Acontece no sábado (16/8), mais um sorteio de moradias populares em Sorocaba, no Interior paulista. Desta vez, serão 2.560 unidades no Residencial Jardim Carandá, que será construído pelo programa federal “Minha Casa Minha Vida”, no bairro Caguassu. Para o presidente da Delegacia Sindical do SEESP na região, o engenheiro Ricardo José Coelho Lessa, a construção de moradias para esse segmento em áreas afastadas do Centro só reforça as desigualdades nas cidades, segregando à periferia as classes mais baixas, e os problemas com mobilidade urbana.
O sorteio acontecerá a partir das 8h, no Estádio Municipal Walter Ribeiro (CIC). Cerca de 36 mil famílias sorocabanas aguardam na fila. O empreendimento, que será realizado pela construtora Direcional, terá o custo de R$ 245.831.737,77. A previsão de entrega é para maio de 2015.
“É preciso retomar urgentemente os projetos de urbanização das cidades e repensar os espaços e distribuição populacional. Esse modelo é o mesmo adotado pelos condomínios fechados, que estão longe dos grandes centros e limitam a mobilidade, principalmente de quem não tem carro. A volta para casa está insuportável na cidade”, indaga Ricardo Lessa, que lembra que o quadro atual é resultado de uma política fundiária injusta, onde os preços dos terrenos estão supervalorizados. “Somo um país continental. Não faz sentido a terra custar tão cara assim”, completa.
Ele acrescenta que a proliferação dos condomínios fechados representa uma “fuga do ambiente estressante das cidades para espaços cercados que dão uma falsa sensação de segurança”. “Falta segurança publica e outras medidas que podem trazer mais qualidade de vida ao cidadão, como em transporte coletivo”.
Lessa também analisa que, por conta da falta de terrenos nas áreas mais populosas e do alto valor da terra, as habitações populares acabam sempre sendo construções verticais, o que limita as famílias e gera despesas de condomínio. “O ideal é projetar casas com possibilidade de expansão em sua planta para dar oportunidade de crescimento e expansão de seu bem”, lembra.
Questionado sobre a construção do Residencial Jardim Carandá ser no sistema de condomínio, o secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Flaviano Agostinho de Lima, explicou, em coletiva de imprensa concedida na sexta-feira (8), que esse foi o modelo pronto apresentado à Sorocaba e que diante da necessidade de construção de moradias populares não poderia ser recusado, mas o próximo empreendimento, no bairro Aparecidinha, será de casas.
Sorteio eletrônico
De acordo com a prefeitura, responsável pelo sorteio, a escolha dos contemplados será feita por meio eletrônico para evitar erros como o ocorrido no sorteio passado, em 26 de maio. O erro ocorreu no momento em que foram sorteados apartamentos da mesma urna de número 9. Todos os cupons que restavam dessa urna deveriam ter sido misturados com a urna de número 10. Como o equívoco foi imediatamente percebido, houve a anulação dos sorteados a mais e o procedimento foi refeito da forma prevista.
Na urna de número 10 estavam os nomes dos candidatos que se enquadravam em um, dois, ou nenhum critério social estipulado pelo Ministério das Cidades e na de número 9, os que se enquadravam em três ou quatro critérios.
Outras quatro cidades brasileiras já fizeram sorteio de moradias por meio eletrônico, mas eram sistemas mais simples, elaborados a partir de regras menos complexas. Agora este será o primeiro sorteio habitacional eletrônico do País elaborado a partir de uma nova portaria, que estabelece normas mais complexas para o sorteio. O sistema inovador foi desenvolvido pela equipe do chefe de Divisão de Sistemas da Secretaria de Planejamento e Gestão de Sorocaba, Willian Finamore. Ele assegura que será possível verificar que não há vícios na programação a partir da análise do código-fonte do programa, que será disponibilizado. O sorteio eletrônico será transmitido simultaneamente pela internet, no site da Prefeitura.
Deborah Moreira
Imprensa SEESP
Com informações da Prefeitura e Sorocaba