Pesquisadores descobriram que os dentes de um tipo de molusco é o material biológico mais forte já testado. De acordo com a conclusão de um estudo britânico divulgado no periódico Interface, do grupo científico The Royal Society, suas estruturas podem ser copiadas e utilizadas, futuramente, na fabricação de carros, navios e aviões.
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Dentes do molusco utilizado em pesquisa: mais fortes que teia de aranha
A pesquisa constatou que os moluscos têm uma língua de cerdas com pequenos dentes para coletar comida de rochas e levá-la à boca, muitas vezes engolindo partículas rochosas no processo. Esses dentes, que têm menos de 1 mm de largura, são mais fortes do que a seda produzida por aranhas e de resistência quase semelhante aos mais fortes materiais produzidos pelo homem.
"Até agora, pensávamos que a seda de aranha era o material biológico mais forte, por causa de sua superforça e de seu potencial para ser aplicado em tudo, de coletes à prova de balas a materiais eletrônicos, mas descobrimos que o dente de molusco tem uma força potencialmente maior", disse em comunicado o professor Asa Barber, da Escola de Engenharia da Universidade de Portsmouth (Grã-Bretanha), que liderou o estudo.
"A biologia é uma grande fonte de inspiração para um engenheiro", prossegue Barber. "Os dentes (de moluscos) são feitos de fibras muito pequenas, aglomeradas de uma forma muito particular - e devíamos estar pensando em formas de fazer nossas próprias estruturas seguirem os mesmos princípios de design."
Essas fibras, formadas por um mineral de óxido de ferro chamado goethita, criam uma base proteica de forma semelhante à que fibras de carbono podem ser usadas para fortalecer materiais plásticos.
Mesmo sendo minúsculos, os pesquisadores conseguiram medir sua força tênsil - a quantidade de força que o material consegue suportar antes de quebrar. E vale lembrar que a parte do meio dessas amostras é mais de cem vezes mais fina do que um fio de cabelo humano. Analisados em um microscópio de força atômica de forma a dividi-lo até o nível do átomo e para testar sua resistência, os cientistas calculam que a força dos dentes era de, em média, cerca de 5 gigapascais (GPa), cinco vezes mais do que a maioria das sedas produzidas por aranhas e força semelhante à pressão usada para transformar carbono em diamante sob a crosta terrestre.
Barber é categórico em afirmar que se trata de um novo recorde de força na biologia. Ele compara: é como se um único fio de espaguete conseguisse segurar 3 mil pacotes de meio quilo de açúcar.
Fonte: BBC Brasil