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21/06/2012

Reflexões sobre a Rio+20 e a Cúpula dos Povos

Fecha-se nesta sexta-feira (22/06) um ciclo que se iniciou em 2007, quando o governo brasileiro decidiu realizar a Rio+20. Combateu-se um pouco mais o complexo de vira-lata. Quem apostou no sucesso dos dois eventos (a Conferência oficial e a Cúpula dos Povos) saiu ganhando politicamente. As forças mais ampliadas que estavam na base do Fórum Social Mundial ganharam relevância durante o encontro no Rio de Janeiro, que teve a participação de 193 países. O mundo viu nisso a possibilidade de um reencontro com um caminho diferente do inferno astral da crise. Foi uma senha positiva a todos que apostam na superação da turbulência econômica pelo lado do desenvolvimento com mais democracia.

Foi lançada a semente de um pensamento além do "mais do mesmo". Por exemplo: declarar ilegal a pobreza, fabricada pela sociedade injusta, em vez de criminalizar os pobres. É preciso colocar fora da lei os fatores e os mecanismos estruturais que engendram e reforçam o processo de enriquecimento injusto e predatório que estão na origem do empobrecimento de milhões de seres humanos. Isso envolve tornar ilegais as regras injustas, as instituições perversas e as práticas sociais iníquas. O movimento sindical entende bem esse pensamento, pois o enfrenta na precarização do trabalho, na informalização dos recursos humanos e na eliminação dos direitos sociais. Outra medida a ser tomada: transformar a água num bem comum a todos os habitantes da Terra e não permitir a sua mercantilização.

Recordo que as manchetes nos jornais após a Rio 92 noticiavam o fiasco da conferência. Ou seja, nossa revolução francesa ambiental em 1992 na compreensão dos desafios que abriram os caminhos nessas duas últimas décadas foi considerada um fracasso pela mídia na época de sua realização. Cometeremos o mesmo desatino em 2012? O que acontece é que longe da Guerra Fria, das polarizações automáticas, os problemas concretos da marcha do ser humano devem ser enfrentados de frente, como a vida é. Ideias, atitudes, soluções concretas e inovadoras para problemas antigos, com mais crescimento, ética, espiritualidade e principalmente mais democracia.

Os prefeitos das 59 maiores cidades no mundo, comprovando a força do municipalismo, mostraram as conquistas já alcançadas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Portanto, na Cúpula dos Povos, o slogan do início do século XXI, "um mundo melhor é possível", soa plenamente realizável. Um mil e quinhentos eventos com a participação de milhares de lideranças jovens e maduras fazem a diferença. A opinião pública mundial está plugada esta semana no Brasil. Ficou claro que a Rio + 20 vai contaminar positivamente os eventos de 2014 e 2016. O importante não é o documento final que vai sair da reunião entre os chefes de Estado, pois ele não tem força de lei. O fantástico é a participação vibrante, advinda da consciência que se aprimora e se lapida, que fará as ações acontecerem em todas as dimensões.

A CNTU, através de seus diretores e conselheiros, preparou-se e se fez presente. Divulgou seu documento e propostas e avançou. Dialogou, agregou um novo saber e mostrou que é e quer ser cada vez mais uma confederação de novo tipo para um novo momento.

* Allen Habert é diretor de Articulação Nacional da CNTU e do SEESP

 

Imprensa – SEESP
* Artigo originalmente publicado no site da CNTU

 

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