da conjuntura, qual seja a situação do mercado de trabalho e do emprego.
É o que grandes veículos vêm fazendo, um deles tendo indicado com alarde que “menos qualificado sustenta boom de empregos no país”. E como poderia ser de outra maneira em se tratando, como é o caso, da criação de quase dez milhões de empregos com carteira assinada em sete anos?
A própria matéria estatística se encarrega de mostrar que na explosão (e não boom) destes empregos menos qualificados, a média de remuneração é apenas 20% inferior à média geral das remunerações e pouco mais de 20% superior ao salário mínimo, digo eu.

Os salários são baixos no Brasil, isto é certo, porque enfrentamos ainda uma das heranças malditas da ditadura militar. Mas, na contramão de uma estratégia “chinesa”, de compressão de salários, temos avançado na criação de empregos formais e de sua melhor remuneração, a começar pelo ganho real do salário mínimo que impulsiona toda a grade salarial e qualifica os empregos.

 


* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

 

 

 

 

 

 

 

 

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